Todas as estações do ano possuem
uma particularidade especial para usufruir da companhia da família. No entanto,
o verão tem um encanto diferente. Traz o sabor a férias, a praia, a calor, ao campo,
enfim aos reencontros mais descontraídos de lazer e informais com os amigos e a
família. Alguns vêm de muito longe, atravessam fronteiras, cheios de saudades
do seu Portugal e de quem deixaram por cá. Esquecem as lutas diárias, o
trabalho, o cansaço em prol de um merecido descanso, perto de quem mais se
gosta e se sente saudade. É um tempo de alegria, de festa, de convívio, tudo
tem mais cor, música, com uma gastronomia associada à época e ao local onde nos
encontramos. Há que aproveitar o melhor possível participando em procissões,
concertos, arraiais, festas comemorativas, feiras, enfim, um número
interminável de eventos que ajudam a ocupar o tempo. Há alguns dias tive
oportunidade de ver num canal de televisão uma festa que incluía a bênção de
barcos de pescadores, todos enfeitados para transportarem em procissão
diferentes andores com várias de Nossa Senhora de diversas invocações. Recordo
que constituía uma honra ser convidado para participar num destes barcos em
homenagem à Virgem Maria pedindo-lhe a sua bênção e proteção para as diferentes
fainas existentes ao longo do ano. Pareceu-me lindo, comovente e uma grande
prova de fé.
Em contrapartida nalguns centros
urbanos devido à época balnear, como é o caso da cidade de Lisboa, nota-se uma
menor afluência de trânsito na cidade, sendo um tempo, na minha modesta
opinião, em que se torna mais agradável viver no centro da cidade. Consegue-se
facilmente um lugar para estacionar, há menos trânsito, menos filas, enfim a
vida mais facilitada para quem vive habitualmente na cidade. É um tempo mais
tranquilo que muitos lisboetas gostam de usufruir. Não incluo, como é óbvio, as
zonas de uma forte afluência turística. Essas permanecem sempre muito
movimentadas.
Mas a propósito de paz e
tranquilidade, hoje tive conhecimento através de um correio eletrónico de
Aleteia, a dar conhecimento de uns frades franciscanos que vivem com muita
humildade em carruagens de comboio abandonadas, no bairro de Scampia, em Nápoles, Itália, onde “a degradação e o envolvimento com
o crime é muito intenso”. Os Frades Menores Renovados colaboram com uma
paróquia local onde celebram missa, visitam prisões, hospitais e casas.
Referiram que os habitantes locais os visitavam e levavam o que lhes parecia ser
útil. Por sua vez os frades também caminhavam pelo bairro e conheciam a sua
realidade. Procuravam consolá-los e ouvi-los e fazer com que vissem a vida sob
um prisma cristão. Alguns estão dispostos a deixar aquela realidade mas não é de
todo fácil devido ao seu envolvimento com o sistema. O superior desta ordem Frei
Carlo referiu: ”As carruagens onde vivemos representam o caminho itinerante,
mas também a simplicidade e a precariedade”. Mais à frente acrescentou: “Não
temos dinheiro, vivemos graças à generosidade dos napolitanos que nos trazem
comida e dividimos o que nos sobra com os necessitados”, e ainda: “Com estes
valores buscamos recuperar a espiritualidade e os ensinamentos de S. Francisco.
Também como viajamos constantemente, porque nada é nosso, não podemos fixar
raízes”. O Papa Francisco numa das suas homilias referiu que “A Igreja segue em
frente graças às surpresas do Espírito Santo. Que não devemos ter medo. Uma
coisa que não mudará jamais é o coração de cada homem que tem sempre
necessidade de amar e de ser amado”. Que belo exemplo, nos transmitem, os
Frades Menores Renovados que, de umas carruagens abandonadas. fizeram um
Convento sob a invocação “Estação da Alma” onde não falta o Amor.
Mas depois deste belo exemplo
tenho obrigatoriamente de voltar ao título deste artigo, ou seja, fazer a
ligação entre o período de verão em família, seja ela a nossa ou a franciscana
renovada. Ocorreu-me concluir com a letra de uma música de Scott Mckenzie sobre o verão,
já que na diversidade se encontra a complementaridade: “Se fores a S.
Francisco, certifica-te se levas algumas flores no teu cabelo, lá irás
encontrar gente amável, o verão será repleto de amor”…
Que a Virgem Maria, coroada com
as doze estrelas, abençoe e proteja todas as famílias do mundo neste período de
férias, não esquecendo em particular, aquelas, que por qualquer motivo, seja
ele de saúde, solidão, desemprego, de falta de capacidade financeira, entre
outros, não o podem fazer. Essas famílias estão certamente no nosso coração, nas
nossas orações e no nosso pensamento, debaixo da proteção de Maria Santíssima.
Maria Helena Paes |
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