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sexta-feira, 17 de agosto de 2018

Os Erros da Humanidade

Fogos descontrolados, aquecimento global, destruição impiedosa do ambiente, guerras, refugiados, populismo, cataclismos, miséria, fome, injustiças sociais… Hoje em dia os erros da humanidade têm-se multiplicado de um modo alarmante, de tal modo proliferam e fazem parte da agenda diária da imprensa, televisão e redes sociais à qual, com algum grau de frequência, acabamos por nos habituar, não dedicar a atenção oportuna e ficar um pouco indiferentes às injustiças sociais que se cometem, já que se torna difícil combatê-las a montante e a jusante. No entanto, graças a Deus, surgem alguns movimentos espontâneos e outros mais organizados que tentam, dentro das suas possibilidades, chamar a atenção para os mesmos e solicitar que sejam encontradas soluções atempadas e objetivas. Como solucionar estes problemas, questionamo-nos interiormente com alguma frequência, sabendo que Deus que é Pai e nos trata com um amor incondicional, assumindo na sua misericórdia o sofrimento causado pelos nossos erros. O difícil será sempre remar, em tempo útil, contra a maré.

Por analogia, a um outro nível, temos o exemplo da parábola do filho pródigo, que se arrepende e regressa a casa do pai para lhe pedir perdão. Sabe que o seu pai é extremamente misericordioso, que tudo perdoa. O filho sofre segundo a sua capacidade. Deus aguarda que, um dia, os filhos perante a sua vida desordenada, tal como o filho pródigo, se recordem do amor sem limites do Pai, e que, arrependendo-se dos seus erros, decidam corrigi-los, com a certeza do amor que Ele lhes tem, os possam impelir a caminhar, a não ter receio de enfrentar as dificuldades que eventualmente possam surgir. Mas, para que todo este sofrimento mundial seja um contributo para as nossas almas, o que se torna necessário fazer? Jesus, tornando-se obediente ao Pai até à Sua morte na Cruz, “tornou-se para todos os que lhe obedecem, causa de salvação eterna” (Heb 5,9). Ou seja, torna-se necessário confiar inteiramente em Jesus, fazendo aquilo que está ao nosso alcance e solicitando ajuda para aquilo que não conseguimos concretizar. Temos de deixar que Jesus Cristo atue nas nossas almas com toda a humildade e boa vontade, tal como a Virgem Maria nas bodas de Caná: “Fazei o que Ele vos disser”(Jo 2,5). Quando possuímos confiança em Jesus, aceitamos de uma outra forma os nossos sofrimentos.

Santo Agostinho constitui um exemplo que ilustra, ajustado a outro estilo de situação, com uma visão mais sobrenatural, o que acabo de referir. Este santo nasceu no ano 354 no norte de África, hoje Argélia, que na época se encontrava dominada pelo Império Romano. Era filho de pai pagão e de mãe cristã, extremamente crente, a qual viria a exercer uma grande influência na conversão do filho. Atravessou um período de grande inquietude, sem encontrar respostas que o preenchessem. Durante 12 anos seguiu o maniqueísmo, depois acabaria por se tornar um cético. No ano 371 vivia em Cartago, grande centro do paganismo, onde se deixou cativar pelo esplendor das cerimónias em honra dos milenares deuses protetores do Império. Fruto de uma relação com uma cartaginense, nasceu o seu filho Deodato, no ano 373. Sob a influência de Santo Ambrósio acabaria por se converter ao cristianismo. No ano 391 é ordenado sacerdote, e no ano 396 é sagrado bispo de Hipona, constituindo igualmente um dos pilares da teologia católica. Escreveu várias obras, entre eles a autobiografia Confissões em que refere: “A verdade e Deus devem ser buscadas na alma e não no exterior”.

Há uns dias atrás uma amiga referia que Deus é extremamente paciente com os outros e também connosco que cometemos os mesmos erros. Na realidade somos pedintes recorrentes que carecemos constantemente da sua misericórdia. Deus quer que todos se salvem. Isto é um convite e uma responsabilidade que pesam sobre cada um de nós. “A Igreja não é um reduto de privilegiados. A grande Igreja será porventura uma exígua parte da terra? A grande Igreja é o mundo inteiro”. Assim escrevia Santo Agostinho, acrescentando: “Aonde quer que te dirijas aí esta Cristo. Tens por herança os confins da Terra. Vem! Toma posse dela toda comigo. Deus espera ardentemente que se encha a sua casa. É Pai e gosta de viver com todos os filhos à Sua volta. (S. Josemaria in Amigos de Deus), recordando ainda: “As trevas hão-de passar; porque somos filhos da luz e estamos chamados a uma vida perdurável”. “Aquele que tiver sede, dar-lhe-ei para beber gratuitamente da fonte da água da vida. Quem vencer possuirá todas estas coisas e eu serei seu Deus e ele será meu filho”. (Apc XXI 4-7).

Termino deixando no regaço de Santa Maria todos os nossos erros, para que apele à Misericórdia Divina o perdão por todas as injustiças cometidas na sociedade, com sincero arrependimento para que possamos vir a construir um mundo mais solidário e justo. O Senhor quer-nos contentes e felizes já aqui na terra.

Maria Helena Paes



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