Alguém comentou positivamente um
artigo que tinha escrito acrescentando valor e alargando os meus horizontes,
graças ao seu inestimável contributo, diga-se de passagem bem enriquecedor, o
qual me impeliu a realizar alguma pesquisa muito gratificante, uma vez que
alargar e aumentar os nossos conhecimentos a nível cultural, constitui
certamente um valor supremo e inigualável. Sabia que o novo artigo ficaria em standby já que seria necessário algum
tempo para o elaborar. Contudo, devido ao período de férias em que nos encontramos
surgiu a oportunidade de realizar um passeio a Belém no sentido de corresponder
a um pedido da minha neta que queria muito um pastel de nata de Belém.
Aproveitei a oportunidade para deixar por mão própria um envelope na portaria
do Palácio de Belém. Quando cheguei à portaria na companhia da minha neta,
veio-me à memória outro momento aqui vivenciado. Estava, acompanhada por várias
pessoas, a identificar-me, no sentido de ser recebida em sede de audiência. De
repente olhámos para a televisão sem acreditar no que nos era dado presenciar.
Um avião embatia numa das torres gémeas em Nova Iorque, gerava-se o caos e a
incredulidade. Como era possível? Mas não ficou por aqui… Entretanto, fomos
chamados para entrar no sentido de prosseguirmos para a realização da audiência
que seria muito breve face à preocupação com os acontecimentos que se
vivenciavam. Nunca mais irei esquecer este momento em que se deu início a uma
nova era, mais evidente, de atentados terroristas, bem como a da fragilidade
das instituições que acreditávamos serem detentoras da maior segurança,
invioláveis, neste caso The American
Dream. Mas a minha neta trouxe-me de regresso ao momento presente. Tinha
sede. Amavelmente o polícia que fazia o acolhimento do envelope foi buscar um
copo de água na companhia da minha neta em amena conversa com ela.
Interiormente, pensei que somos um país hospitaleiro. Até quando? Que Deus
permita que nestas terras de Santa Maria, gozemos sempre da sua proteção. Depois
de agradecermos aos polícias o acolhimento humano, afável, profissional, seguimos
o nosso passeio, orientado pela minha neta. Como é óbvio, depois de uma pausa
para um café, começou por entrar num parque infantil no jardim de onde a muito
custo a retirámos, recordando-lhe que não era esse o propósito do passeio.
Convencida, fomos até ao Centro Cultural de Belém ver a maravilhosa paisagem,
brincar à entrada do Museu Berardo com as fontes de água existentes no solo,
que de vez em quando deitavam jactos de água refrescantes, face ao calor que se
fazia sentir. Entrámos depois na Igreja de Santa Maria de Belém, com filas
intermináveis para entrarem no Museu. Nós queríamos unicamente visitar a igreja,
observar e rezar perante a Sagrada Família, tão bem adornada com umas vestes de
um tom lindo beige dourado. Parámos
ainda, porque foi possível, por uns momentos, em frente ao jazigo do navegador
Vasco da Gama, que estabeleceu, (segundo informação recolhida na placa
existente), a ligação por mar entre Portugal e a Índia (1497-1498), fixando uma
nova rota comercial que daria aos portugueses o domínio do oceano índico
durante mais de um século. Quisera ter participado naquela expedição. Na
impossibilidade veio-me ao pensamento a homilia do Papa Bento XVI, feita no
Terreiro do Paço, aquando da sua visita a Portugal em 11 de maio de 2010. “Ide
fazer discípulos de todas as nações… Estas palavras de Cristo revestem-se de um
significado particular nesta cidade de Lisboa, de onde partiram em grande
número gerações e gerações de cristãos… Glorioso é o lugar conquistado por
Portugal entre as nações pelo serviço prestado à dilatação da fé: Nas cinco
partes do mundo, há Igrejas locais que tiveram origem na missionação portuguesa…
Mas voltei ao tempo presente
graças à minha neta que me recordava que ainda não tinha degustado os famosos pastéis
de Belém. Respirei fundo. Era necessário alguma coragem para enfrentar a fila
enorme de turistas para entrar. Ainda assim não foi tão mau como pensava.
Fiquei feliz por ver a minha neta tão contente a saborear os pastéis maravilhosos.
Ao colocar a canela sobre o pastel de nata lembrei-lhe que era graças a Vasco
da Gama que o podia fazer, já que constituía uma especiaria vinda do oriente. O
prometido é devido. Faltava ainda cumprir outra parte programada do passeio.
Sentarmo-nos nos degraus que existem em frente ao Museu MAAT para usufruirmos
de uma vista espetacular num final de tarde bem quente de verão, em que
procurávamos uma brisa ainda que leve. Depois subirmos à parte superior do
museu, fomos comentando tudo o que nos era dado observar. Disse à minha neta
que voltaríamos um dia para visitar a Torre de Belém bem como o Padrão dos
Descobrimentos. Recordei-lhe que foi D. Manuel I quem ordenou a expedição, e
que assistiu no dia 8 de Julho de 1497, em Belém, à partida de Vasco da Gama
rumo à India. Faziam parte desta expedição 4 naus, (S. Gabriel, S. Rafael, Berrio
e outra com mantimentos para ser queimada mais tarde mas que, segundo o diário
de bordo de Álvaro Velho, testemunha ocular de todos os acontecimentos, (este relevante
documento foi inscrito pela UNESCO na lista de Património da Memória do Mundo),
foi desmantelada durante 13 dias, nas costas do sul da África, na angra de S.
Brás, e os mantimentos levados para as outras naus. Graças a Deus, Lisboa
constitui na realidade uma cidade pródiga em história e em beleza. Do outro
lado do rio Tejo o Cristo Rei de braços abertos a todos parecia querer acolher
e proteger. Que enorme orgulho sentimos em ser cidadãos oriundos de Portugal!
Maria Helena Paes |
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