Debate na Assembleia da República recordou os milhões de cristãos perseguidos e mortos em todo o mundo
AsiaNews |
Lisboa, 21 abr 2017 (Ecclesia) - A Assembleia da República aprovou hoje
uma proposta de resolução do grupo parlamentar do CDS-PP, que visa
reforçar a ação do Governo na salvaguarda da liberdade religiosa, em
Portugal e no mundo.
No plenário desta sexta-feira, a deputada Ana Rita Bessa, que
apresentou esta proposta aos representantes dos partidos com assento no
Parlamento, sublinhou os “muitos exemplos” de perseguição e
discriminação religiosa que “infelizmente se sucedem em pleno século
XXI”.
Aquela representante política destacou a situação dos “cristãos”, uma
das minorias mais “perseguidas” deste tempo, que vê “os seus locais de
culto restringidos ou destruídos, a sua identidade contestada ou
ameaçada”.
“Segundo a International Society for Human Rights, um observatório
laico sediado em Frankfurt, 80 por cento dos atos de discriminação
religiosa são atualmente dirigidos a cristãos”, salientou.
A proposta de resolução do CDS-PP baseia-se também no último relatório
da Fundação Ajuda a Igreja que Sofre, um organismo solidário católico
ligado à Santa Sé, que alerta para um contexto gravíssimo em nações como
o Afeganistão, a Arábia Saudita, Coreia do Norte, a Iraque, a Nigéria, a
Síria e a Somália.
Segundo a AIS, em “196 países analisados, a situação piorou claramente”
em 14 nações e pelo menos “21 países não revelaram sinais de mudança
visível”.
Nesse mesmo ano, segundo o mesmo relatório, cerca de 600 milhões de
cristãos foram constrangidos a agir contra a sua própria consciência” e
“mais de 90 mil cristãos foram mortos por causa da sua fé”.
O grupo parlamentar do CDS-PP recorda que a liberdade religiosa é um
“direito fundamental e corolário da dignidade humana, por vezes tão
esquecida nos debates e reflexões internacionais, apesar da sua enorme
relevância e atualidade”.
E realçam o dever fundamental de defender comunidades que, um pouco por
todo o mundo, são vítimas de violência e mesmo de “genocídio”,
unicamente devido à sua opção religiosa ou crente.
“Não se trata pois de uma questão de Governo ou oposição, de esquerda
ou de direita, trata-se de uma questão de direitos humanos, de vidas
humanas. Assim como os direitos das minorias étnicas e sociais, dos
direitos das mulheres, da orientação sexual, da liberdade de expressão,
de identidade, de reunião”, referiu Ana Rita Bessa.
Recentemente no Parlamento Europeu os partidos condenaram por
unanimidade as atrocidades que estão a ser cometidas na Síria e no
Iraque, por motivos religiosos, contra minorias cristãs ou yazidis.
“No parlamento nacional devemos também dizer a uma só voz que Portugal
tem que defender energicamente todos os perseguidos“, frisou Ana Rita
Bessa, lembrando que o nosso país integra atualmente, e por mais um ano,
o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas.
E que pode também levar esta questão da liberdade religiosa ao Conselho Europeu e ao Conselho dos Negócios Estrangeiros.
Apesar de Portugal não estar no grupo de países mais diretamente
afetados por este problema, a representante do grupo parlamentar do
CDP-PP afirmou que o país e os portugueses não se podem “eximir da
responsabilidade de não se fazerem cegos à injustiça”.
“Entre a culpa e a responsabilidade está a liberdade de cada um, mas
também do coletivo reunido nesta assembleia, de não baixar os braços e
denunciar”, concluiu.
O projeto de resolução n.º 775/XIII/2.ª, que defende “uma atuação
firme, ativa e global” de Portugal, “na defesa da liberdade religiosa”,
foi aprovado esta sexta-feira com uma maioria de votos a favor por parte
do PSD e do CDS-PP, a abstenção do PS, BE e PAN e os votos contra do
PCP e do partido ‘Os Verdes’.
JCP
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