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sexta-feira, 3 de abril de 2015

Irlanda: os bispos pedem respeito pela liberdade religiosa

Tendo em vista o referendo do 22 de maio, mons Martin toma partido em defesa do casamento fundamentado na relação entre homem e mulher


Roma, 02 de Abril de 2015 (Zenit.org) Elisabetta Pittino


A Igualdade do casamento precisa de você é o slogan da plataforma para o apoio ao casamento civil entre pessoas do mesmo sexo na Irlanda. O slogan continua, enquanto você vê um coração cortado em quatro, "dividir o amor"...

No próximo dia 22 de Maio, na Irlanda, vai acontecer um referendum para mudar a Constituição em matéria de matrimónio e de família. Se votará para fazer passar uma emenda à Constituição que coloque o matrimónio homossexual (projecto de lei 2015 para a 34ª emenda da Constituição para a igualdade no matrimónio). A intenção é acrescentar um quarto parágrafo ao art. 41 da Constituição irlandesa: “o matrimónio pode ser contraído segundo a lei por duas pessoas sem distinção de sexo”.

Na Irlanda, também se está discutindo uma outra proposta de lei: o Children and Family Relationships Bill, sobre as relações entre crianças e famílias que regula a paternidade – pai e mãe são eliminados – até nos casos de reprodução assistida e de barriga de aluguer.

A Conferência Episcopal Irlandesa, profundamente preocupada com os efeitos sobre as gerações futuras, manifestou-se oficialmente no dia 10 de Março, com uma declaração oficial intitulada O matrimónio é importante: reflicta antes de muda-lo.

"A relação entre um homem e uma mulher é única", lembra a Conferência Episcopal Irlandesa porque "mãe e pai trazem dons e energias diferentes e complementares na vida de uma criança". Por isso os Bispos não podem "apoiar uma emenda que redefina o matrimónio e coloque a união entre dois homens e duas mulheres no mesmo nível que a relação entre marido e mulher aberta à procriação".

No dia 19 de Março, o arcebispo de Dublin, mons. Diarmuid Martin, durante uma conferência do Instituto Iona, falou muito claramente do ensinamento da Igreja sobre o casamento hoje.

"Eu falo - começou a prelato- como bispo da Igreja Católica do ensinamento da Igreja sobre o casamento, mas também sobre o casamento, instituição natural, que promove a estabilidade social em toda sociedade".

Tanto o Papa João Paulo II quanto o Papa Francisco, recorda o Arcebispo, escolheram a família como tema do seu primeiro Sínodo: "Ambos têm visto claramente como o matrimónio cristão e a família são vitais para a transmissão da fé e, como instituições humanas, são vitais para a estabilidade da sociedade. Ambos viram a necessidade não só para defender os ensinamentos da Igreja, mas para incentivar uma ampla compreensão do papel do casamento e da família".

"Onde matrimónio e família não são fortes, a sociedade é mais fraca – continuou o prelado -. Quando a sociedade se enfraquece – em períodos de conflitos ou de repressões políticas ou em tempos de dificuldades económicas – é a família que mantém a estabilidade a reconstrói a sociedade e os seus valores”.

De fato, "o matrimónio e a família permanecem independentes das ideologias políticas e preservam os valores fundamentais, como se tem visto em longos anos de perseguição nos países comunistas. Os regimes políticos e ideológicos vão e vêm. Matrimónio e família são elementos permanentes na manutenção de uma sociedade estável”.

Há algo de "insubstituível na relação entre um homem e uma mulher que se confiam um ao outro no amor, relação que permanece aberta à transmissão e à educação da vida humana”, afirmou o prelado.

"Somos todos filhos de um macho e de uma fêmea, e isso tem de ser relevante para compreender a maneira pela qual as crianças devem ser criadas e educadas", continuou Martin, segundo o qual uma "ética da igualdade não exige uniformidade."

Em conclusão Martin abordou a questão da liberdade de consciência que poderia ser limitada em caso de vitória do "sim" no referendo.

Em resposta a uma pergunta sobre o direito à objecção de consciência dos fotógrafos, tipógrafos, confeiteiros que não acreditam no casamento gay, o cardeal disse que "a liberdade de consciência é, provavelmente, um dos direitos humanos básicos mais importantes, porque afecta a pessoa no profundo da sua identidade".

O prelado exortou a olhar para "os regimes totalitários e as dificuldades que as pessoas tinham para expressar a liberdade de consciência e a coragem que muitas pessoas tiveram ao fazê-lo. Mesmo nos regimes mais repressivos sempre houve algumas pessoas corajosas, que não tiveram medo de levantar suas vozes... São eles que mudaram e vão mudar a sociedade".

De acordo com Martin a questão da liberdade de consciência tem sido subestimada no debate sobre o referendo, apesar de ser um problema muito sério.

Foram suficientes estas palavras sobre a liberdade de consciência para irritar as redes sociais que fizeram comentários dos mais variados sobre as respostas do Arcebispo, que foi obrigado a emitir um comunicado de esclarecimento.

"Acredito que o respeito pela consciência seja para os políticos um modo de mostrar-lhes o respeito pelos cidadãos. Acho que no âmbito da liberdade de consciência, também a liberdade de religião seja um dos direitos fundamentais a serem preservados”, destacou monsenhor Martín.

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