Entrevista ao fundador do itinerário neocatecumenal, após a audiência com o Santo Padre na Sala Paulo VI
Roma, 06 de Março de 2015 (Zenit.org) Salvatore Cernuzio
É difícil descrever a emoção que emerge dos olhos de Kiko
Argüello. As palavras proferidas hoje pelo Papa Francisco para o Caminho
Neocatecumenal, fundado por ele, foram um grande incentivo para este
“itinerário de formação cristã válido para os tempos modernos”, como o
definiu São João Paulo II. Assim como Wojtyla, mas também Bento XVI, e,
em sua época, Paulo VI, também Bergoglio deu a bênção da Igreja à obra
de evangelização que o Caminho leva adiante há cerca de meio século em
todos os cantos do globo, especialmente através das famílias. E pensar
que tudo nasceu de uma pequena semente plantada nas periferias de
Madrid, efectivamente faz graça. Porque, como disse Kiko para ZENIT na
entrevista logo após a audiência “como Deus é bom connosco”.
***
ZENIT: Kiko, um comentário sobre as palavras do Papa hoje na audiência ao Caminho Neocatecumenal ...
Kiko: Estamos surpresos pelo amor que nos mostrou! Eu já tinha
encontrado o Santo Padre em uma audiência privada antes dessa de hoje e
tinha lhe mostrado a obra que o Caminho fez até agora, especialmente com
as famílias: as missio ad gentes, os encontros vocacionais, os Family
Day... Ele ficou muito impressionado. E hoje quis mostrar o amor que tem
pelo Caminho Neocatecumenal. Talvez alguém esperasse que depois de
todas aquelas coisas bonitas e positivas que disse houvesse um “mas”...
Pelo contrário, não houve nenhum “mas”... Estamos muito felizes, até
mesmo porque o discurso do Papa é programático para todo o Caminho. E
também um modo para dar a conhecer á Igreja o que é uma missio ad gentes
e como se pode actuar hoje. Porque, talvez, no fundo, permanece ainda a
ideia dos primeiros missionários que foram à África, à América para
evangelizar. Pelo contrário, hoje, é necessário algo novo e posso dizer
que o Caminho realiza estas missões com grande criatividade, mostrando
uma forma original de presença de Igreja no mundo.
ZENIT: A nível pessoal, no entanto, depois de quase 50 anos
desde o começo do Caminho, recordando a primeira evangelização nas
favelas de Madrid, e vendo agora os frutos espalhados em todo o mundo,
como você se sente?
Kiko: É lindo! (Risos) Hoje, em particular, sinto-me consolado por
Deus. Acima de tudo, sinto-me consolado pelas palavras do Santo Padre.
Admiro muito este Papa. Até na última convivência com os itinerantes de
todo o mundo, expressei o meu pesar pelas críticas dirigidas ao Papa.
Muitas vezes escuto dizer que o Papa é um “populista”, um “comunista”,
muito focado no social... Acho que todos estejam errando porque este
Papa está desclericalizando a Igreja. E é providencial para o tempo de hoje.
ZENIT: Voltando às famílias: em um momento em que - como
disse o Papa Francisco - a família 'leva pancada’ de todos os lados, o
que representa para a Igreja e para o mundo estas mães, pais e filhos
que deixam tudo e partem para evangelizar?
Kiko: A família cristã, aberta à vida, é uma salvação para o mundo...
Essas famílias - que já estão em missão em todos os continentes, bem
como aquelas que vão partir hoje, que são ‘formadas’ para evangelizar
depois de tantos anos de Caminho – são uma salvação para a Igreja, mas
especialmente para a sociedade. Porque os seus filhos serão os futuros
arquitectos, advogados, médicos... Serão, em definitiva, a sociedade do
futuro. E o mundo de hoje tem necessidade de pessoas cristãs que não
roubam, que não mentem, que não se corrompem! Além do mais, destas
famílias saem muitíssimas vocações. É também graças a elas que temos 103
seminários em todo o mundo...
ZENIT: Após esta audiência com o Papa, o que se espera do Caminho Neocatecumenal?
Kiko: Nos próximos meses daremos a volta ao mundo para os encontros
vocacionais. Estarei na Itália, em Génova, Palermo e talvez em Macerata,
e também na Espanha. A novidade é que iremos também à África. Porque eu
tenho tantos irmãos e irmãs que me pedem: "Kiko, quando você vem para a
África?". São pessoas pobres, humildes, muito atraídas pelas palavras
de Cristo: "Vem e segue-me!". E também eles esperam viver um encontro
onde alguém lhes diga: "Há famílias para a missão?", para se levantar e
sair. Portanto, estamos organizando um grande encontro com cerca de 25
mil pessoas. Vamos Ver ...
ZENIT: Outro evento histórico para o Caminho Neocatecumenal
foi o concerto em Auschwitz, com a presença de muitos rabinos. Continua
esse diálogo com os judeus?
Kiko: Sim! Depois do concerto, os judeus ficaram tão impressionados
com o nosso espírito de amor para com eles que pediram um encontro de
todos os rabinos comigo e com outros representantes do Caminho.
Provavelmente vamos fazê-lo em maio. Mas não está confirmado.
ZENIT: Kiko, uma última pergunta. Pensando nas estradas que
se abrem para o Caminho e nas palavras de incentivo do Papa, qual é o
seu desejo?
(Risos) Que o diabo não esteja assim tão bravo que me arme alguma armadilha!
(06 de Março de 2015) © Innovative Media Inc.
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