Patriarca latino de Jerusalém fala da situação dos cristãos na Terra Santa
Roma, 20 de Março de 2015 (Zenit.org) Deborah Castellano Lubov
Lamentando a situação complicada dos cristãos na Terra
Santa, o patriarca latino de Jerusalém disse que, se confiarmos no nome
do Senhor, os sofrimentos serão reduzidos. Em conversa com ZENIT, sua
Beatitude Fouad Twal afirmou que os salmos nos lembram que devemos ter
confiança: “Como diz o Salmo 27, ‘alguns confiam em carros e cavalos,
mas a nossa confiança está no nome do Senhor, nosso Deus’. E o salmo
146: ‘Não ponhas tua confiança nos príncipes, nem nos filhos dos homens,
nos quais não há ajuda’”.
Voltando à situação na Terra Santa, o patriarca declarou que existe
uma estratégia militar. Esta “guerra de desgaste” envolve “tentativas
belicosas de ganhar a guerra desgastando o inimigo até o colapso através
de contínuas perdas de pessoal e de material”. Normalmente, quem ganha a
guerra é o lado com mais recursos. “É isto o que eu vejo na Terra
Santa. Mais de sessenta anos demolindo os povos ocupados”.
O patriarca lança um apelo urgente: “Peço que as pessoas rezem como
nunca para que o coração duro dos líderes se transforme num coração que
procure o bem do povo palestino sob ocupação”.
As celebrações da Semana Santa e da Páscoa, notou ele, são uma
lembrança das dificuldades que os cristãos enfrentam na Terra Santa. A
maioria das pessoas no mundo inteiro sabe dos desacordos entre judeus e
muçulmanos, mas são menos recordados os cristãos de Israel e da
Palestina. “Isto não é surpreendente, já que os cristãos são uma pequena percentagem nos dois países. A grande maioria dos cristãos é de etnia
árabe”.
Muitos cristãos na Terra Santa são mais unidos aos palestinos
muçulmanos do que aos judeus de Israel, porque os sofrimentos dos
palestinos muçulmanos são compartilhados pelos cristãos palestinos.
“Frequentemente, citamos dificuldades no acesso aos santos lugares”,
exemplificou. Os palestinos que vivem na Faixa Ocidental e em Jerusalém
Leste têm identificações residenciais e não podem ir de um lugar para o
outro sem permissões especiais.
“Por isso mesmo, pode ser virtualmente impossível para um cristão de
Belém ir a Jerusalém adorar a Deus na igreja do Santo Sepulcro. E é
assim inclusive na Páscoa, apesar da permissão, porque a Páscoa coincide
com a festa judaica do Pesach, durante a qual são impostas medidas de
segurança que nos impedem de ir de um lugar ao outro”.
“O maior desacordo é o muro, é claro, e os muitos problemas que ele
trouxe”, prosseguiu Twal. O muro separa os territórios palestinos dos
israelitas, tornando a viagem entre os dois lados muito difícil. A
separação de famílias cristãs e muçulmanas pelo muro e pela política
israelita tem efeitos devastadores.
Há aproximadamente 200 famílias cristãs separadas actualmente. Seus
membros vivem divididos entre a Faixa Ocidental e Jerusalém. “Esse tipo
de projecto, como o muro, alimenta os sentimentos anti-israelitas tanto
em Israel como na Palestina e mina os esforços pela paz. Os cristãos
árabes sofrem tanto na Palestina como em Israel por serem minoria”.
Também há o caso dos cristãos que perderam terras devido à construção
da barreira de segurança israelita e à expansão dos colonatos. Em
2012, por exemplo, 3.000 acres foram confiscados de 59 famílias cristãs
de Beit Jala para continuar a expansão do colonato de Gilo e o muro
de separação.
“Tanto israelitas quanto palestinianos sofrem para proteger as minorias
religiosas. Os cristãos sofrem mais ainda”, afirmou o patriarca, que,
no entanto, destacou: “Cansados, pode ser; mas não sem esperança”.
(20 de Março de 2015) © Innovative Media Inc.
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