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terça-feira, 31 de março de 2015

A "Primavera árabe" teve efeito negativo para os cristãos do Oriente Médio

Considerações no discurso que o Patriarca de Babilónia dos Caldeus, Louis Raphael I, proferiu sexta-feira, 27, em Nova Iorque


Roma, 30 de Março de 2015 (Zenit.org)


As chamadas “Primaveras árabes” tiveram um “impacto negativo” na condição das comunidades cristãs médio-orientais, provocando êxodos em massa semelhantes aos causados 100 anos atrás pelos massacres de cristãos iniciados em 1915 no território otomano.

Esta é uma das considerações mais fortes e dolorosas contidas no discurso que o Patriarca de Babilónia dos Caldeus, Louis Raphael I, proferiu sexta-feira, 27, em Nova York, durante a sessão dedicada ao drama dos cristãos no Oriente Médio que se realizou junto ao Conselho de Segurança da ONU, sob iniciativa da França. “Com toda sinceridade”, disse o Primaz da Igreja caldeia, “a chamada Primavera árabe teve efeito negativo para nós. Se tivéssemos tido a possibilidade de trabalhar em harmonia com o mosaico de religiões e grupos étnicos que compõem a nossa região, teríamos visto o desenvolvimento de uma força capaz de conduzir a região rumo à paz, a estabilidade e o progresso”.

Referindo-se à situação do Iraque, o Patriarca Louis Raphael I pediu “pleno apoio ao governo central e ao governo regional curdo na libertação de todas as cidades iraquianas, inclusive Mosul e todas as aldeias e vilarejos da Planície de Nínive aonde vivem as minorias cristãs, yazidis, shabaks e outras. Segundo o Primaz da Igreja caldeia, “é necessário garantir uma protecção internacional para seus habitantes, obrigados à força a deixar suas casas” e “aprovar uma Lei sobre a propriedade imobiliária que assegure seus direitos em sua terra, permitindo-lhes retornar às suas casas e retomar suas vidas em condições de normalidade”. Em relação ao fenómeno jihadista, o Patriarca repetiu com firmeza que “estes actos terroristas não podem ser generalizados e associados a todos os muçulmanos”, porque a maioria dos fiéis islâmicos “rechaça a politização da religião e’ aceita viver uma vida normal com os outros, no âmbito do estado civil e seguindo as regras do direito”. Além disso, segundo Sua Beatitude Louis Raphael I, “a paz e a estabilidade não podem ser alcançadas somente por meio de intervenções militares; sozinhas, de fato, elas não podem desarraigar este modo totalizante de pensar” que destrói os seres humanos e a civilização.

Entre as medidas concretas a adoptar para controlar os conflitos que dilaceram o Oriente Médio, o Patriarca invocou também a adopção de leis internacionais capazes de condenar “nações e indivíduos que apoiam grupos terroristas economicamente, intelectualmente ou com armas”, para que suas acções sejam consideradas crimes contra a paz social.

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