Considerações no discurso que o Patriarca de Babilónia dos Caldeus, Louis Raphael I, proferiu sexta-feira, 27, em Nova Iorque
Roma, 30 de Março de 2015 (Zenit.org)
As chamadas “Primaveras árabes” tiveram um “impacto
negativo” na condição das comunidades cristãs médio-orientais,
provocando êxodos em massa semelhantes aos causados 100 anos atrás pelos
massacres de cristãos iniciados em 1915 no território otomano.
Esta é uma das considerações mais fortes e dolorosas contidas no
discurso que o Patriarca de Babilónia dos Caldeus, Louis Raphael I,
proferiu sexta-feira, 27, em Nova York, durante a sessão dedicada ao
drama dos cristãos no Oriente Médio que se realizou junto ao Conselho de
Segurança da ONU, sob iniciativa da França. “Com toda sinceridade”,
disse o Primaz da Igreja caldeia, “a chamada Primavera árabe teve efeito
negativo para nós. Se tivéssemos tido a possibilidade de trabalhar em
harmonia com o mosaico de religiões e grupos étnicos que compõem a nossa
região, teríamos visto o desenvolvimento de uma força capaz de conduzir
a região rumo à paz, a estabilidade e o progresso”.
Referindo-se à situação do Iraque, o Patriarca Louis Raphael I pediu
“pleno apoio ao governo central e ao governo regional curdo na
libertação de todas as cidades iraquianas, inclusive Mosul e todas as
aldeias e vilarejos da Planície de Nínive aonde vivem as minorias
cristãs, yazidis, shabaks e outras. Segundo o Primaz da Igreja caldeia,
“é necessário garantir uma protecção internacional para seus habitantes,
obrigados à força a deixar suas casas” e “aprovar uma Lei sobre a
propriedade imobiliária que assegure seus direitos em sua terra,
permitindo-lhes retornar às suas casas e retomar suas vidas em condições
de normalidade”. Em relação ao fenómeno jihadista, o Patriarca repetiu
com firmeza que “estes actos terroristas não podem ser generalizados e
associados a todos os muçulmanos”, porque a maioria dos fiéis islâmicos
“rechaça a politização da religião e’ aceita viver uma vida normal com
os outros, no âmbito do estado civil e seguindo as regras do direito”.
Além disso, segundo Sua Beatitude Louis Raphael I, “a paz e a
estabilidade não podem ser alcançadas somente por meio de intervenções
militares; sozinhas, de fato, elas não podem desarraigar este modo
totalizante de pensar” que destrói os seres humanos e a civilização.
Entre as medidas concretas a adoptar para controlar os conflitos que
dilaceram o Oriente Médio, o Patriarca invocou também a adopção de leis
internacionais capazes de condenar “nações e indivíduos que apoiam
grupos terroristas economicamente, intelectualmente ou com armas”, para
que suas acções sejam consideradas crimes contra a paz social.
(30 de Março de 2015) © Innovative Media Inc.
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