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quinta-feira, 26 de março de 2015

A arte sacra e o Depósito da Fé

Um empreendimento teológico


Roma, 25 de Março de 2015 (Zenit.org) Rodolfo Papa


Quando lemos o Magistério da Igreja sobre a arte sacra, encontramos indicações que nos orientam para a realização plena da representação narrativa do Depósito da Fé. Em outras palavras: o que está no centro da actividade artística é o Credo; a arte sacra é a poesia de um fiel que canta glória a Deus, a coragem de declarar o Cristo inteiro sem perder nenhuma verdade de fé.

Infelizmente, com a perda da unidade dos saberes e com o rebaixamento da arte a um grau menor de conhecimento, a concepção estética tem sido muitas vezes reduzida a emoções e lugares pré-linguísticos ou não linguísticos, rejeitando-se as poderosas contribuições que o cristianismo criou especialmente para ela. Uma série de estudos, incluindo-se os de H. Belting, L. Shiner, A. Danto e Didi-Huberman, levados às suas justas consequências, corroborariam a conclusão de que o cristianismo inventou a arte tal como nós a conhecemos; uma arte que, antes dele, não existia e que, num hipotético "depois", simplesmente não existiria mais, porque a arte só teria chegado com o cristianismo, depois dos ritos religiosos e políticos complexos da antiguidade, e já estava madura entre os séculos XII e XIII. A dúvida e a raiva do homem moderno e pós-moderno tem jogado gradualmente a acção artística na escuridão do xamanismo.

Alguns estudiosos, em vez de rastrear o original, procuram o arquétipo da arte e pensam que o encontram na arte conceitual ou na Arte Povera, e alguns, com esta forma ligada a fenómenos gnósticos, até tentam produzir arte para a liturgia católica, ofendendo assim o "sensus fidei" dos fiéis, impondo algo que nada tem a ver com o cristianismo, confundindo os meios e propósitos da arte sacra e adulterando o seu objectivo final, que é louvar a Deus e levar o coração e a mente dos homens a Deus.

Muitas vezes, prefere-se representar o emaranhado do processo reflexivo de algumas pesquisas, confundindo isto com a fé como se esta fosse a parte mais elevada do ato de pensar o profundo, quase exibido, mostrado no esforço, como no Beaubourg de Piano & Rogers de 1977, um edifício onde tudo está de fora, enquanto as entranhas são expostas e nada está dentro, apenas um espaço neutro sem identidade alguma, para assumi-la toda vez que se entra em contacto com o outro.

A arte se move, como todo o conhecer, tal como foi magistralmente manifestado por Leonardo da Vinci, na penumbra que não é plenitude de luz, mas que ainda nos permite ver, conhecer e afirmar; a arte sacra tem o dever de afirmar a fé, representando completamente Jesus Cristo e a realidade iluminada por Ele.

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