Permissões não eram dadas desde 1928
Roma, 06 de Janeiro de 2015 (Zenit.org)
O governo da Turquia autorizou a construção de uma igreja
cristã de rito siríaco no distrito Yeşilköy, nos arredores de Istambul. É
a primeira autorização do tipo desde 1928, quando foi fundada a
república no país.
Há poucas semanas, o papa Francisco fez uma visita de 3 dias à
Turquia e, a respeito dessa viagem, declarou: "No encontro com as
autoridades, às quais agradeço pela atenção e pelo respeito com que me
acolheram, eu tive a oportunidade de reafirmar a necessidade de que os
Estados reconheçam a relevância pública da fé religiosa e garantam a
todos a liberdade de culto". E acrescentou que, na mesma viagem,
manifestou "o desejo de que cristãos e muçulmanos trabalhem juntos pela
solidariedade, pela paz e pela convivência pacífica".
A construção da nova igreja, em um terreno doado pela prefeitura,
será financiada por uma fundação que defende os direitos dos
aproximadamente 20 mil cristãos siríacos (ortodoxos e católicos),
comunidade que, em sua maior parte, vive no sudeste da Turquia.
Os primeiros comentários públicos não citavam fontes seguras, mas,
nesta segunda-feira, a Rádio Vaticano confirmou que o anúncio da
autorização de construção foi feito pelo primeiro-ministro Ahmet
Davutoglu aos representantes das minorias não muçulmanas do país. Eles
participaram de um encontro em Istambul sobre a islamofobia e o racismo, fenómeno que regista crescimento em várias partes do mundo, conforme
exemplificado pelos recentes ataques de grupos extremistas contra uma
mesquita na Suécia.
Este evento em Istambul propôs a expressão de uma posição conjunta
contra todas as formas de terrorismo e de intolerância religiosa, além
de discutir sobre o grupo extremista Estado Islâmico. Participaram do
evento, entre outros, o patriarca ecuménico de Constantinopla,
Bartolomeu I, e o presidente da Conferência Episcopal da Turquia, o
arcebispo latino de Esmirna, Ruggero Franceschini.
Os não muçulmanos na Turquia são cerca de 200 mil, numa população de
76 milhões de pessoas. Entre eles, os cristãos são aproximadamente 150
mil, dos quais aproximadamente a metade pertence à Igreja Apostólica Arménia. Seguem 53 mil católicos, em sua maioria de rito latino. Também
há católicos sírios e caldeus.
A constituição do país reconhece a liberdade de culto, embora as minorias estejam sujeitas a algumas restrições.
Em 1915, durante a Primeira Guerra Mundial, a maioria da população arménia do leste da Anatólia foi massacrada pelos Jovens Turcos da
época. A Turquia sempre se negou a reconhecer o genocídio dos arménios,
facto frequentemente considerado como um dos mais delicados problemas
para a Turquia no âmbito internacional.
(06 de Janeiro de 2015) © Innovative Media Inc.
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