O cardeal Brandmuller, enviado especial do papa Francisco, reitera a continuidade entre o concílio do século XVI e o Vaticano II
Roma, 02 de Dezembro de 2013
Na catedral da cidade italiana de Trento, que sediou o
concílio iniciado em 1545 e concluído em 1563, foi celebrada na tarde
deste domingo, 1º de dezembro, uma missa em recordação dos 450 anos do
evento eclesial. A celebração foi presidida pelo cardeal alemão Walter
Brandmuller, enviado especial de sua santidade, o papa Francisco.
O concílio de Trento esclareceu a doutrina da Igreja diante das
propostas protestantes e afirmou que o credo niceno-constantinopolitano
contém tudo aquilo em os baptizados devem crer.
Na homilia deste domingo, o cardeal alemão recordou que um estudioso
daquele concílio o definiu como “o milagre de Trento" e que "somente em
retrospectiva podemos reconhecer a potência com que o espírito de Deus
agiu por meio desse concílio no destino da Igreja”, a ponto de os
séculos posteriores serem definidos como pós-tridentinos. “Depois de 450
anos em que nós, cristãos do terceiro milénio, entoamos o mesmo Te Deum
de então, não devemos manter um olhar nostálgico para o passado, mas
sim celebrar este jubileu com os olhos voltados para a Igreja e para o
mundo aqui e agora”, disse o cardeal.
Brandmuller perguntou qual é a mensagem do concílio que nos chega
hoje, ao longo dos séculos, provocando: “Será que tinha razão quem
considerava o concílio Vaticano II uma despedida do concílio de
Trento?”.
Ele mesmo responde: bastaria recordar que "a constituição Lumen Gentium,
do Vaticano II, que expõe os ensinamentos sobre a Igreja em dezasseis
blocos, faz referência explícita aos documentos doutrinais do concílio
de Trento. Depois de 450 anos, portanto, ele continua presente na
doutrina da Igreja”.
Ao encerrar a homilia, o cardeal alemão nascido em família
protestante e convertido à Igreja católica na juventude, apontou a
necessidade de se descobrir na figura terrena e humana da Igreja “a
figura do divino, para superar aquela deplorável mundanização da Igreja,
que é um obstáculo para a salvação eterna dos homens”.
Olhando para o passado, ele recordou que, na abertura do concílio de
Trento, nenhum dos poucos cardeais presentes vinha da Alemanha. Temia-se
um futuro obscuro para a Igreja. “Não temas, pequeno rebanho, disse o
Senhor aos seus apóstolos e, portanto, também aos seus sucessores
reunidos em Trento. E eles se dedicaram ao trabalho para entender e
discernir a verdade da fé diante dos erros da reforma”.
Brandmuller recordou ainda os frutos do concílio de Trento, ente os quais a evangelização dos novos continentes descobertos.
“Hoje, nós temos que estar repletos não apenas de gratidão, mas
também da esperança de que o concílio Vaticano II, que os mais velhos de
nós viveram pessoalmente, possa dar oportunamente os mesmos frutos
desse concílio que hoje recordamos”.
in
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