Cardeal Bagnasco incentiva a evangelização e lança alerta contra as "tentativas proselitistas"
Roma, 06 de Novembro de 2013
Ao apresentar o encontro internacional “Testemunhar a fé por
meio da caridade”, o cardeal Angelo Bagnasco, presidente da Conferência
Episcopal Italiana (CEI), discorreu sobre alguns dos mais importantes
fundamentos do cristianismo.
O congresso, que termina nesta quarta-feira, 6 de Novembro, em
Trieste, é promovido pelo Conselho das Conferências Episcopais da Europa
(CCEE) e pelo Conselho Pontifício Cor Unum.
A fé, disse Bagnasco, "é um dom de Deus" que o homem pode aceitar ou
não, mas que sempre "se origina do chamado divino e nunca da iniciativa
humana". Os homens de hoje, no entanto, "nem sempre captam essa ordem e a
invertem, pensando que Deus é um objecto da sua escolha. Mas Deus não
concorda em ser um elemento entre outros na vida do homem: se fosse, ele
ficaria reduzido a um objecto ou a um ídolo".
A fé sozinha, porém, é insuficiente: ela precisa das obras (cf. Tg
2,26), que são a máxima expressão do amor. "Aquele que não dá fruto na
caridade mostra que não acolheu na fé o Cristo, que transforma o homem e
faz dele uma nova criatura (cf. 2 Cor 5,17)".
A caridade, não menos do que a fé, tem "carácter responsorial" e se
baseia na "livre adesão" do homem ao amor de Deus, cuja expressão máxima
é Cristo.
Verdade e caridade, por sua vez, não podem ser mutuamente
excludentes: a primeira, sozinha, leva a uma "religiosidade feita de
culto, mas não de justiça; feita de dedicação a Deus com as palavras,
mas não com o coração; de sacrifícios oferecidos por quem se esqueceu da
misericórdia (Os 6,6)".
Por outro lado, a caridade sem a verdade dissemina o relativismo, que
esvazia a fé e a leva à "privatização", além de "aviltar a caridade
mesma, reduzindo-a a puro sentimentalismo".
A caridade é autêntica e completa somente quando é "plena expressão
da fé" e não "mera filantropia": ela deve ser "um sinal do amor recebido
de Deus".
Como os milagres de Jesus e dos Apóstolos, "os gestos de caridade dos
fiéis não esgotam o seu significado na solidariedade humana que
transmitem, mas são sinais, segundo a expressão usada por João
Evangelista, porque apontam para realidades mais elevadas e representam
um apelo à fé".
O trabalho da caridade, portanto, deve sempre vir acompanhado de uma
"forte capacidade evangelizadora", e se fundamenta em "levar o Cristo
para aqueles que são socorridos". A fé nos leva a "lançar as redes para a
pesca, as redes da Palavra e da caridade; não a fim de ampliar as
fileiras da Igreja com intenções proselitistas, mas para trazer o máximo
de pessoas ao reino de Cristo", disse Bagnasco.
O serviço da caridade é uma "dimensão constitutiva" e uma "expressão
irrenunciável" da missão da Igreja, que, através do amor recíproco dos
seus discípulos, "manifesta a sua natureza mais íntima".
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