Homilia na Casa Santa Marta: papa Francisco nos lembra que "o reino de Deus não vem de modo chamativo", mas "na sabedoria"
Roma, 14 de Novembro de 2013
A curiosidade, manifestação humana que em geral é
considerada "louvável" pela cultura moderna e caracterizada por um
excesso de comunicação e de sociabilidade (muitas vezes com pouca
substância), é uma qualidade que tem seus lados escuros.
O papa Francisco, na homilia da missa desta manhã, definiu o
“espírito de curiosidade” como uma atitude que gera confusão e afasta da
sabedoria e da paz de Deus.
A primeira leitura de hoje (Sab 7,22-30.8,1) descreve "o estado de
ânimo do homem e da mulher espiritual" que vivem "na sabedoria do
Espírito Santo", que ajuda "a julgar e tomar decisões de acordo com o
coração de Deus", infundindo sempre "a paz".
A santidade é "o que Deus pede a Abraão: caminha na minha presença e
sê perfeito". Os homens e mulheres que seguem essa estrada são sábios
"porque caminham sob a moção da paciência de Deus", explicou o papa.
A atitude oposta é a da curiosidade vã, que, no Evangelho de hoje (Lc
17,20-25), encontramos nos fariseus que cercavam Jesus: "Quando virá o
Reino de Deus?", indagavam eles. Essa pergunta era provocada por um
mero espírito de curiosidade, que "nos afasta do Espírito da sabedoria
porque só está interessado nas miudezas, nos boatos, nas pequenas
notícias de todos os dias".
A curiosidade não apenas nos leva para longe de Deus como também nos
faz "falar demais". É uma atitude "mundana", que "conduz à confusão" e
que nos leva a querer ouvir histórias como "o Senhor está aqui ou está
ali", ou "Eu sei de um tal vidente, um visionário, que recebe cartas de
Nossa Senhora, mensagens de Nossa Senhora". O papa adverte: "Nossa
Senhora é Mãe e não uma gerente dos Correios que fica despachando
mensagens todo dia".
O espírito de curiosidade, em suma, afasta "do Evangelho, do Espírito
Santo, da paz e da sabedoria e glória de Deus, da beleza de Deus".
Jesus, por outro lado, nos lembra que "o reino de Deus não vem de
modo chamativo, mas sim na sabedoria", e não "na confusão". É
emblemático que “Deus não falou com o profeta Elias no vendaval, na
tempestade, mas na brisa suave, na brisa da sabedoria”.
Santa Teresinha do Menino Jesus dizia a si mesma para "sempre parar
diante do espírito de curiosidade". Quando ouvia histórias dos outros,
mesmo desejosa de ouvi-las até o fim, ela reconhecia que "este não é o
espírito de Deus, porque é um espírito de dispersão, de curiosidade vã".
O Reino de Deus está "no meio de nós", acrescentou o Santo Padre, e
por isso não há necessidade de olhar para "coisas estranhas" ou
"novidades" com mera "curiosidade mundana". É o Espírito Santo que deve
nos levar para frente, "com a sabedoria que é uma brisa suave",
concluiu.
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