Respeito pelos povos e Nova Evangelização
Roma, 31 de Maio de 2013
Todo mês, o papa nos confia duas intenções de oração, dois
“desafios” que ele indica para o nosso mundo e para a missão da Igreja.
Neste domingo, 2 de junho, para a adoração eucarística que será feita no
mundo inteiro pela solenidade do Corpo e Sangue de Cristo, o Conselho
Pontifício para a Nova Evangelização nos convida a rezar pelas intenções
do papa. Nelas, Francisco convida toda a Igreja a orar, durante o mês
de Junho, por duas intenções particulares:
Intenção de oração universal – O respeito pelos povos: oremos para
que prevaleça entre os povos uma cultura de diálogo, de escuta e de
respeito recíproco.
Intenção de oração pela evangelização – A nova evangelização: oremos
para que, nos lugares onde a influência da secularização é mais forte,
as comunidades cristãs saibam promover eficazmente uma nova
evangelização.
“Comecem pelo respeito!”
Medos, ignorância, mal-entendidos, são obstáculos no diálogo entre os
povos. Sim, o caminho do diálogo, da escuta e do respeito recíproco é
difícil. Embora as nossa telas, televisores, tablets, smarts e iPhones
pareçam nos aproximar uns dos outros, e que as semelhanças entre nós
nunca tenham sido tão fortes, ainda assim nós nos entendemos mal. E
sabemos: tudo começa em nosso coração.
Regularmente, as nossas telas nos transmitem cenas da Síria, de
Israel e da Palestina, do Sudão, do Tibete e da China, e de tantas
outras nações. Conflitos entre os povos, ou no seio de um mesmo povo.
Como é que pode ser tão difícil nos compreendermos, encontrar caminhos
de diálogo, de respeito e de amizade, quando todos nós os desejamos?
Todos?... Pode ser que não. Há muitos interesses em jogo. Há também
muitos sofrimentos, ligados ao peso da história...
Mesmo com uma grande benevolência, porém, dialogar, escutar,
respeitar o outro nem sempre é fácil. Isto nós verificamos em nossos
encontros pessoais, em particular quando o outro é de uma cultura
diferente. Eu fiz a experiência, na Amazónia, de que o respeito não vem
pela força. E dentro de um mesmo e pequeno país, como na Bélgica, onde
duas ou três culturas se roçam, há uma fonte de enriquecimento
recíproco, mas também uma fonte de tensões. Como avançar no respeito
pelas histórias de cada um e no diálogo sem radicalizar as opiniões?
Hoje nós vivemos uma mistura cultural e religiosa sem precedentes na
história da humanidade. “Caminhamos rumo a uma modernidade 'mestiça',
mais rica, mais diversa do que antes”, diz Jean-Claude Guillebaud. Mas o
nascimento para este “novo” mundo acontece em dores de parto. É
necessário, mais do que nunca, intensificar o encontro entre as culturas
e as religiões, assim como com os “não crentes”, diz o papa Francisco:
“para que as diferenças que separam e ferem nunca dominem, mas sim,
inclusive na diversidade, que vença o desejo de construir laços de
amizade verdadeira entre todos os povos”.
O desafio deste mês diz respeito à relação entre povos diferentes,
mas como não pensar, também, no “debate” que vivemos durante os últimos
meses na França sobre questões fundamentais da sociedade? Diálogo,
escuta, respeito? Numerosas pessoas se sentiram ignoradas ou
menosprezadas, tanto dentre as que já vivem uma relação homossexual
quanto dentre as que discordam do projecto de lei. Sem contar as feridas e
as divisões causadas no próprio seio da comunidade cristã.
Neste mês do Coração de Jesus, oremos para conseguir, conforme o
convite do papa Francisco, promover uma verdadeira cultura do diálogo,
que constrói uma ponte entre os povos. Ela começa já nas nossas relações quotidianas, com a profunda benevolência para com o outro.
O padre Frédéric Fornos, SJ, é coordenador europeu do Apostolado da Oração
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