Pesquisa publicada na revista Nature Materials abre novas perspectivas para o estudo das redes neuronais
Roma, 25 de Junho de 2013
O desenvolvimento de uma nova tecnologia, a electrónica
orgânica transparente, capaz de levantar informações sobre a actividade
neural, abre uma nova plataforma de pesquisa. Os estudos, conduzidos por
dois institutos do Conselho Nacional italiano de Pesquisas, o Instituto
para o Estudo de Materiais Nanoestruturados (ISMN-CNR) e o Instituto de
Síntese Orgânica e Fotorreatividade (Isof-CNR), em parceria com o
Instituto Italiano de Tecnologia (IIT) e com a ETC, spin-off do CNR e
start-up do Grupo Saes, demonstrou que é possível estimular a actividade
neuronal, manipulá-la e lê-la através de uma ferramenta biocompatível: o
OCST, Organic Cell Stimulanting and Sensing Transistor. Os resultados
foram publicados na revista Nature Materials.
"O dispositivo é composto por um microchip orgânico transparente,
no qual são estabelecidas as redes neurais, caracterizado pela
capacidade de estimular e registar sinais eléctricos e gerar luz",
explica Michele Muccini, director do CNR-ISMN de Bolonha e coordenador do projecto juntamente com Stefano Toffanin e Valentina Benfenati. "Além
disso, como o OCST é biocompatível, ele consegue ficar em contato
durante um longo período de tempo com os neurónios primários sem que
eles sejam danificados, o que torna possível entender como eles
funcionam e modular a sua actividade com mais eficácia do que nas
tecnologias existentes hoje".
A aplicação deste instrumento oferece muitas vantagens. "Seu
desenvolvimento permite estudar também outros tipos de neurónios e de
células. É uma oportunidade para conseguir progressos significativos na
determinação do funcionamento do cérebro humano", diz Muccini. "No
futuro, a capacidade de interacção entre as células nervosas e o
dispositivo poderia ter aplicações na regeneração do tecido nervoso
periférico afectado por incidentes traumáticos, doenças neuro-degenerativas, como o Parkinson, ou no diagnóstico precoce de
eventos epilépticos".
O estudo envolveu uma equipe de treze pesquisadores, incluindo
especialistas em ciência e tecnologia de materiais, neurocientistas e
eletrofisiologistas, que trabalharam durante dois anos na sede do CNR em
Bolonha, dentro das directrizes estratégicas do Departamento de Ciências
Químicas e Tecnologias de Materiais da instituição e das pesquisas
sobre o desenvolvimento de tecnologias para a compreensão do
funcionamento do cérebro, objecto de importantes programas estratégicos
europeus e norte-americanos. A importância sócio-económica destas actividades levou a Comissão Europeia a definir o mês de maio 2013 como
"o mês europeu do cérebro”.
in
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