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quinta-feira, 27 de junho de 2013

OCST, um microchip orgânico para estudar os neurónios

Pesquisa publicada na revista Nature Materials abre novas perspectivas para o estudo das redes neuronais


Roma, 25 de Junho de 2013


O desenvolvimento de uma nova tecnologia, a electrónica orgânica transparente, capaz de levantar informações sobre a actividade neural, abre uma nova plataforma de pesquisa. Os estudos, conduzidos por dois institutos do Conselho Nacional italiano de Pesquisas, o Instituto para o Estudo de Materiais Nanoestruturados (ISMN-CNR) e o Instituto de Síntese Orgânica e Fotorreatividade (Isof-CNR), em parceria com o Instituto Italiano de Tecnologia (IIT) e com a ETC, spin-off do CNR e start-up do Grupo Saes, demonstrou que é possível estimular a actividade neuronal, manipulá-la e lê-la através de uma ferramenta biocompatível: o OCST, Organic Cell Stimulanting and Sensing Transistor. Os resultados foram publicados na revista Nature Materials.

"O dispositivo é composto por um microchip orgânico transparente, no qual são estabelecidas as redes neurais, caracterizado pela capacidade de estimular e registar sinais eléctricos e gerar luz", explica Michele Muccini, director do CNR-ISMN de Bolonha e coordenador do projecto juntamente com Stefano Toffanin e Valentina Benfenati. "Além disso, como o OCST é biocompatível, ele consegue ficar em contato durante um longo período de tempo com os neurónios primários sem que eles sejam danificados, o que torna possível entender como eles funcionam e modular a sua actividade com mais eficácia do que nas tecnologias existentes hoje".

A aplicação deste instrumento oferece muitas vantagens. "Seu desenvolvimento permite estudar também outros tipos de neurónios e de células. É uma oportunidade para conseguir progressos significativos na determinação do funcionamento do cérebro humano", diz Muccini. "No futuro, a capacidade de interacção entre as células nervosas e o dispositivo poderia ter aplicações na regeneração do tecido nervoso periférico afectado por incidentes traumáticos, doenças neuro-degenerativas, como o Parkinson, ou no diagnóstico precoce de eventos epilépticos".

O estudo envolveu uma equipe de treze pesquisadores, incluindo especialistas em ciência e tecnologia de materiais, neurocientistas e eletrofisiologistas, que trabalharam durante dois anos na sede do CNR em Bolonha, dentro das directrizes estratégicas do Departamento de Ciências Químicas e Tecnologias de Materiais da instituição e das pesquisas sobre o desenvolvimento de tecnologias para a compreensão do funcionamento do cérebro, objecto de importantes programas estratégicos europeus e norte-americanos. A importância sócio-económica destas actividades levou a Comissão Europeia a definir o mês de maio 2013 como "o mês europeu do cérebro”.



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