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terça-feira, 18 de junho de 2013

Inma Shara e como a música aproxima o homem de Deus: «A beleza guia-te à verdade»

Uma das grandes directoras de orquestra e católica

A jovem directora espanhola diz estar orgulhosa de ser católica e defende a sua educação religiosa. Ante o hedonismo, propõe os valores da música.


Actualizado 30 de Maio de 2013

Javier Lozano / ReL
“A Beleza salvará o mundo”. Esta célebre citação que aparece na obra ‘O Idiota’ de Dostoievski define como na procura do transcendente o ser humano tem um fiel aliado nas diferentes artes pois elevam o homem ao conhecimento da grandeza do Criador.

A música é, sem dúvida, um destes instrumentos e que ao longo da história ajudou muitos a achar esta Beleza através das notas e acordes. As Escrituras estão cheias de música. Muito consciente disso é Inma Shara, uma das directoras de orquestra mais relevantes do mundo. Esta jovem espanhola dirigiu nos melhores cenários e perante o público mais entendido mas sempre sem esquecer esta dupla dimensão que tem a música.

A música roça o mistério
Católica convencida e valente, expressa a sua fé com naturalidade e define a música como um instrumento mais que válido para chegar a Deus. Inma Shara assegura que “a música revela a beleza interior do homem. Às vezes pode expressar a dor. Mas inclusive nos seus acordes mais dolorosos, a música sublima o sofrimento em beleza”. De facto, vai mais além e assegura que “a música, mediante uma linguagem não racional, pode roçar o mistério com mais profundidade que qualquer filosofia”.

Por isso, não dúvida sempre que pode em recordar palavras de João Paulo II e Bento XVI sobre a música, ambos grandes amantes dela. Assim, a jovem directora basca incide que a música acompanha a experiência espiritual e permite ser um meio de conexão entre o homem e Deus. Por isso, recorda a carta que o agora Beato escreveu aos artistas em 1999 e na qual afirmava que “a beleza é a chave que nos abre ao mistério e à chamada da transcendência”.

A sua melhor prenda, tocar perante Bento XVI

Ela mesma teve a ocasião de dirigir no Vaticano perante Bento XVI. Foi em 2008 para comemorar o 60º aniversário da Declaração dos Direitos Humanos. Afirma que aquele momento foi “a melhor prenda da minha vida”. Aí ficava unida a sua condição de música e crente. “Houve em que sentia que não era eu quem dirigia mas sim Deus quem me deu o dom para fazê-lo”, afirmava.

“Deus ocupa um lugar primordial na minha vida e está claríssimo que no meu dia-a-dia a religião é algo importante”. Esta é a sua declaração de intenções. “Sou católica, recebi-o desde a minha infância e assim o mantive na minha vida. Para mim é algo tão consubstancial a mim como o meu próprio braço”.

Tal como na sua faceta profissional, Inma Shara é muito clara e directa na hora de expressar-se sobre as suas crenças. “Tenho a fé muito clara. Sinto-me orgulhosa de ser católica. Para mim a fé é um caminho de comportamento, é um caminho de ética e de amor, em definitivo. Porque envergonhar-se de sê-lo?”.

A família e a Igreja, chaves na sua vida
Para esta exitosa directora há dois aspectos na sua vida que foram chaves: a sua família e a sua educação. “Dou graças aos meus pais pela minha educação, pela minha educação religiosa, pelos valores, pela capacidade de sacrifício e de disciplina. Com a passagem dos anos vê-se o desenvolvimento de capacidades e aprende-se a valorizar o que tens”.

Assim, presume orgulhosa que primeiro foi a um colégio de religiosas italianas e mais tarde a um de josefinos. Deles, diz ter recebido valores e comportamentos éticos, algo que neste momento, crê Inma Shara, falta na nossa sociedade.

Deste modo, advoga pela necessidade de uma volta dos valores cristãos à sociedade de hoje. “Estamos criando modelos de felicidade erróneos, baseados na quantidade e não na qualidade. Vive de uma linguagem universal e aprendes a criar pontos afectivos e sabes que te enche de todo o coração. E isto reordena as tuas prioridades. Mas agora estamos submetidos a uns impulsos e modelos de felicidade equivocados: beleza absoluta, quanto mais tens mais feliz és… Há que retroceder e reordenar as prioridades da nossa vida. Vivemos objectivos que não são realistas e isto gera que haja pessoas insatisfeitas, inconformistas e inseguras”.

Lutadora contra o hedonismo e o relativismo
Perante isto, Inma Shara crê que “o objectivo é viver dia-a-dia com intensidade porque quando pomos todos os nossos objectivos em coisas materiais de alguma maneira somos pessoas frustradas”.

E o seu trabalho, a sua formação e a música ajudam-na nisto. “A música forma-te muito como ser humano. É uma beleza em si mesma e envia-te mensagens de serenidade”. Na sua opinião, esta arte não deixa de ser um “referente de comportamento ético pois estamos muito tentados pelo hedonismo”. Sem dúvida, “existem valores que te descobrem e te fazem sacrificar-te. A música guia-te e faz que pareça um sonho, parece que estás no céu”.

Como música, e amante profunda desta arte, Shara propõe esta volta à essência e à beleza. “É agora, em época de crise, quando mais temos que reflectir sobre a sociedade que criámos, com muita, muita informação, mas com muito pouca formação ética. É agora quando temos que por em dúvida se a ‘quantidade’ e o consumismo voraz são as chaves da felicidade.


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