O Santo Padre fez o anúncio hoje, durante a audiência com membros da Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos
Cidade do Vaticano, 14 de Junho de 2013
Nesta manhã, no Salão do Consistório do Palácio Apostólico
Vaticano, o Santo Padre Francisco recebeu em audiência os membros do
XIII Conselho Ordinário da Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos,
reunidos em assembleia sobre o tema “A nova evangelização para a
transmissão da fé”. Após a saudação do secretário geral do Sínodo dos
Bispos, dom Nikola Eterovic, o papa começou uma conversa com os bispos
do conselho, depois de fazer o discurso previsto.
O papa anunciou que irá terminar a encíclica iniciada pelo seu
predecessor, o papa emérito Bento XVI. Francisco explicou que pretende
trabalhar na exortação pós-sinodal dentro da "panorâmica mais ampla" que
é "a evangelização em geral", retomando o sínodo sobre a Nova
Evangelização, de Outubro de 2012.
O papa também expôs ao conselho ordinário o seu ponto de vista sobre
as questões da próxima Assembleia Geral Ordinária da Secretaria do
Sínodo dos Bispos. Em primeiro lugar, as questões da dignidade humana,
da família, da tecnologia, da relação entre a Igreja e o mundo,
inclusive por ocasião dos cinquenta anos da Gaudium et Spes, em 2015.
Menção especial foi feita por Francisco à ecologia, em particular à
“ecologia humana”, e, no âmbito antropológico, à questão da “laicidade
que se tornou laicismo”, ou secularização. Por fim, o Santo Padre falou
da colegialidade e da sua relação com o ministério petrino, bem como das
expectativas ligadas a ela.
***
Reproduzimos abaixo o texto do discurso do papa:
Queridos irmãos no episcopado,
Quero cumprimentá-los cordialmente, agradecendo de maneira especial a
dom Nikola Eterovic, secretário geral, pelas palavras que me dirigiu.
Através de vocês, estendo a minha saudação às Igrejas particulares
confiadas aos seus cuidados pastorais. Sou grato a vocês pela ajuda
oferecida ao bispo de Roma, no seu cargo de presidente do Sínodo dos
Bispos, para a elaboração e implementação do que surgiu na XIII Assembleia Geral Ordinária. É um serviço valioso à Igreja universal, que
exige disponibilidade, compromisso e sacrifício, inclusive para
enfrentar viagens longas. Meus sinceros agradecimentos a cada um de
vocês!
Eu gostaria de enfatizar a importância do tema daquela assembleia: a
nova evangelização para a transmissão da fé. Existe uma estreita ligação
entre esses dois elementos: a transmissão da fé cristã é o objectivo da
nova evangelização e de todo o trabalho de evangelização da Igreja, que
existe precisamente para isto. O termo "nova evangelização" destaca a
consciência cada vez mais clara de que, mesmo nos países de antiga
tradição cristã, é necessário um renovado anúncio do Evangelho, para
reconduzir a um encontro com Cristo que transforme de verdade a vida e
não seja superficial, marcado pela rotina. E isso tem consequências para
a acção pastoral.
Como observava o Servo de Deus Paulo VI, "as condições da sociedade
nos obrigam a rever os métodos, a procurar por todos os meios estudar a
forma de levar a mensagem cristã ao homem moderno, na qual ele pode
encontrar a resposta para as suas perguntas e a força para o seu
compromisso de solidariedade humana" (discurso ao Colégio dos Cardeais,
22 de Junho de 1973). O mesmo pontífice, na Evangelii nuntiandi,
um texto riquíssimo que não perdeu nada da sua actualidade, nos
recordava que o compromisso de anunciar o evangelho "é, sem dúvida
alguma, um serviço prestado não só à comunidade cristã, mas à humanidade
inteira" (nº 1).
Gostaria de encorajar toda a comunidade eclesial a ser
evangelizadora, a não ter medo de "sair de si mesma" para anunciar,
confiando principalmente na presença misericordiosa de Deus, que nos
guia. As técnicas são importantes, sem dúvida, mas nem mesmo as mais
avançadas delas poderiam substituir a acção discreta e muito eficaz
daquele que é o agente principal da evangelização: o Espírito Santo (cf.
ibidem, 75). Precisamos ser conduzidos por Ele, mesmo que por estradas
novas; precisam ser transformados por Ele, para que o nosso anúncio seja
feito com a palavra sempre acompanhada pela simplicidade de vida, pelo
espírito de oração, pela caridade para com todos, especialmente para com
os pequenos e pobres, pela humildade e desprendimento de si mesmo, pela
santidade de vida (cf. ibid., 76).
Um pensamento também sobre o Sínodo dos Bispos. Ele foi, com certeza,
um dos frutos do concílio Vaticano II. Graças a Deus, nestes quase
cinquenta anos, pudemos experimentar os benefícios desta instituição,
que, de modo permanente, se coloca a serviço da comunhão e da missão da
Igreja, como expressão da colegialidade. Isto eu posso testemunhar com
base na minha experiência pessoal, por ter participado de várias
assembleias sinodais. Abertos à graça do Espírito Santo, alma da Igreja,
temos a confiança de que o Sínodo dos Bispos viverá novos
desenvolvimentos para favorecer ainda mais o diálogo e a colaboração
entre os bispos e entre eles e o bispo de Roma.
Queridos irmãos, o seu encontro nesta semana em Roma tem por
finalidade ajudar-me na escolha do tema da próxima assembleia geral
ordinária. Agradeço pelas propostas apresentadas pelas instituições com
que a Secretaria Geral do Sínodo está em comunicação: os Sínodos das
Igrejas Orientais Católicas sui iuris, as Conferências Episcopais, os
Dicastérios da Cúria Romana, a Presidência da União dos Superiores
Gerais. Tenho certeza de que, com o discernimento acompanhado pela
oração, este trabalho trará frutos abundantes para toda a Igreja, que,
fiel ao Senhor, deseja anunciar Jesus Cristo com renovada coragem aos
homens e mulheres do nosso tempo. Ele é "o caminho, a verdade e a vida"
(Jo 14, 6) para todos e cada um.
Confiando o seu serviço eclesial à intercessão maternal da
bem-aventurada Virgem Maria, Estrela da Nova Evangelização, concedo de
coração, a vocês, aos seus colaboradores e às suas Igrejas particulares,
a bênção apostólica.
in
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