Papa Francisco: a verdadeira liberdade é a "liberdade do Espírito Santo", que exige "a abertura do coração"
Cidade do Vaticano, 10 de Junho de 2013
Mais uma vez, o papa Francisco se concentra no verdadeiro
significado da liberdade para os cristãos. Na missa matinal celebrada na
Casa Santa Marta, o papa começou a homilia com as palavras de São
Paulo, que, na primeira leitura de hoje (2 Cor 1,1-7), fala de
"consolação" para os cristãos do seu tempo, chamados a evangelizar em
meio a um clima de perseguição.
A consolação, disse o Santo Padre, é "a presença de Deus em nosso
coração", onde nosso Senhor só pode entrar se lhe abrirmos a porta, ou
seja, mediante a nossa "conversão". Encontrar Jesus e segui-lo implica
uma "mudança de vida", que torna "necessária uma força especial de
Deus".
Viver "na consolação do Espírito Santo" é uma das condições
necessárias para a "salvação", acrescentou o papa, recordando que
aqueles que vivem "na consolação do espírito do mundo" se enquadram
claramente no "pecado".
Entre o pecado e a salvação é impossível "negociar", frisou. Não por
acaso, o evangelho nos recorda que "não se pode servir a dois senhores".
A abertura ao "Espírito do Senhor" nos leva às bem-aventuranças, o tema
do evangelho de hoje (cf. Mt 5,1-12a).
As bem-aventuranças, disse Francisco, "não podem ser entendida apenas
com a inteligência humana": para compreendê-las, é necessário ter "um
coração aberto" à "consolação do Espírito Santo". Sem essa predisposição
da alma, as bem-aventuranças podem parecer "bobas"; no entanto, elas
são "novos mandamentos".
O instinto humano é mais facilmente levado a pensar que ser "pobre",
"humilde" e "misericordioso" não é um caminho para o "sucesso". As
bem-aventuranças, porém, são "a lei para aqueles que foram salvos e
abriram seu coração para a salvação"; em última instância, elas são a
"lei da liberdade", graças ao Espírito Santo.
Pode-se ainda regular a vida "com base em uma lista de mandamentos ou
procedimentos" de carácter "meramente humano", mas esta, sem dúvida, não
é a estrada para a salvação, que se consegue apenas quando se tem um
"coração aberto". A atitude oposta, de fechamento do coração, era a
postura daqueles que queriam "examinar" a "nova doutrina" de Jesus para,
depois, "discutir" com Ele.
Muitas pessoas, observou o papa, têm um "coração fechado para a
salvação" pelo simples fato de terem "medo da salvação" em si, embora
todos nós precisemos dela. Para nos salvar, devemos "dar tudo" ao
Senhor, mesmo que o nosso instinto seja o de "comandar".
É essencial, portanto, "pedir ao Senhor a graça de segui-lo", mas com
a liberdade do Espírito Santo: com a simples "liberdade humana",
corremos o risco de nos tornar "como aqueles fariseus e saduceus
hipócritas, que discutiam com Ele". E a hipocrisia consiste justamente
em "não permitir que o Espírito mude os corações com a sua salvação".
A liberdade puramente humana, desta forma, é um engano: "é apenas uma
forma de escravidão", disse o papa, ao passo que o Senhor nos dá,
supremo e sublime paradoxo, "uma forma de servidão que nos torna
livres".
O Santo Padre concluiu com a seguinte oração: "Peçamos a graça de
abrir os nossos corações para a consolação do Espírito Santo, para que
esta consolação, que é a salvação, nos faça entender esses mandamentos".
A missa foi concelebrada pelo papa com o cardeal Stanislaw Rylko e
com dom Joseph Clemens, respectivamente presidente e secretário do
Conselho Pontifício para os Leigos, e com dom George Valiamattam,
arcebispo de Tellicherry, na Índia. Participou da missa de um grupo de
sacerdotes e de funcionários do mesmo Pontifício Conselho para os
Leigos.
in
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