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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

O Rei do Bahréin doa uns terrenos para construir uma catedral católica


Hamad bin Issa al-Khalifa

Actualizado 28 Fevereiro 2013

Aci

O rei de Bahréin, Hamad bin Issa al-Khalifa, doou um terreno para a construção de uma Catedral católica neste país onde 80 por cento da população é muçulmana e só 9 por cento são cristãos.

O Vigário Apostólico da Arábia do Norte, Mons. Camillo Ballin, informou que o templo estará dedicado a Nossa Senhora da Arábia. “Eu estava no Kuwait quando me chamou por telefone o secretário do Ministro do ‘Follow-up’ para comunicar-me que o ministro queria reunir-se comigo”, informou à agência Fides.

Mons. Ballin indicou que já no Bahréin reuniu-se com “o ministro Shaykh Ahmed Bin Ateytallah Al Khalifa, que é a pessoa responsável por supervisionar se as decisões tomadas pelo rei ou pelo governo são postas em prática ou não, (e) entregou-me os títulos de propriedade de um terreno de 9.000 metros quadrados onde vamos construir a catedral”.

O documento tem data de 11 de Fevereiro, festa de Nossa Senhora de Lourdes, que no Bahréin se corresponde com Nossa Senhora da Arábia. "Nossas orações foram escutadas (…). Nossa Senhora da Arábia, é capaz de fazer milagres!", afirmou.


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De poeta trostkista ateu, a monge dominicano e filósofo tomista

O partido comunista parecia-lhe brando

Nasceu numa família sem fé, militava pela Revolução em Chicago, mas estudava Grandes Livros e São Tomás cativou-o.

Actualizado 28 Fevereiro 2013

P. J. Ginés/ReL


Benedict Ashley acaba de morrer, o 23 de Fevereiro de 2013. Tinha 97 anos, era frade dominicano, filósofo e professor, e os seus companheiros dizem que há poucos dias ainda estava sentado no seu computador, com o clássico hábito dominicano de cor branco e negro, queixando-se de que necessitava de um novo tinteiro.

Por suposto, Ashley não nasceu monge. De facto, nasceu numa família ateia. Foi a filosofia o que o levou a Cristo.


Ateus da pradaria
Nasceu em Neodesha, Kansas, durante a Primeira Guerra Mundial, em 1915; foi inscrito como Winston Norman Ashley, e cresceu num povoado da pradaria de Oklahoma. Os seus pais não tinham muita educação, mas acreditavam que formar-se era importante e tinham em casa uma Enciclopédia Britânica.

O menino não era bom nos desportos, assim dedicava-se a ler sem cessar. Pelas suas limitações físicas, desenvolveu "grande simpatia pelas minorias oprimidas" e pelo pacifismo.

Os seus pais estavam convencidos de que a ciência havia refutado a religião. Ashley dizia que de menino foi "ateu humanista".

 
Comunista é pouco; melhor trostkista
No instituto Ashley já tinha claro que queria ser escritor. Os seus pais, em plena Grande Depressão, não podiam enviá-lo à universidade, mas ele ganhou num concurso uma bolsa de estudos e desembarcou em Chicago em 1933, assombrado pela vida da grande cidade.

Ali conheceu primeiro o Sindicato de Estudantes Americanos, contrários aos recrutamentos militares. Depois, juntou-se à Liga dos Jovens Comunistas. Com eles desfilou no 1 de Maio de 1934 com bandeiras vermelhas. Mas então disseram-lhe que a Liga era de brandos, que não eram marxistas de verdade, que os que de verdade trabalhavam pela Revolução eram os trostkistas da Liga Juvenil Socialista Popular, que logo seria o Partido Socialista dos Trabalhadores (que no campus universitário eram uma centena).

Juntou-se a eles e logo teve o seu carnet do partido.


Nasce o Seminário ´Grandes Livros´
Entretanto, nesse momento o presidente da Universidade, Robert Maynard, e o professor de Direito Mortimer Adler estavam criando algo novo que ainda hoje triunfa nas universidades: uma educação clássica baseada em ler e debater as grandes obras clássicas, o seminário de Grandes Livros do Mundo Ocidental. Cada semana, os estudantes liam e debatiam um livro: Santo Agostinho, Karl Marx, Sigmund Freud, Aristóteles, Tomás de Aquino...

Ashley estudava estes livros, língua inglesa e militava no partido. Também escrevia poesia, ainda que o seu professor o novelista Thornton Wilder lhe dissesse que "um poeta tem a sua própria vocação e não deve atá-la à política".

"Eu lia os grandes livros, especialmente a São Tomás, e via-me forçado a pensar em Deus. E por outro lado, eu era um marxista pensando na revolução mundial. Gradualmente, a minha reflexão sobre São Tomás de Aquino convenceu-me de que a sua defesa do teísmo era melhor que a postura contrária de Marx ou Darwin", recorda.

Ainda queria viver como escritor e organizador político, quando começou a pensar em categorias espirituais. Veja que a postura católica tinha consistência lógica, mas que pensar da sua pretensão de "saber a verdade"? Um dia perguntou-se: o que faria falta para demonstrar a verdade da proposta católica? Um milagre, por exemplo, bastaria. Mas, pensou, "com que direito esperas tal coisa?" Deus não tinha obrigação de revelar-lhe verdades sobrenaturais.


Dar-lhe uma oportunidade à Igreja

Decidiu dar-lhe uma oportunidade à Igreja e começou a estudar a fé com um dominicano, a ordem a que pertenceu Santo Tomás. A razão o convenceu. E em 1937, recuperando-se de uma operação de apendicite complicada no hospital, começou a rezar. Assistia já à missa diária nos dominicanos. E em 1938 baptizou-se, um jovem intelectual de 23 anos.


Expulso do Partido por baptizar-se
"O Partido Socialista dos Trabalhadores expulsou-me pelo escândalo de baptizar-me, e tive que repensar o meu marxismo", recorda.

A busca da igualdade e a justiça social interessavam-no, mas os dogmas do marxismo não encaixavam com a sua fé. Acabou os seus estudos na Universidade de Notre Dame e em 1941 tomou os votos de dominicano e adoptou o nome Benedict. Queimou as suas novelas juvenis (por serem "carnais") e dedicou-se já então, sem parar, a escrever de teologia e ética.

Em 2006 recompilou e sintetizou toda a sua metafísica tomista no livro The Way Toward Wisdom. Recomendava lê-lo para ter uma base em metafísica antes de entrar no mundo dos "Grandes Livros" que hoje, aos estudantes desligados dessa cultura clássica, tornam-se pouco compreensíveis.

Em tempos recentes teve êxito também o seu livro "Answering Angry Atheists" ("Respondendo aos ateus zangados"). Foi amigo da síntese e o diálogo fé-razão e um estudioso da teologia do corpo e os desafios da bioética moderna.



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Participe na Iniciativa de Cidadãos Europeus “Um de nós”

Participe na Iniciativa de Cidadãos Europeus “Um de nós” (“One of us”). São necessárias um milhão de assinaturas para forçar a União Europeia a legislar sobre uma cultura de Vida na Europa, impedindo o financiamento de experimentações que impliquem a destruição de embriões e a promoção do aborto em países fora da União Europeia. Em Portugal a Federação Portuguesa pela Vida e muitas outras organizações promovem esta Iniciativa e a recolha de assinaturas.

Sobre esta Petição disse o Papa Bento XVI depois do Angelus do Domingo, 3 de Fevereiro: “Saúdo o movimento pela vida e desejo sucesso à iniciativa designada ‘Um de nós’, para que a Europa seja sempre lugar onde cada ser humano seja respeitado na sua dignidade”

Em que consiste esta Iniciativa?


A Iniciativa de Cidadãos é um instrumento legislativo da União Europeia (UE) aprovado no Tratado de Lisboa, pretende aproximar as Instituições Europeias dos cidadãos e melhorar a vivência democrática dentro da UE.

A Iniciativa “Um de nós” procura recolher pelo menos um milhão de assinaturas para pedir à UE a defesa da dignidade, o direito à vida e a integridade de todo o ser humano desde a sua concepção, de acordo com o apresentado pelo Tribunal da UE na sentença do caso Brüstle/Greenpeace, em 2011, onde reconheceu no embrião o princípio do desenvolvimento humano.

Deste modo, pede-se à UE que estabeleça formas de controlo dos fundos públicos que impeçam experiências médicas que impliquem a destruição de embriões e que protejam o embrião nas áreas da saúde pública, da educação, da propriedade intelectual, e do financiamento da investigação e a cooperação para o desenvolvimento.

A Iniciativa pede aos legisladores europeus que consagrem os seguintes princípios:

1. A inclusão do princípio pelo qual “não poderá ser aprovado o financiamento de actividades que destruam embriões humanos ou que pressuponham a sua destruição”.

2. A modificação dos “princípios éticos” em matéria de investigação que regem o Programa Quadro de Investigação e Inovação da UE (2014-2020) “Horizonte 2020” salvaguardando a igualdade de direitos de todos os seres humanos.

3. A alteração dos objectivos do Instrumento de Financiamento da Cooperação ao Desenvolvimento em países externos à UE, garantindo que a ajuda comunitária não é entregue a quem promove o aborto.

Quem promove?

A iniciativa é promovida por um Comité de Cidadãos composto por pessoas de Portugal, França, Alemanha, Espanha, Reino Unido, Hungria, Polónia e muitos mais países, tendo apoio de diversas personalidades e organizações nos 27 Estados Membros da UE. Em Portugal a Federação Portuguesa pela Vida é membro fundador do Comité de Cidadãos e promove a Iniciativa e a recolha de assinaturas.

O prazo para a recolha das assinaturas decorre até ao dia 1 de Novembro de 2013, sendo objectivo da Federação fazer a recolha de assinaturas até Abril de 2013.

Como aderir à Iniciativa?
Assine e divulgue em papel ou online em www.oneofus.eu

INSTRUÇÕES PARA RECOLHA DE ASSINATURAS:

1. Pode fotocopiar a folha de recolha

2. ATENÇÃO: Não se pode fazer qualquer alteração à folha de recolha, nem se pode escrever no verso da mesma;

3. Na recolha ter atenção que quem tem cartão de cidadão, deve incluir os 8 ou 9 dígitos do antigo BI seguido dos 4 dígitos adicionais (1 número, 2 letras e 1 número);

4. Devolver para Rua Artilharia 1, 48, 3ºdt, 1070-013 Lisboa até 30 de Abril de 2013

Contactos em Portugal
Secretariado: Teresa Margarido Correia Email: f.p.p.vida@gmail.com
Tlm: 91 087 18 73

Morada: Rua Artilharia 1, 48, 3ºdt, 1070-013 Lisboa

Outros contactos:

- Leiria – Liliana Verde: prasinal@gmail.com

- Porto – Vida Norte: geral@vidanorte.org / 226063046

- Algarve – Rita Parreira:962373797; Miguel Reis Cunha: 917138359; algarve.vida@gmail.com

Se quiser ser um contacto para a campanha de recolha de assinaturas na sua cidade mande-nos um mail para
f.p.p.vida@gmail.com

Saiba mais em www.oneofus.eu

Donativos

Como em ocasiões anteriores informamos que as despesas desta campanha são integralmente suportadas a título pessoal por alguns dos seus promotores pelo que se agradece qualquer contributo para ajudar a suportar o correspondente esforço financeiro. De todos os donativos (que podemos receber em numerário, cheque ou transferência para o NIB 0033 0000 4523 7432 161 05) será passado recibo pela Federação Portuguesa pela Vida.

NÃO ESQUEÇA: TODAS AS ASSINATURAS DEVEM SER DEVOLVIDAS ATÉ AO DIA 30 DE ABRIL

Obrigado!

Federação Portuguesa pela Vida
Rua Artilharia Um, nº 48 – 3º Dtº 1070-013 Lisboa

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Juntos pela Vida http://www.juntospelavida.org juntospelavida@gmail.com



Messori denuncia a manipulação dos que analisam o religioso desde categorias políticas

Dura crítica a alguns mass-media

Messori refere-se a esses jornalistas e meios de comunicação como "artífices da desinformação que criaram raízes em todos os media-system mundial".

Actualizado 27 Fevereiro 2013

ReL


Messori escreveu um artigo demolidor sobre o juízo que fazem alguns meios de comunicação da corte laicista sobre o momento que está vivendo a Igreja. Intitula-o: Essa leitura política que desfigura a Igreja

O famoso escritor italiano assinala que "fazem rir os especialistas e pretendidos experts de todo o mundo que nestas semanas, com um ar de superioridade de quem tudo sabe, desenham coordenadas nos seus meios de comunicação, denunciam acordos e indicam estratégias mais ou menos ocultas entre os eleitores. O foco de artigos e aparições televisivas similares é pedante e sedutor. Parece que quem escreve ou fala pisca o olho para dar a entender que é necessário ser rápido e que é ele, que conhece o que ocorre na astúcia oculta, o que revelará o que sucede realmente detrás: toda uma questão de poder e de dinheiro em lugar de religião!".

Categorias impróprias de direita-esquerda
"Muitos destas presumíveis análises são vanilóquios que fazem rir: segundo um inextirpável vicio, aplicam-se categorias impróprias para interpretar uma realidade totalmente diversa. É a deformação obsessiva, poderíamos dizer maníaca, de quem pretende interpretar a realidade religiosa utilizando também as habituais categorias políticas, as aborrecidas e desgastadas (e, neste caso, totalmente enganosas) distinções entre direita—esquerda, conservadores—progressistas, tradicionalistas—modernistas, dialogantes—integristas".

A deformação impede a compreensão
"O resultado - diz Messori - é a total incompreensão da vida eclesial, e a idiotice deformante apresentada como um brilhante e agudo exame. «Todo o ente», adverte são Tomás de Aquino fazendo-se eco de Aristóteles «deve ser interpretado e entendido de acordo com entidades da sua mesma natureza». Que se pode compreender das intenções profundas de homens de fé, no vértice da Igreja de Cristo, conscientes de que deverão aparecer diante Dele para ser julgados? Que se pode compreender?

Quem queria interpretar estes anciãos sacerdotes — frequentemente com biografias heróicas, perseguidos por causa da sua fé — como se fossem personagens de uma câmara de deputados do mundo ou como membros do conselho de administração de uma multinacional qualquer?".

Messori sublinha que "se utilizamos termos fortes para estes artífices da desinformação que criaram raízes — hoje como sempre— em todo o media-system mundial, é para adequar-nos ao estilo cortante utilizado uma vez também por ele manso e mensurado Bento XVI".

Uma leitura tendenciosa do Vaticano II
"Bento XVI, que recordou que ao povo, incluindo o católico, não lhe chegaram os documentos autênticos, mas sim as suas interpretações tendenciosas realizadas por jornalistas, comentadores, escritores, quando não especialistas e experts clericais partidários de «facções». Mas é injusto julgar a vitimização habitual, como se a deformação do Concílio tivesse sido obra de algum complot externo: na realidade (o mesmo Ratzinger o recordou com frequência) boa parte do desastre, diria que é mais pernicioso, foi levado a cabo por homens de Igreja. Ao mundo inteiro e ao próprio Povo de Deus não lhe chegou o impulso religioso dos Padres, o fervor por ele apostolado, a sua visão até o Evangelho de sempre e de hoje; mas bem ao contrário, chegou-lhe a leitura «política» obscura, estreita e sectária".

Desencontro progressistas-conservadores?
"Aquelas complexas e sábias catedrais teológicas na miniatura que eram e são os documentos autênticos do Vaticano II foram constrangidos numa camisa-de-forças de um presumível desencontro sem exclusão de culpas entre progressistas e conservadores, entre a obscura reacção na obscuridade e o luminoso sol do futuro invocado pelos esquerdistas, por aquele então com túnica, mas logo em traje de esquimó".

Lutas de poder, lobbby...?
"No seu discurso quente e paterno ao clero romano, o Papa Ratzinger não duvidou em utilizar palavras de dura condenação («foi uma calamidade, criou muitas misérias») até as intrusões dos meios de comunicação, guiados por aqueles que pretendiam dividir tudo entre «direita» e «esquerda», aqueles que queriam reduzir tudo a uma questão de lobby, de pessoas que se enfrentavam entre si para defender ou para conquistar o poder".

Reduzir a Igreja a uma perspectiva só humana
"Quem vive dentro da Igreja — e não por uma pertença sociológica aborrecida, mas sim pelo dom vivo e gratuito da fé — constata a miséria e a impotência dos esquemas que queriam reduzir a perspectivas trivialmente humanas a complexa e rica experiência religiosa. O crente sabe que as chamadas formações de conclavistas, ainda que existam, não se explicam — ao menos não mais que em alguns casos marginais — com as categorias válidas para a dialéctica política. É certo que também o aspecto político é importante na parte humana da Igreja e os seus homens se equivocariam se não o tivessem em conta. O erro é tentar medir com esse metro «outra» realidade como a Igreja".

Por último, o escritor italiano assinala aqueles analistas alheios à Igreja que opinam dela com grande segurança: "Que pode compreender desta perspectiva uma pessoa que não participa dela e que talvez presume desta distância, fazendo-a passar como uma garantia de objectividade?".


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Bento XVI despede-se ante 200.000 fiéis: «Não volto à vida privada nem abandono a cruz»


Mostras de carinho ao Papa

Actualizado 27 Fevereiro 2013

ReL

Na audiência mais emotiva e comovedora de todo o seu pontificado, Bento XVI despediu-se publicamente como Pontífice ante os 200.000 fiéis congregados na praça de São Pedro com umas palavras contundentes: «Não regresso à vida privada, a uma vida de viagens, encontros recepções, etc. Não abandono a cruz mas sim permaneço de um modo novo junto ao Senhor Crucificado».

Ao serviço da oração
O Santo Padre afirmou que a partir da noite de quinta-feira «deixarei de ter o poder de governo, mas permaneço no ambiente de são Pedro com o serviço da oração».

Bento XVI mostrava-se contente e comovido pelas mostras de carinho dos 200.000 fiéis reunidos na despedida. Reconheceu ter tido momentos «de glória e de luz» e momentos «de águas agitadas e vento contrário» ao longo destes quase oito anos, «mas em nenhum momento me senti só».

Confiança no Senhor
No momento da despedida, Bento XVI manifestou sentir «uma grande confiança, porque sei, porque sabemos todos, que a Palavra de verdade do Evangelho é a força da Igreja».

O Papa agradeceu a ajuda recebida dos cardeais de todo o mundo e da Cúria vaticana, assim como a ajuda dos embaixadores, e também dos jornalistas.

Milhares de cartas de agradecimento
Agradeceu também as milhares de cartas recebidas nas últimas semanas de muitos fiéis correntes «que me escrevem como irmãos e irmãs, como filhos e filhas, com o sentido de uma relação familiar muito afectuosa».

Também assinalou as cartas de chefes de Estado e personagens importantes.

Na sua última lição como Papa sublinhou que nessas cartas e mensagens de pessoas simples «se pode tocar o que é a Igreja: não é uma organização, não é uma associação para fins religiosos ou humanitários, mas sim um corpo vivo, uma comunhão de irmãos e irmãs no Corpo de Jesus Cristo».

Amar a Igreja é tomar decisões difíceis
O Papa recordou que deu o passo de renunciar «na plena consciência da sua gravidade e da sua novidade, mas também com uma profunda serenidade de ânimo», pois «amar a Igreja significa ter a valentia de tomar decisões difíceis, dolorosas, tendo sempre diante o bem da Igreja e não o próprio».

As suas últimas palavras na catequese em italiano foram uma súplica de orações aos fiéis que abarrotavam a praça de São Pedro: «Peço-lhes que me recordeis diante de Deus e, sobretudo, que rezeis pelos cardeais chamados a uma tarefa muito relevante e pelo novo Sucessor do Apóstolo Pedro. Que o Senhor o acompanhe com a luz e a força do seu Espírito».



Discurso integral do Papa na sua última audiência
«Venerados irmãos no Episcopado! Distinguidas autoridades! Queridos irmãos e irmãs!» Agradeço-vos por terem vindo tão numerosos a esta última audiência geral do meu pontificado.

Como o apóstolo Paulo no texto bíblico que temos escutado, também eu sinto no meu coração o dever sobretudo de agradecer a Deus, que guia e faz crescer a Igreja, que semeia a sua Palavra e assim alimenta a fé no seu Povo.

Neste momento o meu ânimo estende-se para abraçar toda a Igreja difundida no mundo e dou graças a Deus pelas "notícias" que nestes anos do ministério petrino pude receber acerca da fé no Senhor Jesus Cristo e da caridade que está no Corpo da Igreja e o faz viver no amor e da esperança que nos abre e nos orienta até à vida em plenitude, até à pátria do Céu.

Sinto que hei-de levar a todos na oração, num presente que é o de Deus, onde escolho todo o encontro, toda a viagem, toda a visita pastoral. Tudo e a todos os escolho na oração para confiá-los ao Senhor porque temos pleno conhecimento da sua vontade, com toda a sabedoria e inteligência espiritual, e porque podemos comportar-nos de maneira digna Dele, do seu amor, dando fruto em toda a obra boa (cfr Col 1,9-10).

Neste momento, há em mim uma grande confiança, porque sei, sabemos todos nós, que a Palavra de verdade do Evangelho é a força da Igreja, é a sua vida. O Evangelho purifica e renova, dá fruto, onde esteja a comunidade dos crentes o escuta e acolhe a graça de Deus na verdade e vive na caridade. Esta é a minha confiança, esta é a minha alegria.

Quando em 19 de Abril de há quase oito anos, aceitei assumir o ministério petrino, tive firme esta certeza que sempre me acompanhou. Naquele momento, como já disse várias vezes, as palavras que ressoaram no meu coração foram: "Senhor, que coisa me pedes?" É um peso grande o que me pões sobre as costas, mas se Tu me pedes, na tua palavra lançarei as redes, seguro que Tu me guiarás.

E o Senhor verdadeiramente me guiou, esteve próximo a mim, pude perceber quotidianamente a sua presença. Foi um pedaço de caminho da Igreja que teve momentos de alegria e de luz, mas também momentos não fáceis; senti-me como São Pedro com os Apóstolos na barca sobre o lago da Galileia: o Senhor nos deu muitos dias de sol e de brisa ligeira, dias nos quais a pesca foi abundante; e houve também momentos nos quais as águas estavam agitadas e o vento era contrário, como em toda a história da Igreja, e o Senhor parecia dormir.

Mas sempre soube que naquela barca está o Senhor e sempre soube que a barca da Igreja não é minha, não é nossa, mas sim que é sua e não a deixa afundar-se; é Ele quem a conduz certamente também através de homens que escolheu, porque assim o quis. Esta foi e é uma certeza que nada pode ofuscar. E é por isto que hoje o meu coração está cheio de agradecimento a Deus porque não deixou nunca que lhe falte a Igreja e também a mim o seu consolo, a sua luz e o seu amor.

Estamos no Ano da Fé, que quis para reforçar a nossa fé em Deus num contexto que parece pô-lo sempre mais em segundo plano. Quis convidar todos a renovar a firme confiança no Senhor, a confiar-nos como crianças nos braços de Deus, certeiros de que esses braços nos sustem sempre e são o que permite caminhar cada dia também na fadiga. Quis que cada um se sentisse amado por aquele Deus que deu o seu filho a nós e que nos mostrou o seu amor sem limites.

Quis que cada um sentisse a alegria de ser cristão. Numa bela oração que se recita quotidianamente na manhã se diz: "Te adoro Deus meu e te amo com todo o coração. Agradeço-te por me teres criado, feito cristão…" Se, estamos contentes pelo dom da fé, é o bem mais precioso, que ninguém nos pode tirar! Agradecemos ao Senhor por isto todos os dias, com a oração e com uma vida cristã coerente. Deus nos ama, mas espera que também que nós o amemos!

Mas não é somente Deus a quem quero agradecer neste momento. Um Papa não está só na guia da Barca de Pedro, se bem que é sua primeira responsabilidade, e eu não me sentido só nunca em obter a alegria e o peso do ministério petrino; o Senhor deu-me tantas pessoas que, com generosidade e amor a Deus e à Igreja, me ajudaram e estiveram próximas a mim.

Antes de mais nada a vós, queridos irmãos cardeais: a vossa sabedoria, os vossos conselhos, a vossa amizade foram para mim preciosos; os meus colaboradores; começando pelo meu Secretário de Estado que me acompanhou com fidelidade nestes anos; a Secretaria de Estado e toda a Cúria Romana, como também todos aqueles que, em diversos sectores, prestam o seu serviço à Santa Sé: são muitos rostos que não aparecem, que ficam na sombra, mas no silêncio, na dedicação quotidiana, com espírito de fé e humildade foram para mim um sustém seguro e confiável. Uma referência especial para a Igreja de Roma, a minha diocese!

Não posso esquecer os irmãos no Episcopado e no presbiterado, as pessoas consagradas e todo o Povo de Deus: nas visitas pastorais, nos encontros, nas audiências, nas viagens, sempre percebi uma grande atenção e um profundo afecto; mas também quis a todos e a cada um, sem distinção, com aquela caridade pastoral que dá o coração de Pastor, sobretudo de Bispo de Roma, de Sucessor do Apóstolo Pedro. Cada dia tive a cada um de vós na minha oração, com coração de pai.

Quis que a minha saudação e o meu agradecimento alcançasse a todos: o coração de um Papa estende-se ao mundo inteiro. E quis expressar a minha gratidão ao Corpo diplomático junto da Santa Sé, que faz presente a grande família das nações. Aqui também penso em todos aqueles que trabalham para uma boa comunicação e que agradeço pelo seu importante serviço.

Neste ponto quis agradecer de coração também a todas as numerosas pessoas em todo o mundo que nas últimas semanas me enviaram sinais comovedores de atenção, de amizade na oração. Sim, o Papa nunca está só, e agora o experimento novamente de um modo tão grande que toca o coração. O Papa pertence a todos e a tantíssimas pessoas que se sentem próximas dele.

É certo que recebo cartas dos grandes do mundo: dos Chefes de Estado, dos chefes religiosos, dos representantes do mundo da cultura, etecetera. Mas recebo também muitíssimas cartas de pessoas simples que me escrevem simplesmente desde o seu coração e me fazem sentir o seu afecto, que nasce do estar juntos com Cristo Jesus, na Igreja. Estas pessoas não me escrevem como se escreve por exemplo a um príncipe ou a um grande que não se conhece. Escrevem-me como irmãos e irmãs ou como filhos e filhas, com o sentido de uma relação familiar muito afectuosa.

Aqui se pode tocar com a mão que coisa é a Igreja: não é uma organização nem uma associação de fins religiosos ou humanitários; mas sim um corpo vivo, uma comunhão de irmãos e irmãs no Corpo de Jesus Cristo, que nos une a todos. Experimentar a Igreja deste modo e poder quase tocar com as mãos a força da sua verdade e do seu amor é motivo de alegria, num tempo no qual tantos falam do seu declive.

Nestes últimos meses, senti que as minhas forças diminuíram e pedi a Deus com insistência na oração que me ilumine com a sua luz para fazer-me tomar a decisão mais justa não pelo meu bem, mas sim pelo bem da Igreja. Dei este passo na plena consciência da sua gravidade e inclusive da sua novidade, mas com uma profunda serenidade de ânimo. Amar a Igreja significa também ter a coragem de tomar decisões difíceis, sofredoras, tendo sempre primeiro o bem da Igreja e não o de si próprio.

Aqui permitam-me voltar uma vez mas a 19 de Abril de 2005. A gravidade da decisão esteve no facto que desde aquele momento estava sempre e para sempre ocupado no Senhor. Sempre que alguém assume o ministério petrino não tem mais privacidade alguma. Pertence sempre e totalmente a todos, a toda a Igreja.

A sua vida se lhe retira, por assim dizer, a dimensão privada. Pude experimentar e o experimento precisamente agora, que se recebe a vida justamente quando se a doa. Já disse que muitas pessoas que amam o Senhor amam também ao Sucessor de São Pedro e tem-lhe afecto; que o Papa tem verdadeiramente irmãos e irmãs, filhos e filhas em todo o mundo, e que se sente seguro no abraço da sua comunhão; porque não se pertence mais a si mesmo, pertence a todos e todos pertencem a ele.

O "sempre" é também um "para sempre": não se pode voltar mais ao privado. A minha decisão de renunciar ao exercício activo do ministério não revoga isto. Não volto à vida privada, a uma vida de viagens, encontros, recebimentos, conferências, etecetera. Não abandono a cruz, mas sim que fico de modo novo ante o Senhor crucificado.

Já não levo o poder do ofício para o governo da Igreja, mas sim que no serviço da oração fico, por assim dizer, no recinto de São Pedro. São Benito, cujo nome levo como Papa, será um grande exemplo disto. Ele mostrou o caminho para uma vida que, activa ou passiva, pertence totalmente à obra de Deus.

»Agradeço a todos e a cada um também pelo respeito e a compreensão com a que acolheram esta decisão tão importante. Continuarei acompanhando o caminho da Igreja com a oração e a reflexão, com aquela dedicação ao Senhor e à sua Esposa que procurei viver até agora cada dia e que quero viver sempre.

Peço-lhes para me recordarem perante Deus, e sobretudo rezar pelos cardeais chamados a uma tarefa tão relevante, e pelo novo Sucessor do Apóstolo Pedro: que o Senhor o acompanhe com a luz e a força do seu Espírito.

Invoquemos a intercessão maternal da Virgem Maria, Mãe de Deus e da Igreja, para que nos acompanhe a cada um de nós e a toda a comunidade eclesial; a ela nos acolhemos com profunda confiança.

Queridos amigos! Deus guia a sua Igreja, a levanta sempre também e sobretudo nos momentos difíceis. Não percamos nunca esta visão de fé, que é a única e verdadeira visão do caminho da Igreja e do mundo. Que no nosso coração, no coração de cada um de vós, esteja sempre a alegre certeza de que o Senhor está ao nosso lado, não nos abandona, é próximo e nos rodeia com o seu amor. Obrigada!».


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"A Palavra de verdade do Evangelho é a força da Igreja, é a sua vida"

As palavras de Bento XVI na última Audiência Geral do seu pontificado


Roma,


Publicamos a seguir as palavras de Bento XVI dirigidas aos fiéis e peregrinos reunidos na Praça de São Pedro na última Audiência Geral do seu pontificado.

Venerados irmãos no Episcopado e no Sacerdócio!
Ilustres Autoridades!
Queridos irmãos e irmãs!

Agradeço-vos por terem vindo em tão grande número para esta minha última Audiência geral.

Obrigado de coração! Estou realmente tocado! E vejo a Igreja viva! E penso que devemos também dizer um obrigado ao Criador pelo tempo belo que nos doa agora ainda no inverno.

Como o apóstolo Paulo no texto bíblico que ouvimos, também eu sinto no meu coração o dever de agradecer sobretudo a Deus, que guia e faz crescer a Igreja, que semeia a sua Palavra e assim alimenta a fé no seu Povo. Neste momento a minha alma se expande para abraçar toda a Igreja espalhada no mundo; e dou graças a Deus pelas “notícias” que nestes anos do ministério petrino pude receber sobre a fé no Senhor Jesus Cristo, e da caridade que circula realmente no Corpo da Igreja e o faz viver no amor, e da esperança que nos abre e nos orienta para a vida em plenitude, rumo à pátria do Céu.

Sinto levar todos na oração, um presente que é aquele de Deus, onde acolho em cada encontro, cada viagem, cada visita pastoral. Tudo e todos acolho na oração para confiá-los ao Senhor: para que tenhamos plena consciência da sua vontade, com toda sabedoria e inteligência espiritual, e para que possamos agir de maneira digna a Ele, ao seu amor, levando frutos em cada boa obra (cfr Col 1,9-10).

Neste momento, há em mim uma grande confiança, porque sei, todos nós sabemos, que a Palavra de verdade do Evangelho é a força da Igreja, é a sua vida. O Evangelho purifica e renova, traz frutos, onde quer que a comunidade de crentes o escuta e acolhe a graça de Deus na verdade e vive na caridade. Esta é a minha confiança, esta é a minha alegria.

Quando, em 19 de Abril há quase oito anos, aceitei assumir o ministério petrino, tive a firme certeza que sempre me acompanhou: esta certeza da vida da Igreja, da Palavra de Deus. Naquele momento, como já expressei muitas vezes, as palavras que ressoaram no meu coração foram: Senhor, porque me pedes isto e o que me pede? É um peso grande este que me coloca sobre as costas, mas se Tu lo me pedes, sobre tua palavra lançarei as redes, seguro de que Tu me guiarás, mesmo com todas as minhas fraquezas. E oito anos depois posso dizer que o Senhor me guiou, esteve próximo a mim, pude perceber quotidianamente a sua presença. Foi uma parte do caminho da Igreja que teve momentos de alegria e de luz, mas também momentos não fáceis; senti-me como São Pedro com os Apóstolos na barca no mar da Galileia: o Senhor nos doou tantos dias de sol e de leve brisa, dias no qual a pesca foi abundante; houve momentos também nos quais as águas eram agitadas e o vento contrário, como em toda a história da Igreja, e o Senhor parecia dormir. Mas sempre soube que naquela barca está o Senhor e sempre soube que a barca da Igreja não é minha, não é nossa, mas é Sua. E o Senhor não a deixa afundar; é Ele que a conduz, certamente também através dos homens que escolheu, porque assim quis. Esta foi e é uma certeza, que nada pode ofuscá-la.  E é por isto que hoje o meu coração está cheio de agradecimento a Deus porque não fez nunca faltar a toda a Igreja e também a mim o seu consolo, a sua luz, o seu amor.

Estamos no Ano da Fé, que desejei para reforçar propriamente a nossa fé em Deus em um contexto que parece colocá-Lo sempre mais em segundo plano. Gostaria de convidar todos a renovar a firme confiança no Senhor, a confiar-nos como crianças nos braços de Deus, certo de que aqueles braços nos sustentam sempre e são aquilo que nos permite caminhar a cada dia, mesmo no cansaço. Gostaria que cada um se sentisse amado por aquele Deus que doou o seu Filho por nós e que nos mostrou o seu amor sem limites. Gostaria que cada um sentisse a alegria de ser cristão. Em uma bela oração para recitar-se quotidianamente de manhã se diz: “Adoro-te, meu Deus, e te amo com todo o coração. Agradeço-te por ter me criado, feito cristão…”. Sim, somos contentes pelo dom da fé; é o bem mais precioso, que ninguém pode nos tirar! Agradeçamos ao Senhor por isto todos os dias, com a oração e com uma vida cristã coerente. Deus nos ama, mas espera que nós também o amemos!

Mas não é somente a Deus que quero agradecer neste momento. Um Papa não está sozinho na guia da barca de Pedro, mesmo que seja a sua primeira responsabilidade. Eu nunca me senti sozinho no levar a alegria e o peso do ministério petrino; o Senhor colocou tantas pessoas que, com generosidade e amor a Deus e à Igreja, ajudaram-me e foram próximas a mim. Antes de tudo vós, queridos Cardeais: a vossa sabedoria, os vossos conselhos, a vossa amizade foram preciosos para mim; os meus Colaboradores, a começar pelo meu Secretário de Estado que me acompanhou com fidelidade nestes anos; a Secretaria de Estado e toda a Cúria Romana, como também todos aqueles que, nos vários sectores, prestaram o seu serviço à Santa Sé: são muitas faces que não aparecem, permanecem na sombra, mas propriamente no silêncio, na dedicação quotidiana, com espírito de fé e humildade foram para mim um apoio seguro e confiável. Um pensamento especial à Igreja de Roma, a minha Diocese! Não posso esquecer os Irmãos no Episcopado e no Sacerdócio, as pessoas consagradas e todo o Povo de Deus: nas visitas pastorais, nos encontros, nas audiências, nas viagens, sempre percebi grande atenção e profundo afecto; mas também eu quis bem a todos e a cada um, sem distinções, com aquela caridade pastoral que é o coração de cada Pastor, sobretudo do Bispo de Roma, do Sucessor do Apóstolo Pedro. Em cada dia levei cada um de vós na oração, com o coração de pai.

Gostaria que a minha saudação e o meu agradecimento alcançasse todos: o coração de um Papa se expande ao mundo inteiro. E gostaria de expressar a minha gratidão ao Corpo diplomático junto à Santa Sé, que torna presente a grande família das Nações. Aqui penso também em todos aqueles que trabalham para uma boa comunicação, a quem agradeço pelo seu importante serviço.

Neste ponto gostaria de agradecer verdadeiramente de coração todas as numerosas pessoas em todo o mundo, que nas últimas semanas me enviaram sinais comoventes de atenção, de amizade e de oração. Sim, o Papa não está nunca sozinho, agora experimento isso mais uma vez de um modo tão grande que toca o coração. O Papa pertence a todos e tantas pessoas se sentem muito próximas a ele. É verdade que recebo cartas dos grandes do mundo – dos Chefes de Estado, dos Líderes religiosos, de representantes do mundo da cultura, etc. Mas recebo muitas cartas de pessoas simples que me escrevem simplesmente do seu coração e me fazem sentir o seu afecto, que nasce do estar junto com Cristo Jesus, na Igreja. Estas pessoas não me escrevem como se escreve, por exemplo, a um príncipe ou a um grande que não se conhece. Escrevem-me como irmãos e irmãs ou como filhos e filhas, com o sentido de uma ligação familiar muito afectuosa. Aqui pode se tocar com a mão o que é a Igreja – não uma organização, uma associação para fins religiosos ou humanitários, mas um corpo vivo, uma comunhão de irmãos e irmãs no Corpo de Jesus Cristo, que une todos nós. Experimentar a Igreja deste modo e poder quase tocar com as mãos a força da sua verdade e do seu amor é motivo de alegria, em um tempo no qual tantos falam do seu declínio. Mas vejamos como a Igreja é viva hoje!

Nestes últimos meses, senti que as minhas forças estavam diminuindo e pedi a Deus com insistência, na oração, para iluminar-me com a sua luz para fazer-me tomar a decisão mais justa não para o meu bem, mas para o bem da Igreja. Dei este passo na plena consciência da sua gravidade e também inovação, mas com profunda serenidade na alma. Amar a Igreja significa também ter coragem de fazer escolhas difíceis, sofrer, tendo sempre em vista o bem da Igreja e não de si próprio.

Aqui, permitam-me voltar mais uma vez a 19 de Abril de 2005. A gravidade da decisão foi propriamente no fato de que daquele momento em diante eu estava empenhado sempre e para sempre no Senhor. Sempre – quem assume o ministério petrino já não tem mais privacidade alguma. Pertence sempre e totalmente a todos, a toda a Igreja. Sua vida vem, por assim dizer, totalmente privada da dimensão privada. Pude experimentar, e o experimento precisamente agora, que se recebe a própria vida quando a doa. Antes disse que muitas pessoas que amam o Senhor amam também o Sucessor de São Pedro e estão afeiçoadas a ele; que o Papa tem verdadeiramente irmãos e irmãs, filhos e filhas em todo o mundo, e que se sente seguro no abraço da vossa comunhão; porque não pertence mais a si mesmo, pertence a todos e todos pertencem a ele.

O “sempre” é também um “para sempre” – não há mais um retornar ao privado. A minha decisão de renunciar ao exercício activo do ministério não revoga isto. Não retorno à vida privada, a uma vida de viagens, encontros, recepções, conferências, etc. Não abandono a cruz, mas estou de modo novo junto ao Senhor Crucificado. Não carrego mais o poder do ofício para o governo da Igreja, mas no serviço da oração estou, por assim dizer, no recinto de São Pedro. São Bento, cujo nome levo como Papa, será pra mim de grande exemplo nisto. Ele nos mostrou o caminho para uma vida que, activa ou passiva, pertence totalmente à obra de Deus.

Agradeço a todos e a cada um também pelo respeito e pela compreensão com o qual me acolheram nesta decisão tão importante. Continuarei a acompanhar o caminho da Igreja com a oração e a reflexão, com aquela dedicação ao Senhor e à sua Esposa que busquei viver até agora a cada dia e que quero viver sempre. Peço-vos para lembrarem-se de mim diante de Deus e, sobretudo, para rezar pelo Cardeais, chamados a uma tarefa tão importante, e pelo novo Sucessor do Apóstolo Pedro: o Senhor o acompanhe com a sua luz e a força do seu Espírito.

Invoquemos a materna intercessão da Virgem Maria Mãe de Deus e da Igreja para que acompanhe cada um de nós e toda a comunidade eclesial; a ela nos confiemos, com profunda confiança.

Queridos amigos! Deus guia a sua Igreja, a apoia mesmo e sobretudo nos momentos difíceis. Não percamos nunca esta visão de fé, que é a única verdadeira visão do caminho da Igreja e do mundo. No nosso coração, no coração de cada um de vós, haja sempre a alegre certeza de que o Senhor está ao nosso lado, não nos abandona, está próximo a nós e nos acolhe com o seu amor. Obrigado!

(Tradução:CN noticias)


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O HIV afeta a capacidade de reconhecer as emoções no rosto dos outros

Deficits neurocognitivos estão entre os problemas que os seropositivos precisam enfrentar


Roma,


Uma equipe de pesquisa da Universidade Católica de Roma descobriu que o vírus da sida também afecta a capacidade dos pacientes com HIV de reconhecer as emoções no rosto das outras pessoas, especialmente as expressões faciais que revelam medo e felicidade.

A descoberta é o resultado de um trabalho publicado pela revista de acesso gratuito BMC Psychology. A pesquisa foi feita pela dra. Eleonora Baldonero, doutoranda no Instituto de Clínica de Doenças Infecciosas da Universidade Católica de Roma, e coordenada pela professora Maria Caterina Silveri, responsável pelo ambulatório da Clínica de Memória - Unidade Day Hospital de Geriatria da Universidade Católica - Policlínica Gemelli, em Roma.

As pesquisadoras descobriram que as deficiências no sistema natural de reconhecimento de emoções alheias, importantíssima capacidade humana que permite a empatia, tem a ver com outros problemas enfrentados pelos portadores de HIV, como os deficits de memória de curto prazo e os mais gerais distúrbios cognitivos. Isto sugere que existe uma relação entre a capacidade de reconhecer as expressões faciais e outras funções cognitivas, que dependem da actividade de estruturas cerebrais complexas, tais como a amígdala, que é uma área importante para a emotividade, na qual nasce, por exemplo, a sensação de medo após a percepção de perigo.

"A expectativa de vida das pessoas com HIV/sida tem aumentado significativamente nos últimos anos graças a novas terapias antirretrovirais, com a consequente necessidade de abordar questões que dizem respeito à qualidade de vida. É o caso das problemáticas de tipo neurocomportamental, que nós analisamos ​​em nosso trabalho no tocante à emotividade", diz a dra. Baldonero.

"Fizemos um teste que consiste em pedir que as pessoas envolvidas identifiquem as emoções manifestadas no rosto de actores fotografados (teste de Ekman)", explica a professora Silveri.

Os especialistas compararam um grupo de pacientes seropositivos com um grupo de indivíduos saudáveis, descobrindo que os primeiros demonstravam dificuldades para reconhecer o medo "pintado" no rosto alheio. Em geral, comenta a dra. Baldonero, essa dificuldade vem acompanhada de uma diminuição da memória de curto prazo, o que indica que as duas funções estão de alguma forma relacionadas. Além disso, entre as pessoas seropositivas, as mais comprometidas cognitivamente na capacidade de tomar decisões e de aprender apresentaram uma dificuldade selectiva em reconhecer a emoção específica da felicidade.

"Os nossos resultados”, considera a professora Silveri, “mostraram que os indivíduos seropositivos foram capazes de reconhecer algumas expressões faciais, mas a maioria deles não reconheceu a expressão facial do medo. Este resultado ainda não tem, neste momento, uma explicação adequada".

Pode-se supor que essa falta de reconhecimento esteja relacionada com traços pessoais e psicológicos individuais das pessoas envolvidas na pesquisa, mas a frequência com que o fenómeno foi observado em pacientes com sida é muito alta para ser apenas casual. O mais provável é que se trate de uma alteração assintomática que não se manifesta na vida quotidiana, surgindo apenas através de testes específicos. Uma série de estudos já indicava que outros distúrbios neurocognitivos (leves deficits de memória e de atenção) são detectáveis em 30-40% dos indivíduos seropositivos apenas através de testes neuropsicológicos, não sendo reconhecíveis nem pelo próprio indivíduo nem pelas pessoas que se relacionam com ele no dia-a-dia.

"A questão levantada, para a qual não temos explicação por enquanto, é se essas alterações da emotividade, bem como as alterações neurocognitivas assintomáticas já conhecidas, podem ou não evoluir para um distúrbio mais evidente, à medida em que os indivíduos afectados vão envelhecendo", destaca Baldonero.

"A mensagem que queremos passar à comunidade científica é a de perceber nos indivíduos seropositivos a oportunidade de monitorizar tanto os aspectos cognitivos quanto os mais propriamente emocionais", concluem as autoras do trabalho.


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O Papa está sendo plenamente fiel à sua vocação, afirma canonista.

A renúncia, a vocação e a infalibilidade papal


Roma,


11 de Fevereiro de 2013. Católicos do mundo inteiro foram literalmente acordados com a notícia: “O Papa renunciou”.  Passado o calor da emoção, a decisão que antes havia gerado dúvida e insegurança, transformou-se em ato heróico, em exemplo de humildade. Bento XVI com seus quase 86 anos de idade, entre os quais vários dedicados à Igreja, reconheceu-se incapaz, por motivo da idade, de continuar com o pontificado frente às exigências do tempo presente.

Mas, o que de fato, significa a renúncia de um Sumo Pontífice? 
De acordo com o Código de Direito Canónico, mais precisamente o cânon 332 § 2, tal ato é considerado válido desde que “o Romano Pontífice renuncie a seu múnus, para a validade se requer que a renúncia seja livremente feita e devidamente manifestada, mas não que seja aceita por ninguém”. E foi isso que o Papa fez.  No entanto, é necessário que leiamos cada frase proferida por ele durante aquele Consistório que com certeza ficará para a história.

Com a renúncia ao papado, há uma renúncia à vocação?
Padre Demétrio Gomes, mestre em direito canónico pelo Pontifício Instituto Superior de Direito Canónico do Rio de Janeiro, explica a diferença entre título, missão e vocação, e como Bento XVI passou a viver cada uma dessas dimensões a partir de seu ato de renúncia.

“À diferença dos sacramentos que imprimem carácter, e por isso são perpétuos (como o Baptismo, a Confirmação, e a Ordem), o ofício do Papa pode cessar com sua morte ou pela renúncia livremente realizada e devidamente manifestada. A vocação de uma pessoa é realizada em quanto ela cumpre a vontade de Deus. Neste sentido o Papa está sendo plenamente fiel à sua vocação, pois sua decisão foi tomada ‘depois de ter examinado perante Deus reiteradamente [sua] consciência’, como ele mesmo afirma”, enfatizou o sacerdote.

A renúncia e a infalibilidade papal
Em meio às especulações sobre a renúncia de Bento XVI, surgiram análises infundadas dos mais variados géneros, as quais chegaram a gerar relações entre termos e leis completamente distintos entre si. Foi o caso de um meio de comunicação que chegou a associar a renúncia à infalibilidade papal -  dogma definido na constituição dogmática Pastor Aetenus, do Concílio Vaticano I.  Padre Demétrio explica que, de fato, uma coisa não tem a ver com a outra, uma vez que, no ato da renúncia, o Papa não fala em ex cátedra, ou seja, não proclama e define uma doutrina relacionada à fé e aos costumes.

“No ato de renunciar o seu ofício de sucessor de Pedro, o Papa não está proclamando uma doutrina ensinada pelo Senhor e, muito menos, realizando algo que a negue. Ao contrário, com este ato reforça em toda a Igreja a consciência que ela tem sobre a primazia total que o Senhor Jesus tem sobre ela”, salientou.


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As 9 coisas que há que saber sobre a «profecia dos Papas» de São Malaquias

Segundo ela, o próximo Papa será o último?

Desde o verdadeiro São Malaquias até à lista supostamente profética passam 450 anos. E curiosamente, desde a aparição da lista, não acerta quase nenhuma predição.

Actualizado 26 Fevereiro 2013

J. Ginés/ReL


Com o anúncio da renúncia de Bento XVI, muita gente fala de "a profecia dos Papas" atribuída a São Malaquias. Mas que importância tem isto? É algo que deva inquietar o tirar a paz aos crentes? Analisamo-lo em 9 pontos, que continuam bastante de próximo uma análise do popular bloguero e evangelizador Jimmy Akin.

1. Que é a "profecia dos Papas"?
É um documento que publicou em 1595 um beneditino chamado Arnoldo de Wyon dentro de uma história da ordem beneditina que estava escrevendo.

Trata-se de uma lista de 112 frases curtíssimas e enigmáticas em latim, que se supõe que representam papas desde a época do bispo irlandês São Malaquias, do século XII, em frente. É Wyon quem disse que o autor é São Malaquias. Também ele disse que não lhe consta que nunca antes se tivessem publicado em forma impressa.

Além da listagem de frases enigmáticas, Wyon acrescenta uma série de interpretações e análises que ele atribui ao historiador e dominicano espanhol em Roma Alfonso Chacón (c.1530-1599).

2. Quem foi São Malaquias? É fiável?
São Malaquias (1094-1148) foi o arcebispo de Armagh, na Irlanda. Foi monge, abade, bispo e finalmente Primado da Irlanda, um grande reformador da Igreja e avivador da fé. Morreu em Claraval, França, nos braços de São Bernardo de Claraval, em 1148, que o admirava e escreveu dele, das suas obras e dos seus milagres. Por ele sabemos que em 1139 o irlandês visitou Roma e entrevistou-se com o Papa.

Que São Malaquias é santo e modelo de pastor e reformador não o dúvida a Igreja. Mas São Bernardo, que tanto o quis e que tanto escreveu sobre o seu amigo, milagres incluídos, nunca escreveu nada sobre nenhuma profecia, visão, nem lista enigmática que houvesse deixado este santo. Nem rastro desta lista profética até 450 anos depois.

3. Porque as pessoas falam de São Malaquias e a suposta profecia estes dias?
Porque a lista se acaba com o papa 112º. Bento XVI seria o número 111 da "lista de São Malaquias". E para o 112, a última anotação, em vez de um par de palavras, encontramos esta frase:
"Pedro o Romano, que nutrirá as ovelhas em muitas tribulações; quando acabem, a cidade das 7 colinas será destruída, e o juiz terrível julgará a sua gente. Final."

Assim, o Papa que surgirá do Conclave actual seria o último, Roma seria destruída, chegaria o juízo final, etc...

Por isso as pessoas repassam listas de papáveis que se chamem "Pedro", a saber: Péter Erdo (arcebispo de Budapeste), Peter Turkson (africano, do Gana, presidente do Pontifício Conselho Justiça e Paz) e, como segundo nome, Odilo Pedro Scherer (arcebispo de São Paulo).

4. Mas, que credibilidade dá o Magistério da Igreja a esta "profecia"?
Nenhum documento do Magistério aprovou de nenhuma maneira nada desta profecia nem se lhe deu nenhum reconhecimento.

5. Até que ponto podemos falar de que seja "autêntica"?
São Malaquias morreu em 1148, era um personagem bem conhecido e popularizado pelo seu amigo, São Bernardo de Claraval, o eclesiástico mais influente da sua época. Mas nem São Bernardo nem ninguém falou jamais de nenhuma profecia de São Malaquias até que em 1595 a publicou Arnoldo de Wyon, quase 450 anos depois.

Talvez Arnoldo de Wyon a inventou. Ou talvez um brincalhão ou vigarista falsificador criou efectivamente a lista misteriosa no século XVI, a pôs num arquivo romano e aí a encontrou Arnoldo, documentando-se para a sua história beneditina.


6. Mas a profecia acerta nos 111 papas que já cobriu?
Os investigadores deram-se conta que acerta muito com os papas anteriores a 1590. E acerta pouco com os papas posteriores. Isso reforça a ideia de que o autor a escreveu em 1590. Isto já o via o historiador e beneditino galego Benito Jerónimo Felijóo no seu Teatro Crítico Universal (1724–1739).

Jimmy Akin, popular bloguero e apologista católico, fez recentemente a experiência pessoal de repassar cada papa com a sua "profecia": até 1590, 95% das profecias acertam claramente, e só 5% são vagas ou duvidosas. Desde 1590, só 8% acertam claramente (41% falham e 51% são vagas e indemonstráveis).

Curiosamente, os acertos (e sobretudo os falhanços!) das frases anteriores a 1590 coincidem suspeitosamente com um livro de história dos Papas que escreveu em 1557 o historiador agostinho Onofrio Panvinio, bibliotecário do cardeal Alejandro Farnesio. Parece que o verdadeiro autor das profecias usou esse livro.

7. Exemplos de "profecias" que acertam?
"Ex castro Tiberis" (de um castelo no Tiber) refere-se evidentemente a Celestino II (1143-1144), nascido em Citta di Castello, ao lado do rio Tiber. "Frigidus abbas" é Bento XII (1334-1342), que foi abade de Fontfroide (Fuentefría). "De parvo homine" (De um homenzinho), é Pio III (1503), cujo apelido era Piccolomini (em italiano, de piccolo e uomo, homem pequeno).

8. Exemplos de "profecias" que encaixam só forçadas?
"Aquila rapax" (águia rapace) corresponderia a Pio VII (1800-1823). Por coincidir com o reinado de Napoleão? Mas então a frase não define o Papa mas sim a alguém mais ou algo mais que actua durante o seu papado… e então qualquer coisa seria aplicável: sempre haverá algum governante rapace como uma águia no mundo! As profecias anteriores a 1590 referem-se aos Papas, não a eventos do seu tempo.

"Religio depopulata" (religião destruída) corresponderia a Bento XV (1914-1922); de novo, não fala do Papa. Se, a Revolução Russa em 1917 estragou a religião na Rússia (mas não em Itália). Sempre há algum poder que estraga a fé em alguma parte do mundo.

9. E Jesus e a Igreja que dizem de tudo isto?
Da lista supostamente profética, como de tantas outras superstições ou enganos, a Igreja não diz nada.

Jesus, a respeito de calcular dias do fim do mundo ou o Juízo Final disse, basicamente: "Velai, pois, porque não sabeis nem o dia nem a hora" (Mateo 25,13); e sobre como viver tendo em conta o futuro Jesus Cristo ensina isto: "Não estejam ansiosos sobre o futuro, que tem as suas próprias ansiedades. Cada dia já traz a sua própria preocupação" (Mateo 6, 34).

O Catecismo da Igreja, no seu parágrafo 67, fala das "chamadas revelações privadas, algumas das quais foram reconhecidas pela autoridade da Igreja". Inclusive as reconhecidas cumprem uma condição: "o seu papel não é melhorar ou completar a Revelação definitiva de Cristo, mas sim ajudar a viver mais plenamente num certo período da história".

Tratar de ligar papas e frases enigmáticas é uma curiosidade intelectual ou inclusive supersticiosa, não algo que ajude a viver a fé com plenitude. Seria mais útil, por exemplo, conhecer o verdadeiro São Malaquias, ver as suas obras e zelo evangelizador na Irlanda do século XII e tomá-lo como modelo, em vez de perder o tempo com o que com toda a segurança é uma falsificação do século XVI.



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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Um ciclista profissional confessa a sua história de intensa dopagem depois de peregrinar a Medjugorje

Sofreu um tumor por causa da droga

Por medo a não ter contrato, Graziano Gasparre começou a dopar-se. Logo se agarrou a outras drogas e estevo a ponto de perder inclusive a sua família.

Actualizado 26 Fevereiro 2013

Javier Lozano / ReL


Graziano Gasparre é uma vítima mais da dopagem e a pressão que se exerceu durante anos no mundo do ciclismo, algo que destroçou a vida a muitos destes desportistas. Sem dúvida, tocar fundo fez que este profissional italiano tivesse que recorrer a Deus e graças a Ele pode reconciliar-se ele mesmo, com os demais e contar a sua história ao mundo para que não volte a repetir-se.

A Virgem Maria e a sua experiência
A dopagem massiva levou-o inclusive a agarrar-se a outro tipo de drogas como a cocaína e as anfetaminas. Perdeu totalmente o controle da sua vida, inclusive com a sua família e os seus filhos. Um cancro em consequência de tantos anos de dopagem foi a gota que encheu o vaso. A recuperação física, anímica e espiritual foi lenta e foi depois de uma peregrinação a Medjugorje quando se decidiu a contar a sua história, a sua descida aos infernos e advertir as jovens gerações dos riscos que correm e das consequências que podem ter pela dopagem.

A “tentação do êxito”
Gasparre era uma das grandes promessas do ciclismo italiano chegando a ser campeão da Europa. Chegava ao mundo do profissionalismo apontando muito alto e rapidamente conseguiu um bom contrato. Sem dúvida, chocou de frente com a realidade. O mundo do ciclismo profissional era mais competitivo do que esperava e não conseguia os resultados esperados.

Nesse momento surgiu a tentação. “Aí começou a minha experiência como dopado: por debilidade pessoal e também para adaptar-me a um sistema que não te deixa demasiadas opções. Estava o conselho desinteressado de um directivo, o desejo de manter a promessa que nos haviam feito de juniores, o medo de ficar sem contrato: era tudo demasiado tentador”. E como além disso “todo o mundo o fazia” decidiu embarcar-se num barco que não levava a bom porto.

Agarrado a outras drogas
Deste modo, começou com o tristemente conhecido EPO, com a hormona do crescimento e também testosterona. E a partir desse momento entrou numa espiral: para aguentar os duros treinos começou a tomar anfetaminas e logo cocaína com o objectivo de perder peso no Inverno. Mas o único que conseguiu foi uma dependência. Cada vez mais substâncias daninhas circulavam pelo seu organismo.

Apesar disso, Graziano Gasparre assegura que “nunca teve remorsos. Não me sentia um dopado e não tinha nenhum sentimento de culpa, simplesmente actuava como os demais”. Mas ainda que não quisesse ter cuidado “uma vez que se vêem os efeitos, é difícil sair pelo medo de permanecer sem contrato”.

“A dependência à cocaína permaneceu comigo durante anos. Não podia parar e de repente estava perdendo a minha família, a minha esposa e o meu filho”, conta agora depois de ver de Deus que devia contar a sua história.

Uma ajuda para sair da fossa
Mas uma série de acontecimentos foram passando na sua vida e que se à primeira vista parecem desgraças também puderam ser o começo da sua salvação. De completo na dopagem e sem conseguir destacados prémios no ciclismo, Gasparre sofreu em 2005 uma gravíssima queda que cortou a sua carreira depois de partir várias costelas e o tendão rotuliano do seu joelho direito.

Quando parecia que tudo acabava para ele apareceu Ivano Fanini, líder da equipa Amore Vita, cujo patrão honorífico era João Paulo II e que contra ventos e marés defendeu os valores cristãos. De facto, a sua oposição firme e cortante à dopagem valeram-lhe o desprezo do resto das equipas e ciclistas. “Deu-me uma oportunidade depois da lesão. Pus-me nas mãos dele quando se suspeitava que me dopava mas demonstrei-lhe que estava limpo e houve paz. Ivano estava muito próximo de mim e foi uma das pessoas que mais me ajudou nestes momentos difíceis”, assegura sobre este director que sempre pretendeu transmitir ao desporto os valores que propunha a Igreja.

Um tumor por causa da dopagem
Em 2009 finalmente retirou-se mas os seus problemas não acabaram aí. Os actos costumam ter consequências. E tantos anos de dopagem tiveram os seus efeitos. Recentemente, começou a sentir moléstias na nalga esquerda. Quando as dores se fizeram mais evidentes decidiu ir ao médico e foi-lhe detectado um tumor que devia ser operado rapidamente. Finalmente, a operação correu bem.

O doutor disse que as constantes injecções intramusculares e as constantes substâncias dopantes durante anos podem provocar a aparição do cancro. “Aceitei este duplo sistema e tomar medicamentos para uma satisfação pessoal estúpida. Um erro que me estava destruindo a vida. É algo que não pode suceder. Por isso hoje falo. E espero que alguém me escute”.

A sua peregrinação a Medjugorje
Fala agora depois de ir encontrar-se com a Virgem Maria em Medjugorje. Só depois deste encontro íntimo entre mãe e filho quis contar ao mundo a sua história para contribuir para que muitos jovens não sejam enganados como ele e saibam procurar a Verdade. Ele experimentou que apesar de estar no fundo da fossa, Deus nunca abandona os seus filhos e no pior momento ofereceu-lhe uma equipa como Amore Vita apadrinhada por João Paulo II e com uns valores que justamente necessitava para poder sair desta morte. Quanto bem terá feito o beato João Paulo II em todos estes anos?


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Ela deixava os seus papéis da catequese à vista; ele, hostil a Deus, lia-os às escondidas

Adele voltava feliz da paróquia e a Alan intrigava-o

Actualizado 26 Fevereiro 2013

P. J. G. / ReL

Alan Gaxiola nasceu e cresceu no México numa família católica. De menino e de jovem acompanhava a sua mãe, que era catequista à missa diária das 5 da manhã. Os sacerdotes da paróquia, que estava a duas portas de sua casa, com frequência vinham comer à sua casa.

Mas como muitos emigrantes, quando chegou aos Estados Unidos voltou-se só para o trabalho e desatendeu por completo a fé. A sua mãe perguntava-lhe se ia à missa, mas ele já não o fazia.

Depois conheceu Adele, enamoraram-se, foram viver juntos sem casar-se e tiveram três filhos.

Iniciação cristã para adultos
E então ela começou a ir à paróquia. Nem sequer estava baptizada e na paróquia de St Henry em Buckeye (dioceses de Phoenix, Arizona), a animaram a participar no curso de iniciação cristã para adultos.

Mas a Alan, distanciado de Deus, não gostava nada disso. "Não deixas de ir à igreja, Adele, e vão dizer-te depois que tens que casar-te, e quando te digam isso, eu deixar-te-ei. Anda, vai ter com o teu Deus e deixa-me em paz", dizia-lhe ele colérico.

Mas quando ela chegava a casa depois das aulas de iniciação cristã para adultos deixava os papéis das aulas à vista, na mesa da cozinha.

E ele, às escondidas, começou a lê-los. Ele não queria aproximar-se mais de Deus porque sabia que implicaria mudanças sérias na sua vida. Mas, sem dúvida, tomou a Bíblia e também começou a lê-la.


Alan Gaxiola
O número de telefone de Deus
"Não a entendia, mas sou uma pessoa que quando quer averiguar algo continua procurando. E disse-me: ´antes eu era amigo de Deus, mas não sei o que se passou; parece que perdi o Seu número de telefone. Terei que voltar a encontrá-lo", recorda Alan.

Além disso, Adele voltava a casa sempre muito contente das suas aulas na paróquia. E ele disse-lhe: "Adele, tens algo, não sei o que é, que a Igreja te está dando, e quero ir contigo à paróquia para tê-lo eu também".

E assim, uma mulher sem baptizar que convivia sem casar-se com um homem que não queria saber nada de Deus o levou à Igreja e ao matrimónio.

Estudando teologia
Casaram-se no Natal de 2004. Depois, durante 5 anos formaram-se para ser catequistas. E logo acrescentaram 2 anos de estudos de teologia no programa "Caminhante" do Kino Institute de Phoenix. Agora eles são os que coordenam e partilham os cultos de iniciação para adultos.

"Agora quando falo com a minha mãe falamos de coisas de Deus, conto-lhe como vão os cursos, ela está contente peço-lhe que reze por mim", comenta Alan no semanário da diocese. "Creio que há muita alegria no Céu cada vez que alguém se converte, e a mim também me completa e me faz feliz".


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