O seu zelo pela Igreja Católica e pela sua doutrina impulsionou o papa João Paulo II, a fazer uma reflexão sobre a consciência na perspectiva de Newman pelo que se pode ler no ponto 1778 do Catecismo da Igreja:
«A consciência moral é um juízo da razão, pelo qual a pessoa humana reconhece a qualidade moral dum acto concreto que vai praticar, que está prestes a executar ou que já realizou. Em tudo quanto diz e faz, o homem tem obrigação de seguir fielmente o que sabe ser justo e recto. É pelo juízo da sua consciência que o homem tem a percepção e reconhece as prescrições da lei divina: A consciência «é uma lei do nosso espírito, mas que o ultrapassa, nos dá ordens, e significa responsabilidade e dever, temor e esperança […]. É a mensageira d’Aquele que, tanto no mundo da natureza como no da graça, nos fala veladamente, nos instrui e nos governa. A consciência é o primeiro de todos os vigários de Cristo». (John Henry Newman, Carta ao Duque de Norfolk)".
Newman defendeu a existência de uma consciência pessoal, mas não subjectiva, pelo que os católicos deveriam segui-la sabendo que esta tem de ser orientada pela Fé. Sendo Deus omnipotente e omnisciente a consciência não é arbitrária e com o estudo e o uso da razão pode ajudar-nos a discernir na procura do bem e da verdade, quer na vida pessoal, quer na política. Por conseguinte, nas questões morais, a Igreja só nos recorda o que a consciência adequadamente formada tem possibilidade de discernir e conhecer por si mesma.
Esta visão de Newman sobre a consciência implica que um cristão deve actuar segundo um modelo mais elevado, pois assim terá um sentido mais claro do que está bem ou está mal, do que é bom ou mau, e do que é verdadeiro ou falso. O seu próprio juízo de consciência leva-o a actuar de acordo com as regras divinas, a plasmar-se no Criador e não a submeter-se a ideologias do poder ou das massas.
As suas obras tiveram muita influência na conversão
de quem as leu e compreendeu. Foi impactante a sua visão sobre a consciência, o
desenvolvimento da doutrina, da fé e da razão, em oração do Coração ao coração:
“Cor
ad cor loquitur” – «O Coração fala ao coração”, citando um pequeno trecho dos
seus escritos: “O hábito da oração, que é a prática de se dirigir a Deus e ao
mundo invisível em cada época, em todos os lugares, em qualquer emergência, a
oração, digo, possui aquilo que pode ser chamado um efeito natural no
espiritualizar e elevar a alma. Um homem já não é o que era antes;
gradualmente, interiorizou um novo sistema de ideias e tornou-se impregnado de
princípios límpidos».
Profundamente subversivo para uns, terrivelmente actual para outros, a visão da consciência e o hábito da oração foram para Newman um longo e doloroso caminho que o conduziram à Santidade.
A sua festa litúrgica celebra-se anualmente a 9 de Outubro, data
que assinala a sua conversão do anglicanismo ao catolicismo, em 1845.
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