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quarta-feira, 6 de agosto de 2025

Convento beneditino com raízes numa comunidade evangélica tornou-se um “refúgio espiritual”

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O mosteiro Heliga Hjärtas, na Suécia, começou por iniciativa de um conjunto de freiras evangélicas. Foto @ Mosteiro Heliga Hjärtas

No Sul da Suécia

 | 05/08/2025

 

Há trinta anos, um grupo de monjas beneditinas inauguraram um convento em Heliga Hjärtas, no sul da Suécia. Num ambiente secularizado, as irmãs construíram “um refúgio espiritual para aqueles que estão à procura, para quem se sente exausto, para todos que querem estar perto de Deus”. Nada de extraordinário, não fora o caso de a iniciativa ter nascido de uma comunidade de religiosas evangélicas.

Nos anos 80, algumas religiosas da comunidade evangélica Irmã Marientöchter, uma fundação sueca, começaram a confrontar-se mais intensamente com a tradição monástica. ­“Quanto mais aprofundávamos a questão, tanto mais claro se tornava para nós que aquelas eram as nossas raízes” ­­ – lembrou a irmã Katharina, prioresa do convento, em conversa com Mario Galgano, jornalista do Vatican News.

Em 1988, a comunidade entrou na Igreja Católica de modo unitário, num processo que durou quase 10 anos: “Queríamos viver na reconciliação e no amor. Não deveria haver fraturas”. A escolha recaiu sobre a regra beneditina. “Visitámos muitos mosteiros, sobretudo na Alemanha, para aprender com quem já levava esta vida”.  Naqueles anos de procura o apoio das irmãs de um mosteiro nos arredores de Gütersloh, na Alemanha, acabou por ser decisivo.

Mas foram precisos quase outros dez anos para as religiosas mudarem para o novo convento Heliga Hjärtas onde agora vivem 14 religiosas, todas suecas, à exceção de uma polaca de nascimento. As idades variam entre os 40 e os 85 anos. A vida quotidiana segue o ritmo beneditino da oração, do trabalho e da comunidade. “O nosso objetivo é procurar Deus nas pessoas, no mundo, onde quer que estejamos”.

Essa disponibilidade levou-as a abrirem uma ‘Casa do Silêncio’ para hóspedes na qual acolhem indivíduos e pequenos grupos, muitas vezes pessoas sem vínculos religiosos, mas animadas por um desejo espiritual. “Muitos nem sequer sabem o que procuram, mas aqui encontram algo que os sensibiliza”, disse a irmã Katharina, referindo que “muitas vezes dizem que vêm para descansar e ouvir a oração”.

Em contraste com a sociedade sueca muito secularizada, a procura tem sido grande, superior à capacidade. Há 18 quartos para os hóspedes, três dos quais na clausura, para sacerdotes ou religiosos. O convento é deliberadamente pequeno, a fim de que haja tempo para conversas pessoais. «Muitos dos nossos hóspedes trabalham no setor da saúde ou da educação, sentem-se exaustos, vazios”, dizem-nos: “Aqui podemos falar de coisas importantes. É uma grande dádiva!”.

O convento Heliga Hjärtas tornou-se conhecido inclusive entre as ordens religiosas. Religiosas provenientes da Dinamarca, dos Países Baixos e de outros pequenos mosteiros da Escandinávia frequentam-no regularmente. Embora atualmente não haja noviças, a esperança de novas vocações está viva. A tarefa das irmãs, consiste, segundo Katharina, em testemunhar, não com palavras grandiosas, mas com a simples vida de todos os dias; “Não devemos fazer grandes coisas. É suficiente viver com Cristo e irradiá-lo através da nossa vida.”




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