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segunda-feira, 11 de agosto de 2025

Bispos sul-coreanos apelam à reunificação para “viver juntos na casa comum”

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Oração pela reunificação das duas Coreias realiza-se todos os anos a 15 de agosto. Foto © Vatican Media

80 anos da divisão da Coreias

 | 10/08/2025

 

Viver juntos na “casa comum” e libertar-se de uma divisão que “continua a causar dor até hoje” é a mensagem central de uma carta pastoral dos bispos católicos sul-coreanos a propósito do dia de oração pela paz e pela reunificação da Península Coreana, promovido pelo Conselho Mundial de Igrejas e que se celebra a 15 de agosto, na Solenidade da Assunção de Nossa Senhora, padroeira da Igreja coreana.

“Apoiaremos e participaremos ativamente em intercâmbios com a Coreia do Norte baseados na cooperação e na reciprocidade”, escrevem os bispos da Coreia do Sul, comprometendo-se, de acordo com notícia da Agência Fides de 10 de agosto, a “unir forças para trabalhar em conjunto com aqueles que desejam que a Coreia do Norte e a Coreia do Sul vivam juntas numa ‘casa comum’”.

À imagem de Jesus Cristo, que “alcançou a verdadeira paz sacrificando-se”, a Igreja é chamada a trabalhar “para deixar um reino de paz às gerações futuras”, uma paz que não surge “da subjugação de outros através das armas e da força militar, num clima de desconfiança e de ódio”, refere o documento episcopal.

Pode-se “esperar”, argumentam os bispos sul-coreanos, que “o que não é possível segundo os interesses e a lógica do mundo possa ser possível segundo a vontade de Deus” e, “se o Papa Francisco definiu a Terra, embora ferida e em perigo, como ‘casa comum’ da humanidade”, da mesma forma, os bispos comprometem-se a “afastar-se do mal, fazer o bem, buscar a paz e persegui-la (Salmo 34,15) na península coreana”.

A oração pela reunificação pacífica da Península Coreana é realizada todos os anos no domingo anterior a 15 de agosto, dia da festa da libertação do domínio colonial japonês. Neste domingo dia 10 de agosto, relata a Vatican News, a oração teve lugar na Igreja Presbiteriana de Yeondong, em Seul, num ano especial para a península asiática: 2025 marca quer o octogésimo aniversário da libertação da Coreia quer o septuagésimo quinto aniversário da Guerra da Coreia.

 

“Uma nação, uma cultura”

Em 1910, a Coreia foi invadida pelo exército japonês, de que só foi libertada em 1945, com a vitória dos aliados na II Guerra Mundial. “Após 35 anos de sofrimento durante o período colonial japonês [1910-1945]”, afirma o documento dos bispos, “a nossa nação alcançou finalmente a libertação graças à providência de Deus e à proteção da Santíssima Virgem Maria, mas infelizmente, a alegria da libertação durou pouco, e a divisão que se seguiu continua a causar dor até hoje.” A libertação durou, de facto, muito pouco, pois em 1945 os Estados Unidos e a Rússia acordaram dividir a Coreia em duas, decisão que conduziria a um estado permanente de tensão entre a parte norte e a parte sul, que acabaria por dar origem, em 1950, a uma terrível guerra de três anos que fez entre dois e quatro milhões de vítimas mortais.

Em 1995 a Igreja Católica sul-coreana criou uma Comissão Episcopal Especial Para a Reunificação e mobilizou uma ajuda substancial aos norte-coreanos durante a fome da década de 1990. Em abril deste ano, uma delegação de bispos coreanos realizou uma peregrinação à Ilha de Kyodong, no município de Ganghwa, na fronteira entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul, para rezar pela paz e pela reconciliação. 2026 marcará o quadragésimo aniversário da primeira eucaristia concelebrada pelas Igrejas da Coreia do Norte e da Coreia do Sul, realizada em Glion, Suíça.

“A Coreia do Norte e a Coreia do Sul viveram durante séculos como um só país, uma só nação – ‘uma nação e uma cultura’”, afirmou à Agência Fides Chung Soon-Taick, arcebispo de Seul, administrador apostólico de Pyongyang e presidente do Comité de Reconciliação, acrescentando: “para superar conflitos e divisões, devemos primeiro estender a mão, como Jesus nos disse: ‘Dai-lhes vós mesmos de comer’.”




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