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segunda-feira, 25 de agosto de 2025

Haiti: “Um inferno na Terra”

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Famílias continuam a fugir das suas casas em Porto Príncipe devido à violência relacionada com gangues (imagem de arquivo). Foto © UNICEF/Ralph Tedy Erol

Fuga de milhares para as montanhas

 | 24/08/2025

 

Com gangues que ordenam a paragem de autocarros para roubar mercadorias e passageiros e estradas com barricadas controladas por grupos armados incluindo vários trechos da principal via de circulação, a situação no Haiti está a obrigar muitos dos seus habitantes a refugiarem-se nas montanhas. Mais de 1,3 milhões de haitianos fugiram de casa e quem paga o preço mais pesado da violência são as mulheres e as crianças. “É um inferno na Terra”, desabafava, há dias, um perito da ONU.

“A cadeia montanhosa de Matheux, que separa o litoral da planície central, é hoje uma das poucas áreas onde se procura que a vida continue”, conta o jornal católico Avvenire, num trabalho intitulado “Haitianos fogem para as montanhas para sobreviver”.

Igrejas e instituições religiosas, sobretudo católicas, mas também protestantes e vodu, são cada vez mais o alvo de gangues armados, através de raptos, sequestros, assassinatos e roubos. O mais recente sequestro, que fez nove vítimas, ocorreu no domingo, 3 de agosto, no Orfanato de Sainte-Hélène, da organização “Nossos irmãos e irmãs”.

E, pela enésima vez, o arcebispado de Port-au-Prince (Porto Príncipe), insurge-se contra o crescente flagelo da insegurança, convidando as autoridades civis, militares e policiais a “assumirem a sua responsabilidade para garantir a segurança dos cidadãos e obter a libertação de pessoas sequestradas”.

Segundo o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, pelo menos 3.141 pessoas foram mortas no país entre 1 de janeiro e 30 de junho deste ano. A organização, citada pelo Vatican News, teme que a violência dos gangues, que se tem vindo a intensificar desde 2024, desencadeie a desestabilização de outros países das Caraíbas.

No sequestro do último dia 3 de agosto, as vítimas foram uma missionária de nacionalidade irlandesa, Gena Heraty, que dirigia o orfanato, sete funcionários haitianos da instituição e uma criança de três anos com deficiência.

“Esse sequestro constitui uma violação daquilo que uma sociedade tem de mais nobre: ​​o serviço livre do outro, a inocência da criança indefesa, a fé incorporada em obras de misericórdia”, disse o arcebispado de Port-au-Prince, a capital.




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