
Em carta aberta
7Margens | 01/08/2025
“Não podemos tolerar os massacres de civis, incluindo um grande número de mulheres, crianças e idosos, nem o uso da fome como arma de guerra” lê-se numa carta aberta de 25 de julho dirigida ao Governo israelita e até ontem, 31 de julho, assinada por mais de 1.200 rabinos de todo o mundo, na sua maioria americanos. Além da diversidade de nacionalidades, há assinaturas de rabinos de diferentes sensibilidades, incluindo alguns ortodoxos, outros conservadores e muitos liberais.
Os signatários exigem “respeito por todas as vidas inocentes” em Gaza e na Cisjordânia e dizem-se movidos pelos “valores fundamentais da Torá” para criticarem a política do Governo de Benjamin Netanyahu, apesar de reconhecerem “os imensos desafios que o Estado de Israel enfrenta implacavelmente, cercado por tanto tempo por inimigos e confrontado com ameaças existenciais de todos os lados”, de condenarem “a violência de organizações terroristas niilistas como o Hezbollah e o Hamas” e de apoiarem “inequivocamente a legitimidade da luta de Israel contra essas forças destrutivas.”
“Juntamente com os autores e outros signatários, acredito que as políticas atuais de Israel em Gaza prejudicam não apenas palestinos inocentes, mas também o Estado de Israel, os judeus e o judaísmo”, afirmou ao jornal La Croix Joshua Weiner, rabino da comunidade Masorti em Paris e signatário do apelo, que acrescentou: “Digo isso como um sionista israelita”
Awda Al-Hathaleen assassinado por colono
A Amnistia Internacional reagiu ao assassinato a tiro do ativista palestino Awda Al-Hathaleen perpetrado pelo colono Yinon Levi no dia 28 de julho, através de um comunicado em que a diretora principal Erika Guevara Rosas, exige uma investigação aprofundada sobre “o papel das autoridades israelitas, tais como a polícia e as forças armadas israelitas, que contribuem diretamente ou permitem a violência dos colonos e falham rotineiramente em impedir assassinatos, agressões e outras violações dos direitos humanos dos palestinianos”.
Awda Al-Hathaleen, jornalista e ativista dos direitos humanos foi assassinado na sua aldeia de Umm al-Kheir, na Cisjordânia, quando colonos israelitas apoiados por militares usaram escavadoras para invadir terras de palestinos e destruírem as suas culturas. O jornalista trabalhou na produção do documentário Sem Chão [No Other Land, no original em inglês], ver 7MARGENS, que ganhou este ano o Óscar na categoria de melhor documentário. Sem Chão foi realizado pelo palestino Basel Adra e pelo israelita Yuval Abraham e documenta a rotina dos ataques e a violência permanente cometida por colonos e soldados israelitas contra a população da região de Masafer Yatta, em que se inclui a aldeia de Umm al-Kheir.
O realizador Adra escreveu ao saber do assassinato: “O meu querido amigo Awda foi massacrado esta noite. Estava em frente ao centro comunitário da sua aldeia quando um colono disparou uma bala que lhe perfurou o peito e lhe tirou a vida. É assim que Israel nos apaga – uma vida de cada vez”.
“O assassinato a sangue-frio de Awda, escreve a diretora da Amnistia, um dedicado defensor dos direitos humanos e pai de três crianças pequenas, é uma tragédia devastadora e uma lembrança brutal da violência implacável enfrentada pelas comunidades palestinianas na Cisjordânia ocupada.” Este ataque confirma, segundo ela, “a cruel política de Israel para expulsar à força as comunidades palestinianas da Cisjordânia ocupada, incluindo Masafer Yatta”.
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