Cidade do Vaticano, 29 out 2016 (Ecclesia) – O secretário de Estado do
Vaticano considerou um “momento histórico” a visita do Papa à Suécia,
pelos 500 anos da reforma protestante, num caminho de “reconciliação” e
procura de unidade.
“Acho que podemos falar de um momento histórico, um marco no caminho da
reconciliação e da unidade de pesquisa conjunta entre as Igrejas e
comunidades eclesiais. E esse momento tão importante é o fruto do
diálogo que se desenvolveu ao longo dos últimos cinquenta anos, a partir
do Concílio Vaticano II”, disse o cardeal Pietro Parolin.
Em entrevista ao Centro Televisivo do Vaticano, o responsável observou
que o aniversário da Reforma Protestante foi sempre comemorado “num
espírito de confronto e, talvez, de hostilidade”.
Por isso, “pela primeira vez”, católicos e luteranos com a visita do
Papa Francisco à Suécia, vão “comemorar juntos” o quinto centenário da
reforma protestante, nos dias 31 de outubro e 1 de novembro.
“Hoje, a opção ecuménica é irreversível e, apesar das dificuldades,
temos de avançar corajosamente. Nesse sentido, a comunidade católica na
Suécia pode trabalhar em conjunto com a comunidade luterana por causa do
testemunho cristão”, comentou o secretário de Estado do Vaticano,
destacando o “grande estímulo” que é a presença do pontífice argentino.
No programa está previsto um momento de celebração e testemunho
destinado às novas gerações, na cidade de Malmo, que segundo o líder da
diplomacia da Santa Sé vai ser “um momento de festa e alegria”
“Os jovens são chamados na primeira pessoa a este desafio porque são o
futuro e a esperança, como já dissemos muitas vezes, a Igreja. Vão
apelar de uma forma especial este momento de celebração, que também deve
resultar em um compromisso de um testemunho comum”, explicou,
destacando também, na mesma ocasião, a assinatura de um acordo entre a
secção do serviço para o mundo da Federação Luterana Mundial e a Cáritas
Internacional.
O cardeal Pietro Parolin sublinha que “é muito importante” encontrar áreas comuns em que esse testemunho pode ser traduzido.
“Acredito que a solidariedade com o passado e a defesa e proteção das
áreas comuns da casa pode ser o compromisso realmente sério e eficaz”,
exemplificou.
Numa sociedade secularizada com apelos do Papa Francisco à ‘cultura de
encontro’, o secretário de Estado do Vaticano observa que comunhão
significa “superação do individualismo, do fechamento, a retirada em si
mesmos na origem de muitos conflitos”.
“Será importante para um testemunho comum. Devem também ir contra o
materialismo, que é um fechamento de nosso horizonte apenas para os
valores da terra, para terrenas realidade, nenhuma abertura ao
transcendente, sem abertura a Deus”, acrescentou.
Já o biblista argentino Marcelo Figueroa, num artigo publicado na
edição deste sábado do jornal do Vaticano, refere que comemorar
significa “fazer memória de quanto aconteceu nestes cinco séculos nos
quais reconhecemos com tristeza que muitas vezes nos apaixonámos pelo
conflito”.
“Hoje felizmente estamos a realizar uma longa, difícil, mas espiritual
busca conjunta rumo a uma leitura cristocêntrica e orante da palavra de
Deus”, acrescentou o
teólogo protestante no artigo ‘A comunhão ecuménica como caminho
eucarístico’ no ‘Osservatore Romano’ onde começa por escrever que “a
divisão entre cristãos é um escândalo”.
CB/OC
in
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