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quinta-feira, 1 de maio de 2014

"Eu vi a mão de Deus". Assim Papa Francisco explicou a escolha do tema do Sínodo

Relata o Cardeal Barbarin durante Seminário sobre Comunicação da Igreja, na Universidade da Santa Cruz. Pe. Lombardi fala sobre o "estilo de comunicação" do Papa


Roma, 30 de Abril de 2014 (Zenit.org) Salvatore Cernuzio


"Eu vi a mão de Deus". Esta é a justificativa de Francisco para dedicar um Sínodo inteiro, em Outubro, sobre o tema da família. O próprio Pontífice revelou aos Cardeais reunidos no consistório de Fevereiro, conforme relatado pelo Cardeal Philippe Barbarin, Arcebispo de Lyon, durante o IX Seminário sobre a Comunicação da Igreja, promovido pela Faculdade de Comunicação Institucional da Pontifícia Universidade da Santa Cruz.

"Não surpreende o fato de que o Papa tenha confiado o trabalho do Sínodo sobre a família à intercessão dos dois novos papas santos, para ser conduzido na docilidade do Espírito Santo", disse o cardeal. Sobre esta questão, é quase inevitável "unir-se em oração, porque as apostas em jogo são muito altas”.

O Cardeal fala pela experiência vivida, trabalhando em um país onde o processo de secularização leva "a considerar como direito fundamental da pessoa", a adopção de leis contra o matrimónio e a vida. Por isso, foi reconfortante ver o"significativo testemunho dado pelos católicos franceses", que nos últimos tempos é manifestado através de grandes eventos, onde o elemento central é a oração. Para um crente, disse Barbarin, "há verdades que não são riscadas pela maioria no parlamento. Se existe um fundamento antropológico definitivo, dura para sempre”.

Além do arcebispo de Lyon, o Seminário contou com a presença de Vaticanistas conhecidos como Valentina Alazraki da Televisa; Lucio Brunelli voz histórica do TG2 agora TV2000; Antoine- Marie Izoard da agência I-Mídia e Elizabeth Piqué amig e biógrafa de Bergoglio, do La Nación. Na primeira sessão, os jornalistas descreveram suas experiências, um ano após a eleição de Francisco, procurando esboçar as qualidades comunicativas e as novidades introduzidas nas medias.

A segunda sessão, moderada por Mons. Domenico Pompili, director de comunicação da Conferência Episcopal Italiana (CEI), reuniu em torno da mesma mesa os responsáveis ​​pela comunicação da Conferência Episcopal da Inglaterra e Gales, que dedicaram especial atenção à "relação entre a comunicação off-line e on-line".

Na manhã desta quarta-feira, os participantes estiveram presentes na audiência geral com o Papa Francisco. No coração da comunicação do Vaticano foi realizado o encontro final do Seminário com a participação do Director, Padre Federico Lombardi, que expressou sua "grande alegria" pelo pontificado de Bergoglio e, em particular, "no sentido do anúncio do amor e da misericórdia de Deus como uma mensagem muito clara e eficaz".

O jesuíta evidenciou os traços característicos do estilo de comunicação do Papa, os mesmos marcados no coração de todos por este Papa "do fim do mundo": simplicidade, concretude, palavras simples e eficazes, atitudes e gestos muito comunicativos, que manifestam directamente amor e misericórdia. Um exemplo disso foi o Lava-pés na Quinta-feira Santa de 2013, realizado entre os jovens detidos. O primeiro gesto de Francisco que causou "enorme impacto", afirmou Pe. Lombardi. Bem como o fato da atenção do Papa para com os doentes e sofredores, “sendo os primeiros a serem cumprimentados, depois dos bispos" durante as audiências.

No entanto, em pouco mais de um ano "ainda não vimos tudo", assegurou o director da Sala de Imprensa, há "muitas coisas que temos de aprender e ver". Começando com as próximas viagens papais à Terra Santa, no final de maio, e à Coreia, em Agosto, que serão "novos passos para ver a comunicação da mensagem do Santo Padre para o mundo".

Uma mensagem revolucionária graças à "espontaneidade da comunicação" do Pontífice, que rompe todos os esquemas: "Ele não tem barreiras – disse Pe. Lombardi – como quando gira na Praça de São Pedro e vai para cima e para baixo do jipe e pega as crianças ou leva para cima algumas pessoas".  E "não tem também na vida quotidiana, quando quer dizer algo a uma pessoa, pega o telefone e fala”.

Muitas vezes, Pe. Lombardi teve que mediar polémicas ou negar notícias sobre supostas palavras do Santo Padre. Ele mesmo admitiu que o seu trabalho como porta-voz da Santa Sé "aumentou quantitativamente". Também porque se tornou menos programável e cada vez mais imprevisível, explicou.  O efeito surpresa "é uma característica deste Pontificado”: um aspecto - disse o jesuíta - "ao qual devemos nos acostumar e ver uma dimensão espiritual positiva, ou seja, a caminho com o Espírito" que, como todos sabem, sopra onde quer.

Mesmo em seus contactos pessoais, Bergoglio não segue um padrão: “temos contactos breves”, disse Lombardi, mas também conversas “mais extensas e mais profundas”, embora seja “raro”, uma vez que “o Papa é uma pessoa muito rápida e reactiva”.

Assim como o Cardeal Barbarin, por fim, Padre Lombardi sinalizou que o próximo Sínodo sobre a Família será "um momento muito exigente, que tocará temas e questões sensíveis e com uma grande participação do povo cristão". Será, portanto, "uma grande iniciativa" que precisa de muita "coragem e confiança".  E Bergoglio, há um ano,  tem demonstrado ter bastante.

(Trad.:MEM)

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