O pe. Pierbattista Pizzaballa fala da espera pela visita pastoral do papa Francisco
Jerusalém, 06 de Maio de 2014 (Zenit.org) Giorgia Innocenti
“Jerusalém é a casa de Pedro: esta realidade precisa ser
entendida", afirmou o pe. Pierbattista Pizzaballa, Custódio da Terra
Santa, ao se aproximar a visita do papa Francisco, que acontecerá de 24 a
26 de Maio.
Os franciscanos estão presentes na Terra Santa há mais de sete
séculos. Sua presença se inspira no serviço à Igreja, a Deus e ao
próximo. A custódia dos lugares santos, o acolhimento dos peregrinos e o
cuidado dos cristãos locais são as suas missões principais. ZENIT
conversou sobre todos estes aspectos, em Jerusalém, com o padre
Pizzaballa.
ZENIT: Como a comunidade católica está vivendo a chegada do Santo Padre à Terra Santa?
Padre Pizzaballa: Há muita efervescência, muita espera. A visita do
papa nunca é uma coisa ordinária. E este pontífice é muito popular, além
disso. Será uma visita muito breve, e por isso há também um pouco de
tristeza porque o Santo Padre não poderá visitar muitas das realidades
cristãs. Os momentos de oração, de encontro, os aspectos logísticos
estão em plena actividade.
ZENIT: Além de Jerusalém, o Santo Padre visitará também a
Jordânia, Belém, a Palestina. Considerando as diversas realidades, qual é
a situação dos cristãos nessas terras?
Padre Pizzaballa: São realidades bem diferentes e não convém
generalizar. Os cristãos no Oriente Médio vivem em situações sociais
diversas Na Jordânia há uma situação económica muito difícil, que afecta a
todos. Do ponto de vista das garantias, a casa real é o ponto de
estabilidade da comunidade cristã, uma referência importante para a
defesa dos direitos e das garantias da comunidade cristã.
Na Palestina a situação é muito frágil por razões óbvias,
relacionadas com o conflito palestino e com a questão política. O
problema principal dos cristãos na Terra Santa é o número: sobraram
muito poucos, especialmente em Jerusalém, onde eles não chegam a onze
mil.
ZENIT: Existem os assim chamados "cristãos árabes" e os que
chegam de países europeus. Mas também existem os que decidem emigrar.
Por que tantos cristãos emigram?
Padre Pizzaballa: Os cristãos, como todos, têm família e sentem o
desejo de viver tranquilamente, ter oportunidades profissionais e uma
perspectiva de vida tranquila. O Oriente Médio não garante isso de forma
automática. Basta olhar ao redor: o que está acontecendo no Egipto, as
dificuldades económicas na autonomia palestiniana, os problemas de
identidade em Israel... Todos esses aspectos ajudam as pessoas a pensar
que talvez o melhor seja ter uma vida mais tranquila fora daqui.
ZENIT: A visita do Santo Padre pode também ser uma luz, para
mostrar as dificuldades dos cristãos e da população no Oriente Médio. O
que a comunidade católica faz para proteger os seus membros?
Padre Pizzaballa: Antes de tudo é necessário dizer que nós não
podemos resolver todos os problemas: existem problemáticas maiores, que
vão além das nossas possibilidades porque não somos nós que tomamos as
decisões. Estamos bem integrados no território, mas ainda somos uma
realidade muito pequena.
Por isso é necessário trabalhar em diversos âmbitos: o primeiro é o
da educação e da formação. A presença cristã tem que ser formada e
educada para poder, mesmo sendo pequena, dar uma contribuição positiva
para a realidade em que se encontra. Depois, é necessário ser concretos
na criação das oportunidades de trabalho; por exemplo, possibilidades
para os cristãos conseguirem casas com custos sustentáveis.
ZENIT: Como foram as viagens dos outros pontífices à Terra
Santa? Alguma lembrança particular que o senhor gostaria de compartilhar
com os leitores?
Padre Pizzaballa: Eu tenho lembranças das viagens dos três últimos
papas. Quando veio Paulo VI eu era jovem demais. Foram encontros muito
diferentes uns dos outros. Com muito trabalho, do ponto de vista da
preparação, e importantes, porque trouxeram uma energia nova para dentro
da comunidade. A visita de João Paulo II trouxe energia ao diálogo
entre judeus e católicos. Bento XVI trouxe um forte impulso tanto na
viagem à Terra Santa quanto na viagem ao Líbano. Em seus discursos, em
seus gestos, ele destacou a importância do encontro com a comunidade
local. O papa Francisco é muito popular. Sabemos que o impulso dele na
comunidade cristã se expressará de alguma outra maneira.
ZENIT: O que o senhor diria ao Santo Padre e aos nossos
leitores que talvez não conheçam com precisão os problemas do Oriente
Médio?
Padre Pizzaballa: Jerusalém é a casa de Pedro, é o lugar de onde
Pedro veio. Eu vou dizer, sem dúvida, que o Santo Padre é muitíssimo
bem-vindo, que esta é também a casa dele. A nossa é uma realidade muito
complexa, que não deve ser julgada, mas compreendida. É importante vir a
Jerusalém não para escolher, mas para estar.
(06 de Maio de 2014) © Innovative Media Inc.
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