É necessário sensibilizar as pessoas quanto às trágicas consequências do abuso sexual e quanto à necessidade de denunciar quando existem suspeitas
Cidade do Vaticano, 05 de Maio de 2014 (Zenit.org) Sergio Mora
A Pontifícia Comissão para a Protecção de Menores apresentará
ao papa Francisco “propostas específicas” para sensibilizar as pessoas
quanto “às trágicas consequências do abuso sexual e das devastadoras
repercussões de não se escutar ou não se informar quando há suspeita de
um abuso”. A declaração é do cardeal norte-americano Sean Patrick
O'Malley, que teve um encontro com jornalistas na Sala de Imprensa do
Vaticano e respondeu a uma série de perguntas.
Junto com o cardeal, estavam presentes a senhora Marie Collins, o
pe. Hans Zollne e, no auditório, vários integrantes da comissão, cujo
primeiro encontro aconteceu de 1º a 3 de Maio na Casa Santa Marta. O objectivo do encontro foi “apresentar ao Santo Padre sugestões sobre as
funções da comissão e propor a nomeação de outros membros de diversos
lugares do mundo”, disse o cardeal.
O Santo Padre instituiu formalmente a Comissão para a Protecção de
Menores no dia 22 de Março deste ano. A iniciativa tinha sido anunciada
no final de 2013 pelo cardeal O'Malley, o único purpurado da comissão.
Faz parte do grupo uma vítima de abusos, a irlandesa Marie Collins, que
sofreu assédios sexuais de um sacerdote quando era criança. Hoje com 66
anos, ela relatou a sua história em um simpósio organizado pelo Vaticano
em 2012, na presença de 200 bispos.
O cardeal norte-americano expressou “profunda solidariedade para com
todos os que foram vítimas de abusos sexuais quando crianças ou como
adultos vulneráveis” e enfatizou que, “desde o começo da nossa tarefa, adoptamos o princípio de que o bem da vítima é prioritário na hora de se
tomar qualquer tipo de decisão”.
O'Malley disse que, neste primeiro encontro, a comissão se concentrou
nos objectivos a ser alcançados e na necessidade de se incluírem
“pessoas de outras áreas geográficas e de diversas áreas de
competência”, porque há regiões no mundo em que os abusos contra menores
ainda não são considerados como tais.
“Examinamos muitas propostas sobre a colaboração que a comissão
poderá prestar aos especialistas dos sectores relacionados com a
salvaguarda dos menores e dos adultos vulneráveis”, declarou o cardeal,
acrescentando que foram contactados membros da Cúria Romana para futura
cooperação, bem como representantes da Secretaria de Estado, da
Congregação para a Doutrina da Fé, da Congregação para o Clero, da Sala
de Imprensa e da Gendarmaria Vaticana.
O purpurado estadunidense recordou que a comissão é consultiva e
comunicará ao papa os resultados do trabalho realizado, “propondo
iniciativas para fomentar a responsabilidade local em todo o mundo e o
intercâmbio das 'melhores acções' para a protecção de todos os menores
mediante programas de prevenção, educação, formação e resposta aos
abusos”.
O franciscano destacou ainda a importância de “assegurar a
responsabilidade da Igreja, incluindo medidas e procedimentos eficazes e
transparentes”. A comissão, disse ele, não se ocupará de casos
particulares, mas de “propostas específicas que reforcem a
sensibilização da opinião pública sobre as trágicas consequências do
abuso sexual e das devastadoras repercussões de não se escutar ou não se
informar quando há suspeita de um abuso, assim como da falta de ajuda
às vítimas de abusos sexuais e às suas famílias”.
Outro dos objectivos é que “os católicos se comprometam a fim de que
as nossas paróquias, escolas e instituições sejam lugares seguros para
todos os menores”.
(05 de Maio de 2014) © Innovative Media Inc.
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