O líder da oposição venezuelana denuncia um clima de confronto, a existência de presos políticos, uma situação económica difícil e o medo que quer condicionar o resultado do voto nas eleições de Dezembro
Roma, 06 de Novembro de 2013
O Santo Padre recebeu hoje em audiência privada Henrique
Capriles, o líder da oposição na Venezuela. O encontro aconteceu em uma
sala adjacente à sala Paulo VI, depois da audiência geral que se
realizou na praça de São Pedro.
Após a reunião, que durou 20 minutos, Capriles saiu à Praça de São
Pedro para encontrar-se e cumprimentar os compatriotas que ali se
encontravam. ZENIT estava lá e em declarações aos jornalistas disse: "Se
vocês querem que eu resuma em uma palavra o encontro com o papa, com
sua santidade e as palavras do papa, (é esta): diálogo”.
Capriles disse que "sua santidade é ciente da situação do nosso país"
e que a situação na Venezuela , hoje, é a mais complexa e controversa
de toda a América" , não há nenhum outro país neste momento na América
que está vivendo a situação da Venezuela".
Sobre o papel da Igreja na Venezuela, Capriles indicou que acredita
que "a Igreja tem no meu país o poder de convocação para promover um
diálogo sincero, honesto, sobre a base da verdade”. E é por isso,
afirmou, que “viemos pedir à Igreja que seja promotora do diálogo no
nosso país, têm com o que fazê-lo, têm além do mais a autoridade moral
para fazê-lo, têm a capacidade de chamar a todos”.
Outra questão que o líder da oposição venezuelana informou ao Santo
Padre é que o "Governo alimenta confronto diário, a luta entre os
venezuelanos e essa - comentou Capriles - não é a tarefa de nenhum
governo e menos de quem se qualifica como democrático". Por outro lado,
disse: "a democracia não é uma democracia como tal, é um regime que só
eles interpretam a seu modo."
Além disso, o líder da oposição esclareceu que expôs ao santo Padre a
situação que está vivendo a Venezuela: "Nós viemos pedir à sua
Santidade para ajudar a todos os venezuelanos a encontrar o caminho da
paz", para que cesse essa divisão e a linguagem de ameaça que se está
vivendo.
Para o diálogo, disse Capriles, é preciso as duas partes, “nós
estamos absolutamente dispostos a dialogar com a verdade, sem
chantagens, sem uma pistola na cabeça”, afirmou.
Ao lembrar que as próximas eleições serão no dia 8 de dezembro,
manifestou que “deve impor-se a vontade do povo, não a vontade de quem
controla as instituições”.
Disse também que lhe falou da difícil situação económica e da existência de presos políticos.
Capriles acrescentou que entregou ao papa vários presentes, entre os
quais uma imagem da patrona de Venezuela, a Virgem de Coromoto. Dessa
forma, acrescentou que “os presentes que lhe trouxemos à sua Santidade
são porque os sentimos”. Além do mais, entregaram a Francisco cartas de
muitos venezuelanos em um CD. Os presos políticos, também quiseram ser
participantes destes presentes, fizeram uma imagem da patrona venezuelana.
Disse porém que ele não se aproxima da Igreja quando se aproximam
eleições ou quando lhe convém.
Concluindo seu discurso de improviso aos repórteres na Praça de São
Pedro, disse que o novo Secretário de Estado do Vaticano, monsenhor
Parolin, tendo sido núncio apostólico na Venezuela, conhece muito bem a
realidade do país. "Tenho certeza que mons Parolin pode ajudar muito,
desde o seu cargo aqui no Vaticano, nessa promoção de diálogo em nosso
país”.
in
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