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segunda-feira, 4 de novembro de 2013

O estar zangado com Deus levou-o ao suicídio, tarot, Ouija; mas a passagem da samaritana… À fé

«Nessa missa entendi que Jesus veio pelos perdidos» 

A melancolia e o gosto pelo sinistro juntam-se na
subcultura gótica, que atrai muitas raparigas
Actualizado 26 de Outubro de 2013

Danilo Picart / Portaluz

“Desde pequena fui criada na tradição católica, mas chegou um momento em que me rebelei contra Deus”.

Assim categórica é Abigail Cofré, que viveu submergida na tristeza depois da morte do seu avô quando tinha 13 anos.

Originária da cidade de Rancagua, Chile, ainda mantém frescos os ensinamentos católicos da sua avó.

“Ela usava um véu para ir à misa. Levava sempre flores à Virgem Maria e fazia todas as coisas da capela”.

Apesar de que a sua mãe esteve presente em todo o momento, considera que as suas maiores referências foram os seus avôs, porque “me punham as regras. Via neles um matrimónio bem constituído”. 

Obscuridade depois da morte do avô
É com o falecimento do seu avô nas férias de Fevereiro em 1996, quando a sua fé se desmoronou.

Não quis saber nada mais de Deus, porque era a primeira perca que havia tido. Tinha pena porque não o ia ver nunca mais, queria morrer, tentei suicidar-me em várias oportunidades. É ali que entrei para um grupo no colégio que eram góticos. Como gosto de poesia, comecei a escrever poemas deprimentes e pintei o cabelo de negro”. 

Nos cemitérios... Porque há silêncio
Abigail reconhece que deambulou na subcultura Gótica mais de seis anos participando de diversas comunidades que partilhavam a sua paixão por “essa estética sinistra”. A tal ponto chegou o seu afã de abstrair-se da realidade, assinala, que estudava nos cemitérios, pois, “era o único local onde podia encontrar silêncio”.

Ávida de novas experiências, Abigail explora também o ocultismo. “Nesse tempo, jogava à Ouija, via o tarot, leituras sobre a aura, mas deixei todas essas coisas. Agora pergunto-me porque fiz essas coisas, se o meu destino ou o que me ocorra em cinco minutos mais será assim por vontade de Deus e não minha?”.

A avó chamou o padre
Recorda que um dia, a pedido da sua avó, um sacerdote chamado Guillermo González foi ao seu lar com o mero objectivo de fazer-lhe um par de questões. O padre disse-me “«Abigail… Até quando vais estar deprimida? até quando chorarás? O Deus que adoramos é o Deus da vida. É o Ressuscitado, quem faz novas todas as coisas.

Pede-lhe que transforme a tua vida. Assim como Cristo transformou a água em vinho, que te transforme a ti». Nesse momento, reagi, mas incrédula”.

Uma leitura proclamada na missa
Aquelas questões voltaram a suscitar-se tempos depois, quando a sua avó lhe exigiu que a acompanhasse à missa. “Um dia escutei a leitura da mulher Samaritana e entendi o que me disse o sacerdote que visitou a nossa casa. Jesus não veio procurar os bons, mas sim os que estavam afastados. Os que estavam perdidos, que não tinha vindo somente pela boa gente, mas sim por aqueles que não queriam saber de Deus. E que ele Senhor sofria por isso e que Ele havia morrido por mim e por cada um de nós”.

Assegura que reflectiu por vários minutos as frases dessa leitura… “Eram palavras actuais, cheias de vida. Não eram coisas que se tinham passado há mais de dois mil anos. E fiz uma promessa ao Senhor. Disse-lhe que queria ser a menina dos seus olhos, não queria viver na infância eterna”.

Preparar-se para a Confirmação
Comovida e com desejos de reestruturar a sua vida, ingressou num grupo de confirmação para receber o sacramento, aos seus 20 anos. “Saber que tenho uma missão no mundo. Que o Senhor sabia quando ia nascer, onde me ia criar, que é o que ia viver antes de muito, fez-me reflectir. A morte é a continuação da vida, mas abraçada a Cristo. Morrerei, é o único que tenho seguro na vida, mas encontrar-me-ei com Deus, com o meu avô, e com todos os que quero ver”.

Quando repassa as grandes experiências da sua vida, Abigail conclui que a morte não tem a última palavra e deposita toda a sua esperança no Senhor. “Porque alguém, como ser humano sempre procura algo em que crer. Confias num par de cartas, nuns desenhos raros, numa taça de café, ou porque estás alucinado com drogas vês raios nas pessoas. Acreditei que era especialista para com essas artes fabricar a minha própria sorte, mas não é assim”. 

Advogada, com o "Peregrino Russo"
Hoje, a poucos meses de jurar como advogada, já trabalha como procuradora. Além disso abrirá um novo campo ocupacional, como relatora de workshops laborais a trabalhadores na cidade de Rancagua. Até há alguns meses era uma activa representante juvenil na sua comunidade pastoral, e junto com o seu esposo, Cristián teve o privilégio de viajar ao encontro com o Papa Francisco na Jornada Mundial da Juventude do Rio de Janeiro.


A sua principal proximidade com Deus se plasma por meio de uma oração do coração que descobriu no livrito “O Peregrino Russo” e que confessa repete como oração constante cinquenta vezes cada dia. Podes dizê-la? perguntámos-lhe, ao finalizar. “Por suposto!”, responde feliz, ao mesmo tempo que reza… «Jesus Cristo, filho de David, tem compaixão de mim».

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