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terça-feira, 5 de novembro de 2013

Era mestre de Yoga e hoje, Prior num mosteiro de França, adverte: «Não há Yoga Cristão»

P. Joseph-Marie Verlinde 

Joseph-Marie Verlinde
Actualizado 27 de Outubro de 2013

PortaLuz

“Não há yoga cristão, mas sim que há cristãos que fazem yoga”, diz quem foi mestre dessa disciplina que é, adverte, um caminho de vida. Hoje o belga Joseph-Marie Verlinde é sacerdote e Prior de um mosteiro em França. A sua diáfana reflexão sustentada na experiência questiona os argumentos que apresentam o yoga como simples e benéficos exercícios de acondicionamento físico e psíquico.

No seu livro "A Experiência Proibida", de que apresentaremos alguns extractos, além de passagens de uma entrevista emitida pela “Net For God Production” mostra-nos a verdade e a paixão pela sua resposta fiel a Deus, que finalmente conquistou a sua alma.

Apenas com 20 anos já era um avantajado cientista no Fundo Nacional de Investigação Científica da Bélgica, quando se tornou parte da grande revolução cultural de 1968. “Eu era investigador de Química Nuclear e os meios científicos e de investigação encontravam-se em plena efervescência. Nesse momento, deixei-me levar por essa onda. Foquei-me nas propostas do oriente que invadiam o horizonte da cultura ocidental”.

A revolução das estruturas e da consciência
Nem a sua sólida educação cristã, como tampouco a inata qualidade crítica do seu ser científico impediram que fosse impactado pelo movimento de estruturas na sociedade da época. E um dia qualquer, ficou absorto perante um anúncio publicitário que convidava a praticar a Meditação Transcendental. Aquilo de ser uma “via simples, fácil e eficaz”, disse, para chegar a estados superiores de consciência e uma auto-realização plena, era irresistível. “Entreguei-me a praticar intensamente – detalha - até ao ponto de que cheguei a encontrar-me tão extasiado como se estivesse fora da realidade e incapaz de assumir o meu trabalho no laboratório onde trabalhava”.

O guru e a sedução do Yoga
É então quando conheceu um renomeado seguidor do yoga, chamado Maharishi Mahesh Yogi. “Como prestava uma atenção especial aos homens da ciência, recebeu-me cordialmente. Começou fazendo-me praticar a técnica ainda mais intensamente, pois, segundo ele, as dificuldades que experimentava deviam-se a que devia relaxar tensões profundas. Depois desse tempo de «purificação», propus-me converter-me eu mesmo num mestre da meditação, e formou-me para isso”.

Por quase três anos explorou nas afamadas bondades do yoga, permanecendo numa comunidade espiritual (Ashram) na Índia. Logo foi treinado, ali, no berço do Yoga, descobrindo, disse, que a prática “era uma grande liturgia. Enquanto aqui, os ocidentais faziam e fazem yoga como exercícios de relaxação. Inclusive quando disse ao guru numa viagem à Alemanha que os europeus estavam fazendo yoga para relaxar-se, ele teve um ataque de riso. Logo, pensou por um momento e disse «isto não evitará que o yoga faça o seu efeito»”. Ficou estremecido e reflectindo sobre isto no seu livro “A experiência proibida” recorda que apesar de viver beleza, harmonia e serenidade durante as suas práticas… “toda a minha natureza podia exultar com uma sobriedade indescritível, salvo a ponta fina da minha alma que continuava insatisfeita, desejando o Amado…”

Joseph-Marie assinala no seu livro que o Yoga é todo um caminho alheio ao que confessa a Fé. No horizonte cristão, precisa, “a elevação de que se fala é uma saída de um mesmo até Deus e até os demais, numa entrega caritativa a eles”. Logo acrescenta que este não é o horizonte do Yoga, que em si é… “uma imersão nele mesmo para disfrutar de maneira narcisista do próprio acto de ser, num êxtase solitário… o yogui põe-se a caminho até à sua própria realidade «absoluta», da qual quer gozar sem companhia de ninguém”, sentencia.

Recuperando o sentido
Tempo depois, com vagas mas permanentes luzes de nostalgia por Deus, a visita de um médico naturista afectaria Joseph-Marie. “Os nossos corpos estavam maltratados pelo intenso exercício que realizávamos ali e este naturista era cristão. Como eu era uma espécie de secretário pessoal do guru recebi-o. Pusemo-nos a conversar e ele perguntou-me «Você é cristão? Está baptizado?», disse-lhe «claro!». E devolve-me outra pergunta «Quem é Jesus para você?». É difícil de expressar, mas percebi que aí Jesus dizia-me «Filho meu… Quanto tempo me farás esperar?». Logo depois disso, dei-me conta que era amado incondicionalmente, que não havia nenhuma sombra de juízo no olhar, não havia penitência, mas sim compaixão. Uma ternura infinita, um mar de misericórdia se derramava sobre mim e eu chorava, chorava todas as lágrimas do meu arrependimento…”. Não passou muito tempo para que Joseph-Marie se visse revestido com a força necessária para abandonar o Ashram e as práticas do guru.

Um retorno com tropeços

Tomou um avião de regresso à Bélgica. Com apenas uma bolsa chegou a Bruxelas. Sem dúvida, sentindo-se cheio de temores, confuso, em vez de procurar ajuda em pessoas da igreja, recorreu a pessoas que lhe pareciam ser mais idóneas para aclarar as suas inquietudes. “Estavam adaptados à corrente das tradições transmitidas do hinduísmo, mas tinham também como referência os evangelhos. Pus a minha confiança neste grupo que se dizia «cristão», mas a verdade é que misturavam energia e reencarnação. E bem, não o sabia nesse momento, mas tinha entrado numa escola esotérica”.

Começou a naufragar nesse ambiente e logo veio um giro mais radical naquela comunidade. “Demos o giro ao ocultismo. Vi-me em práticas ocultistas, no âmbito do que se chamaria hoje «Terapias Energéticas». Quer dizer, manipular as energias ocultas com o fim de obter curas. Tornei-me amigo de um naturista e admirou-se das minhas «habilidades» como médium usando as forças ocultas sem dificuldade para penetrar na mente de outros. Estas sessões de cura ocupavam todo o meu tempo livre. Pois, na realidade não tinha «cura», somente um deslocamento de sintomas”.

“Ainda assim, comecei a participar da Eucaristia – pontualiza – ainda que não me tenha atrevido a confiar nos representantes da igreja, e prolongava os meus tempos de oração com o Santo Rosário.

Paulatinamente tomei consciência da alienação subtil que padecia a raiz do trabalho com estas entidades. Sobretudo, quando um dia se manifestaram”.

Honesto Joseph-Marie confidencia que escutou estranhas vozes no seu trabalho. “Tinha um grupo de manipulações que chamávamos «colectividade magnética». E num profundo silêncio ouvia alguém e dizia coisas, mas na realidade, ninguém me chamava. Estava muito preocupado, já que se repetia sempre. Então, comentei-o aos dirigentes do grupo, eles riram-se e disseram-me: «Para nada. Não to dissemos, mas é evidente que exerces tais poderes sem a ajuda dos espíritos. São anjos curadores»”.

Mas continuou escravizado por estes «anjos curadores» ao extremo que numa viagem a Paris quando foi a uma Eucaristia ao meio dia, no momento da consagração, “quando o sacerdote disse «por Ele, com Ele e n’Ele», escutei estes seres a blasfemar vergonhosamente de Cristo. Fiquei petrificado. Nesse instante compreendi que tinha sido enganado, abusado. No final da celebração, procurei o sacerdote e contei-lhe a minha história. Respondeu-me: «isso não me assombra. Sou o exorcista da diocese». Logo deste primeiro encontro de libertação - e este detalhe é muito importante -… ia todos os dias à missa e não se passava nada, os espíritos ou entidades ocultavam-se. Sabiam que era melhor ficar quietos. Mas a autoridade que tinha o sacerdote obrigou-os a rebelar-se, para fazer a grande limpeza. Pude ser finalmente libertado com orações intensas”, confidencia.

A chamada ao sacerdócio amadurecia no coração de Joseph-Marie desde que tinha regressado da Índia. “Desta vez – assinala - decidi aferrar-me à Igreja, tomando-me o tempo necessário para compreender a minha história à luz do Evangelho”. É assim que após dez anos de formação foi ordenado sacerdote em 1983 integrando-se na Comunidade Monástica de São José, onde é Prior de um mosteiro, em França, até à data.

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