Durante a missa em Santa Marta, papa Francisco reza por uma Igreja livre dos moralismos e pronta para acolher a Cristo com coração humilde
Cidade do Vaticano,
A humildade é uma condição necessária se queremos acolher a
palavra de Deus e converter-nos. Disse Papa Francisco durante a missa
matutina na capela da casa Santa Marta, celebrada desta vez na presença
de alguns funcionários da Imprensa Vaticana e do L'Osservatore Romano.
Articulando a sua homilia sobre as leituras do dia (Actos 9, 1-20;
Jo 6, 52-59), o Santo Padre recordou a história da conversão de São
Paulo, que, depois de ter perseguido Jesus, o acolhe, porque, apesar da
sua mente estar perplexa, o seu coração está aberto a Cristo. Uma
atitude semelhante é a de Ananias, enquanto os doutores da lei respondem
a Jesus com total fechamento e hostilidade.
A voz de Jesus, disse Francisco, "passa pela nossa mente e vai ao
coração, porque Jesus procura a nossa conversão”. Paulo e Ananias,
acolhendo a Cristo na sua vida, “respondem como os grandes da história
da salvação, com Jeremias, Isaías”.
A confusão e a incerteza são típicos de todos os profetas, incluindo
Moisés, que se pergunta: "Mas, Senhor, eu não sei falar, como irei dizer
isso aos egípcios?" enquanto a Virgem Maria encontra-se a conceber o
Filho de Deus, o Salvador da humanidade, sem ser casada, ou "conhecer
homem".
O salto de qualidade típico de todos os profetas e santos é a
"resposta de humildade", ou a aceitação da Palavra de Deus "com o
coração". Todo o contrário da lei, que “respondem só com a cabeça” e
assim se fazem impermeáveis para qualquer conversão.
Actualizando o conceito, Papa Francisco identificou nos “grandes
teólogos” do nosso tempo, outra categoria de pessoas que “respondem
somente com a cabeça”, e não compreendem que a Palavra de Jesus “vai
para o coração porque é Palavra de amor, é palavra bonita e traz o amor,
nos faz amar”
Quando eles descobrem que quem não comer a carne de Jesus e não beber
Seu sangue, não vai ganhar a vida eterna, entram em crise: não
conseguem ir além do conceito material e convencional do ato de comer
carne.
Entra portanto um “problema de intelecto” e quando a ideologia entra
“na inteligência do Evangelho, não se entende nada”, observou o
Pontífice.
Nem mesmo o "moralismo" é uma estrada viável: mesmo quem insiste em
ver em Jesus uma mera “estrada do dever”, de fato, cai na armadilha da
pretensão de compreender tudo somente “com a cabeça”. Quem tem uma
atitude assim carrega tudo “sobre os ombros dos fieis”.
Toda ideologia, acrescentou o Papa Francisco, “é uma falsificação do
Evangelho” e aqueles que a sustentam são “intelectuais sem talento, eticistas
sem bondade”; não entendem nem sequer de beleza. Ao longo da estrada do
amor, da beleza e do Evangelho avançam pelo contrário os Santos que,
com a humildade da sua conversão, “levam adiante a Igreja”.
A oração final do Santo Padre foi portanto por uma Igreja de coração
aberto, livre de “qualquer interpretação ideológica” e fundamenta
somente no Evangelho “que nos fala do amor e nos leva ao amor” e “nos
faz belos”, dando-nos “a beleza da santidade”.
[Tradução do Italiano por Thácio Siqueira]
in
Sem comentários:
Enviar um comentário