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sábado, 20 de abril de 2013

Francisco: Que toda a pastoral tenha uma perspectiva missionária

Em carta aos bispos, o papa pede remar mar adentro


Buenos Aires,


Em missiva aos bispos participantes da 105ª Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Argentina, o papa Francisco lhes pediu que toda a pastoral tenha “uma perspectiva missionária”.

À assembleia plenária, que acontece em uma casa de retiros na cidade de Pilar, a poucos quilómetros de Buenos Aires, o papa denuncia que “a doença típica da Igreja fechada é ser autorreferencial”, o que é “uma espécie de narcisismo que nos leva à mundanidade espiritual” e a um “clericalismo de mercado”, além de impedir “a doce e reconfortante alegria de evangelizar”.

Francisco também enfatiza para os bispos argentinos que “Maria nos ensinará o caminho da humildade e daquele trabalho silencioso e valente, que o zelo apostólico faz prosperar”. E pediu orações para “saber escutar o que Deus quer e não o que eu quero”.

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Texto da carta

Queridos irmãos,
Recebam estas linhas de saudações e também de desculpas por não poder participar, devido a “compromissos assumidos recentemente” (ficou bem?). Estou espiritualmente junto com vocês e peço ao Senhor que os acompanhe muito nestes dias.

Manifesto a vocês um desejo: eu gostaria que os trabalhos da assembleia tivessem como marco referencial o Documento de Aparecida e o “Rema mar adentro”. Lá estão as orientações de que nós precisamos neste momento da história. Acima de tudo, peço que vocês tenham uma especial preocupação com o crescimento da missão continental em seus dois aspectos: a missão programática e a missão paradigmática. Que toda a pastoral tenha uma perspectiva missionária.

Uma Igreja que não sai de si mesma adoece, cedo ou tarde, em meio à atmosfera pesada do seu próprio fechamento. É verdade, também, que uma Igreja que sai às ruas pode sofrer o que qualquer pessoa na rua pode sofrer: um acidente. Diante desta alternativa, quero lhes dizer francamente que prefiro mil vezes uma Igreja acidentada a uma Igreja doente. A doença típica da Igreja fechada é ser autorreferencial; olhar para si mesma, ficar encurvada sobre si mesma, como aquela mulher do Evangelho. É uma espécie de narcisismo que nos leva à mundanidade espiritual e ao clericalismo sofisticado, e, depois, nos impede de experimentar “a doce e reconfortante alegria de evangelizar”.

Desejo a todos vocês esta alegria, que tantas vezes vem unida à Cruz, mas que nos salva do ressentimento e da tristeza. Esta alegria nos ajuda a ser cada dia mais fecundos, desgastando-nos e puindo-nos no serviço ao santo povo fiel de Deus; esta alegria crescerá mais e mais à medida que levarmos a sério a conversão pastoral que a Igreja nos pede.

Obrigado por tudo o que vocês fazem e por tudo o que vão fazer. Que o Senhor nos livre de maquilhar o nosso episcopado com as belas aparências da mundanidade, do dinheiro e do “clericalismo de mercado”. Nossa Senhora nos ensinará o caminho da humildade e daquele trabalho silencioso e valente que o zelo apostólico faz prosperar.

Peço, por favor, que vocês rezem por mim, para que eu não me sinta acima de ninguém e saiba escutar o que Deus quer e não o que eu quero. Rezo por vocês.

Um abraço de irmão e uma especial saudação ao povo fiel de Deus que está sob os seus cuidados. Desejo a todos vocês um santo e feliz tempo pascal.

Que Jesus os abençoe e Nossa Senhora cuide de vocês.



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