Cardeal Bergoglio no olhar do bispo auxiliar de Buenos Aires Eduardo Horacio García
Roma,
"Era um desejo, mas não achava que Bergoglio seria eleito
pontífice. Pensava: João Paulo II foi papa por 26 anos, Bento XVI foi
eleito quando tinha 78 anos, agora elegerão um papa com uma idade média
entre os dois".
"Quando vi Jorge Mario Bergoglio saindo pelo Balcão central da
basílica de São Pedro pensei que estava sonhando. Falei para mim mesmo:
dormi e vejo coisas irreais”. Depois caiu a ficha de que era verdade e
então as lágrimas começaram a cair, e pensei: O que fizeram contigo,
querido amigo!”
"Não passaram dez minutos quando os jornalistas estavam na porta
porque queriam saber. Sequei minhas lágrimas e fui comemorar no meio das
pessoas".
Assim, Monsenhor Eduardo Horacio Garcia disse aos jornalistas
presentes na XXXVI Assembleia Nacional dos grupos e comunidades da
Renovação Carismática Católica reunidos em Rimini, contando como foram
os seus primeiros momentos da eleição do Papa Francisco.
Monsenhor Garcia é bispo auxiliar e pro-vigário geral da Arquidiocese
de Buenos Aires, conhece Bergoglio há 20 anos, e nos últimos dez anos
trabalharam lado a lado.
Antes de partir para Roma, Bergoglio pediu para ele procurar uma
residência de sacerdotes anciãos, já que tinha completado a sua tarefa
como arcebispo de Buenos Aires.
Entrevistado por ZENIT mons. Garcia explicou que também na Argentina
dá para ver os frutos da eleição do Papa Francisco, com um número
impressionante de pessoas que enchem as igrejas, pessoas que, depois de
muitos anos, se aproximam da confissão, vão confessar-se, mas as pessoas
não estão tão impressionadas como na Europa pelo estilo de vida do Papa
Francisco, porque é exactamente a maneira de comportar-se do arcebispo
de Buenos Aires.
Na capital Argentina é bastante comum encontrar bispos, sacerdotes,
religiosos, andando de ónibus ou metro, fazendo compras nos
supermercados.
A maior qualidade do Papa Francisco é a humildade, com tantos anos
como arcebispo de Buenos Aires nunca celebrou uma quinta-feira santa na
diocese. Sempre foi lavar os pés, abençoar, confessar nos hospitais,
prisões, asilos, hospícios.
"O papa Francisco é um homem e não um faraó – explicou monsenhor
García – um homem de Deus, um homem simples que conhece a realidade da
vida, que viveu e compartilhou a humanidade das pessoas, um papa que
cumprimenta, bom dia, boa noite, que deseja um bom apetite, não só
porque é educado, mas porque é um missionário que pratica o seu
ministério de estar próximo das pessoas".
"Em Roma, todos estão impressionados com o seu modo de actuar, mas
Bergoglio não mudará o seu modo de fazer, ele testemunha a boa nova, o
papa não é um faraó que vive na pirâmide, é um homem fiel ao seu modo de
viver. Ele é assim. E continuará a comportar-se como ele é”.
Com relação a como governará a Igreja universal, monsenhor Garcia
disse que "esperemos e veremos”. No que diz respeito ao governo da
diocese de Buenos Aires, monsenhor García disse que tudo começou em
2004, quando, depois de ter desenvolvido a missão pós-jubileu, todos se
perguntavam: e agora, o que faremos?"
Alguns sugeriram fazer um Sínodo, um congresso nacional. Bergoglio
porém propôs um caminho escutando ao povo. E lançou uma missão
permanente que continuará levando os sacerdotes às ruas, fora das
igrejas. Convidou para sair e entrar em contacto com as pessoas. Dizia
que “para fazer da cidade um grande santuário, é preciso estar nas
ruas”. Procurar os últimos, cuidar dos que sofrem, acompanhar os pobres e
os fracos, aproximar-se para confessar os pecadores, converter os
corações. Esta é a sua ideia de Igreja.
Assim como propôs em 2007 no encontro do Episcopado Latino-americano
(CELAM) realizado em Aparecida. Nessa ocasião, o Cardeal Bergoglio foi o
relator-geral propôs exactamente o que ele estava fazendo na
Arquidiocese de Buenos Aires.
Em relação a como o papa Francisco reformará a Cúria Romana,
monsenhor García, disse que não sabia, e também lembrou ter lido um
artigo de 1931 no qual já se pedia uma reforma radical da Cúria.
Ter sido eleito papa, mudou o cardeal Bergoglio? A esta pergunta,
monsenhor García disse que a única mudança evidente é que quando estava
em Buenos Aires não ria muito, de facto, mantinha uma atitude séria e
determinada, especialmente com seus colaboradores, mas agora, desde que
se tornou papa sua felicidade é mais evidente em mais ocasiões, sua
alegria e gozo.
in
Sem comentários:
Enviar um comentário