Conferência na Universidade Pontifícia da Santa Cruz aborda a questão
Roma,
A imagem de paternidade na televisão de hoje foi o tema de
uma conferência de dois dias, realizada na Pontifícia Universidade da
Santa Cruz (PUSC), em Roma.
A figura do pai nas séries de televisão foi o tema da última
conferência do ciclo "Poesia, Comunicação e Cultura", organizado a cada
dois anos pela Faculdade de Comunicação da PUSC.
A conferência tem como objectivo fornecer um estudo sobre a
paternidade tal como retratada nas séries de TV mais populares, em
particular no tocante ao papel do pai na família, à ausência da figura
paterna e à relação entre pai e filhos.
A sessão de ontem começou com a apresentação da "idade de ouro" na
ficção televisiva, a cargo do professor Alberto Nahum García, da
Universidade de Navarra. A seguir, a escritora e jornalista do canal TG3
Costanza Miriano, mãe de quatro filhos, falou do papel do pai na
família, e Alberto Fijo, editor do jornal Fila Siete e redactor-chefe da
Aceprensa, analisou três séries de televisão britânicas: Dowtown Abbey,
Luther e The Hour.
O pe. John Wauck, professor de comunicação institucional na PUSC e um
dos moderadores da conferência, disse a ZENIT que o tema deste ano foi
escolhido, em parte, para "chamar a atenção sobre o importante papel da
paternidade em muitos programas de televisão de hoje".
Como universidade pontifícia, disse o professor, "estamos
interessados principalmente em questões teológicas e, muitas vezes, em
questões antropológicas, filosóficas e morais. No ambiente académico,
às vezes nos esquecemos de que não é necessariamente nos livros didácticos e nas salas de aula que essas questões são desenvolvidas".
Alguns dos participantes, continuou ele, observaram que “estamos numa
idade de ouro da televisão”, com enorme quantidade de tempo para contar
histórias longas e complicadas através de uma tecnologia similar à
utilizada nos filmes. Em termos de qualidade, a diferença entre a
televisão e os filmes se reduziu muito".
Ao contrário do filme, observou Wauck, que geralmente dura em torno
de duas horas, a série de televisão é capaz de mergulhar em questões
complexas sobre a vida e a existência, ao longo de várias e várias
horas. "Questões de identidade e paternidade, relação entre pais e
filhos, questões éticas que envolvem o exercício da autoridade do pai, a reacção das crianças à presença ou ausência do pai, os vários defeitos
ou falhas dos próprios pais; todas essas questões podem ser tratadas com
mais detalhe nas séries de TV. Não é um filme que precisa resumir tudo
em duas horas".
O objectivo da conferência da faculdade de comunicação não é oferecer
uma solução para os problemas da família, mas identificar a crise do
ponto de vista da televisão. "Muitas vezes, em muitas séries de
televisão, o problema é a ausência de um pai ou um pai que é inadequado.
Muitas figuras paternas dos programas de televisão são profundamente
falhas; isso quando estão presentes", observa Wauck, acrescentando que,
"às vezes, a história da paternidade numa série é a própria ausência do
pai, como acontece na sociedade em geral".
Embora a maioria dos programas de TV examinados sejam britânicos ou
norte-americanos, os participantes do encontro são quase todos espanhóis
e italianos. "Há uma dimensão internacional muito grande nesta
conferência, não apenas pelos vários países envolvidos, mas também
porque as diferenças culturais entre os programas estão sendo
analisadas. Podemos olhar para as séries de TV americanas com um olhar
um pouco diferente do de um comentarista americano".
O pesquisador também considera significativo que uma das
palestrantes, Costanza Miriano, diz não ter tempo para ver televisão.
"Este é um ponto que vale a pena levar em conta numa conferência como
esta, porque levanta a seguinte questão: se os pais não têm tempo para
assistir aos programas em que se fala da paternidade, então quem é que
assiste? Provavelmente, não são pessoas com filhos".
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