Uma negociação positiva que não chega ao fim
Roma,
"A esperança vem a nós vestida em trapos, para que a
possamos vestir com uma roupa de festa" (Paul Ricoeur). Muito
esperávamos pela libertação dos dois bispos sírios, sequestrados
segunda-feira, 22 Março. A apreensão insustentável pelo seu sequestro e a
real dificuldade de comunicação com diversas fontes para certificar-se
da notícia levou-nos à esperança de que as miragens pudessem saciar a
nossa sede de sucesso.
No momento em que a notícia saiu no site da Oeuvre d'Orient, Zenit -
Edição árabe estava entrevistando um sacerdote sírio de Aleppo (cf.
Diário de um sacerdote de Aleppo). Em alguns momentos recebemos diversas
comunicações e confirmações da Síria do definitivo desfecho. O site da
"Rússia Alyawm" também tinha difundido detalhes fornecidos por fontes
locais que afirmavam que "autoridades políticas e religiosas intervieram
no assunto e pressionaram para a libertação dos dois bispos”, e que
depois de "negociações difíceis" tinha-se chegado ao acordo para
libertar os dois prelados.
Por volta das 23h30 da terça-feira, 23 de Abril, Zenit conseguiu
finalmente entrar em contacto com uma fonte que colabora com o
metropolita ortodoxo de Aleppo, mons. Boulos el-Yazgi. A fonte negou a
notícia da libertação e disse: "Houve uma grande confusão na difusão de
notícias conflitantes [...] porque aqui [em Aleppo] as comunicações são
interrompidas muitas vezes."
"Devemos dizer a verdade sobre a não libertação para que o caso dos
dois bispos sequestrados não seja arquivado prematuramente",
acrescentou.
E à pergunta sobre o status quo das negociações, a fonte
reiterou: "Nenhuma novidade. Os dois bispos não foram libertos e não
temos informações precisas sobre o local onde se encontram".
Uma declaração conjunta de dois patriarcas, além disso, e para evitar
qualquer mal-entendido, o patriarca ortodoxo de Antioquia e todo o
Oriente, S.B. Mar Ignatius Zakka I e o Patriarca sírio-ortodoxo de
Antioquia e todo o Oriente, Mar Yuhanna Yazgi X, publicaram um
comunicado oficial conjunto que apresenta as circunstâncias do sequestro
da segunda-feira. Os dois bispos, Mons. Gregorios Yuhanna Ibrahim mons.
Boulos el-Yazgi, estavam "voltando para Aleppo, de uma missão
humanitária". Os dois prelados foram, provavelmente, com o compromisso
de negociar a libertação do pe Michel Kayal, um jovem sacerdote arménio e
do pe Maher Mahfuz, um padre ortodoxo, sequestrados no dia 9 de Fevereiro de 2013.
No seu comunicado os dois patriarcas reafirmam que os cristãos na
Síria "são uma parte essencial do tecido dos povos aos quais pertencem.
Eles sofrem com todos os sofredores”.
O comunicado dirige um apelo urgente aos sequestradores para que
"respeitem a vida dos dois irmãos sequestrados" e os convida a "desistir
de todos os actos que disseminem divisões religiosas e confessionais
entre os filhos de uma única nação”.
Os dois patriarcas também expressaram a sua compreensão pela
“preocupação que paira no ânimo dos cristãos por causa de um tal
acontecimento” e convida-os à paciência e à confiança em Deus, lembrando
que “a defesa da nossa terra acontece em primeiro lugar por meio da
perseverança nela, e por meio do trabalho para fazê-la uma terra de amor
e de pacífica convivência”.
A declaração não esquece de dirigir mais uma vez um apelo ao mundo
inteiro, para que tomem medidas para "pôr fim ao drama que acontece na
Síria amada".
Os patriarcas Zakka e Yazgi também convidam os compatriotas
muçulmanos a trabalharem juntos e rejeitarem o usar seres humanos como objectos, “seja como escudos humanos nas lutas, seja como mercadorias de
troca económica ou política”.
Finalmente um apelo também vai dirigido aos sequestradores
lembrando-lhes que os dois sequestrados são “apóstolos do amor no
mundo”. O que testemunha o calibre dos dois bispos sequestrados não são
somente palavras, mas “o seu compromisso religioso, social e nacional”.
Portanto, o convite agora é de “colaborar para que esta situação
dolorosa seja tratada sem violência que só serve para os inimigos da
nação”.
... a nossa esperança ainda está vestida de trapos ... mas como diz
um dos últimos ditados publicado no dia 19 de Abril de Mons. Gregorios
Yohanna Ibrahim na sua página de Facebook: "A esperança ... é uma
pequena janela, mas, apesar da sua pequenez, ela abre enormes horizontes
na vida".
in
Sem comentários:
Enviar um comentário