Triunfo da objecção pró-vida
Não só se negavam a participar no acto cirúrgico do aborto, mas sim em qualquer parte do processo, e ainda que em Fevereiro perderam um primeiro julgamento agora os tribunais dão-lhes a razão.
Actualizado 25 Abril 2013
P. J. Ginés/ReL
Mary Doogan e Concepta Wood são parteiras da mesma estirpe que aquelas que se negaram a obedecer ao Faraó que mandava matar os bebés hebreus (no livro do Êxodo, salvando a vida de Moisés). São do mesmo templo que Stanislawa Leszcynska, a parteira de Auschwitz, que ajudava os bebés em pleno coração da cultura da morte.
Mary e Concepta são parteiras e supervisoras de parteiras em Glasgow (Escócia), são católicas e negaram-se a ter nada que ver com fazer abortos.
Nada.
Nem a dar informação ao médico sobre as pacientes que abortavam ou queriam abortar.
Nem a designar pessoal que se encarregasse de facilitar materiais para o aborto.
Nem a acompanhar os obstetras nas rondas médicas que tivessem que ver com um aborto.
Nem a cobrir substituições que implicassem atender a uma mulher que pedia um aborto.
Refugiavam-se no seu direito à objecção de consciência recolhido na Lei do Aborto britânica de 1967. Negaram-se a que o Serviço Nacional de Saúde e o Hospital Geral do Sul de Glasgow lhes pudesse obrigar a realizar essas actividades.
Perderam o primeiro julgamento, sem render-se
O Serviço de Saúde de Glasgow as levou aos tribunais, e em Fevereiro a juiz Smith determinou que essas actividades "não acabam com a gravidez de uma mulher" e que não podiam objectar a elas porque estavam "suficientemente afastadas da implicação directa". A imprensa pró-aborto saudou com alegria o resultado.
Mas quem decide que é o "suficientemente longe"? O debate na imprensa ressoou com força. Muitos entendiam que elas se sentiam como o condutor dos trens a Auschwitz: no queriam participar, nem sequer indirectamente!
O advogado das parteiras tinha-o claro: a "linha divisória" não a deve por um burocrata com respeito há significados literais, mas sim a consciência do individuo, dado que se trata de objectar em consciência aquilo que causa uma profunda repugnância moral.
Vitória no tribunal de apelações
Com estes argumentos (e esgrimindo uns acordos laborais que firmaram em 2007) as parteiras levaram a sentença a revisão. E os três juízes deram-lhes a razão, apesar de que o advogado das autoridades sanitárias repetiu-lhes que dar a razão a estas duas mulheres traria problemas de gestão do aborto "em outros hospitais, não só da Escócia mas sim de todo o Reino Unido".
Mas os juízes consideraram que os problemas de gestão não eram assunto seu, mas sim que deviam proteger um direito básico, como é a objecção de consciência. A juíza Dorrian afirmou que este direito existe "porque se reconhece que o processo do aborto é sentido por muitos como moralmente repugnante" e acrescentou que o direito a objectar estende-se "não só ao acto médico o cirúrgico em si, mas sim a todo o processo de tratamento dado com esse propósito".
Duas mulheres perseverantes
Assim, a senhora Doogan, com os seus 58 anos, e a senhora Wood, com 52, ambas com um historial inumerável de bebés nos seus braços, puseram de joelhos o sistema abortista no Reino Unido, por senti-lo "moralmente repugnante" (em palavras da juiz Dorrian), depois de muitos meses de suportar uma dura campanha mediática contra elas, acusando-as de "insensíveis", "fanáticas" e, sobretudo, de "católicas".
As duas parteiras emitiram uma nota declarando-se "encantadas" por ter ganhado o julgamento.
"Ao declarar que toda a vida é sagrada desde a concepção até à morte natural, como parteiras sempre temos trabalhado sabendo que tínhamos duas vidas que cuidar no parto: uma mãe, e o seu filho por nascer", afirmam.
"Este julgamento dá a boas-vindas à afirmação dos direitos de todas as parteiras de retirar-se de qualquer prática que possa violar a sua consciência, algo que, com o tempo, impediria a muitas de entrar no que sempre se considerou uma profissão nobre e gratificante", declararam.
Um alívio para todos os sanitários
Paul Tully, do grupo pró vida SPUC, declarou que se tratava de uma "tremenda vitória" das duas mulheres. "É um grande alívio para todas as parteiras, enfermeiras e doutores que possam ser pressionados para que supervisionassem procedimentos abortivos e que se perguntavam se a lei lhes permitia rejeitá-lo", assegura.
O bispo anima à objecção
Philip Tartaglia, o arcebispo de Glasgow, onde 30% da população é católica, também mostrou a sua alegria. "É uma vitória da liberdade de consciência e do sentido comum. Respeitar a liberdade de consciência é a marca própria de uma sociedade civilizada", assegurou.
"Espero que muitos profissionais da saúde pró-vida ganhem coragem a partir desta sentença e tenham o valor de expressar as suas objecções quando lhes peçam tarefas que são moralmente más e que violam a sua consciência", acrescentou o bispo. "As parteiras devem ser louvadas pela sua valentia e determinação ao plantar-se frente a um pedido injusto do seu empregador".
Não só se negavam a participar no acto cirúrgico do aborto, mas sim em qualquer parte do processo, e ainda que em Fevereiro perderam um primeiro julgamento agora os tribunais dão-lhes a razão.
Actualizado 25 Abril 2013
P. J. Ginés/ReL
Mary Doogan e Concepta Wood são parteiras da mesma estirpe que aquelas que se negaram a obedecer ao Faraó que mandava matar os bebés hebreus (no livro do Êxodo, salvando a vida de Moisés). São do mesmo templo que Stanislawa Leszcynska, a parteira de Auschwitz, que ajudava os bebés em pleno coração da cultura da morte.
Mary e Concepta são parteiras e supervisoras de parteiras em Glasgow (Escócia), são católicas e negaram-se a ter nada que ver com fazer abortos.
Nada.
Nem a dar informação ao médico sobre as pacientes que abortavam ou queriam abortar.
Nem a designar pessoal que se encarregasse de facilitar materiais para o aborto.
Nem a acompanhar os obstetras nas rondas médicas que tivessem que ver com um aborto.
Nem a cobrir substituições que implicassem atender a uma mulher que pedia um aborto.
Refugiavam-se no seu direito à objecção de consciência recolhido na Lei do Aborto britânica de 1967. Negaram-se a que o Serviço Nacional de Saúde e o Hospital Geral do Sul de Glasgow lhes pudesse obrigar a realizar essas actividades.
Perderam o primeiro julgamento, sem render-se
O Serviço de Saúde de Glasgow as levou aos tribunais, e em Fevereiro a juiz Smith determinou que essas actividades "não acabam com a gravidez de uma mulher" e que não podiam objectar a elas porque estavam "suficientemente afastadas da implicação directa". A imprensa pró-aborto saudou com alegria o resultado.
Mas quem decide que é o "suficientemente longe"? O debate na imprensa ressoou com força. Muitos entendiam que elas se sentiam como o condutor dos trens a Auschwitz: no queriam participar, nem sequer indirectamente!
O advogado das parteiras tinha-o claro: a "linha divisória" não a deve por um burocrata com respeito há significados literais, mas sim a consciência do individuo, dado que se trata de objectar em consciência aquilo que causa uma profunda repugnância moral.
Vitória no tribunal de apelações
Com estes argumentos (e esgrimindo uns acordos laborais que firmaram em 2007) as parteiras levaram a sentença a revisão. E os três juízes deram-lhes a razão, apesar de que o advogado das autoridades sanitárias repetiu-lhes que dar a razão a estas duas mulheres traria problemas de gestão do aborto "em outros hospitais, não só da Escócia mas sim de todo o Reino Unido".
Mas os juízes consideraram que os problemas de gestão não eram assunto seu, mas sim que deviam proteger um direito básico, como é a objecção de consciência. A juíza Dorrian afirmou que este direito existe "porque se reconhece que o processo do aborto é sentido por muitos como moralmente repugnante" e acrescentou que o direito a objectar estende-se "não só ao acto médico o cirúrgico em si, mas sim a todo o processo de tratamento dado com esse propósito".
Duas mulheres perseverantes
Assim, a senhora Doogan, com os seus 58 anos, e a senhora Wood, com 52, ambas com um historial inumerável de bebés nos seus braços, puseram de joelhos o sistema abortista no Reino Unido, por senti-lo "moralmente repugnante" (em palavras da juiz Dorrian), depois de muitos meses de suportar uma dura campanha mediática contra elas, acusando-as de "insensíveis", "fanáticas" e, sobretudo, de "católicas".
As duas parteiras emitiram uma nota declarando-se "encantadas" por ter ganhado o julgamento.
Mary Doogan, a outra parteira tenaz |
"Este julgamento dá a boas-vindas à afirmação dos direitos de todas as parteiras de retirar-se de qualquer prática que possa violar a sua consciência, algo que, com o tempo, impediria a muitas de entrar no que sempre se considerou uma profissão nobre e gratificante", declararam.
Um alívio para todos os sanitários
Paul Tully, do grupo pró vida SPUC, declarou que se tratava de uma "tremenda vitória" das duas mulheres. "É um grande alívio para todas as parteiras, enfermeiras e doutores que possam ser pressionados para que supervisionassem procedimentos abortivos e que se perguntavam se a lei lhes permitia rejeitá-lo", assegura.
O bispo anima à objecção
Philip Tartaglia, o arcebispo de Glasgow, onde 30% da população é católica, também mostrou a sua alegria. "É uma vitória da liberdade de consciência e do sentido comum. Respeitar a liberdade de consciência é a marca própria de uma sociedade civilizada", assegurou.
"Espero que muitos profissionais da saúde pró-vida ganhem coragem a partir desta sentença e tenham o valor de expressar as suas objecções quando lhes peçam tarefas que são moralmente más e que violam a sua consciência", acrescentou o bispo. "As parteiras devem ser louvadas pela sua valentia e determinação ao plantar-se frente a um pedido injusto do seu empregador".
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