Catequese para toda a família
Madrid,
Os pais, mesmo aqueles que estudaram para, teoricamente,
ensinar determinadas áreas do conhecimento em um centro educativo, não
necessariamente têm a habilidade de ajudar os próprios filhos e alunos a
amadurecer.
Pode-se ter, ou não, a disposição adequada para ser pai ou docente.
Mas ela não vem, nem pode vir, da natureza ou dos diplomas. Ter vocação
é assunto muito mais sério, que não pode ser encarado superficialmente.
Ser colaboradores de Deus para ajudar e formar a sua obra mais
perfeita, que é o ser humano, não é nenhuma brincadeira.
Por mais que pensemos que os filhos e alunos de hoje vão se formando
sozinhos com a ajuda de amigos e do ambiente, com o passar dos anos, com
as diversas realidades e problemas que eles têm de encarar e resolver,
isto não é suficiente.
Não basta que os educadores, pais e docentes coloquem diante dos
jovens uma série de conteúdos para que eles consigam, através do esforço
e da constância, do estudo e da aprendizagem, os frutos e as
habilidades que os capacitam para enfrentar com sucesso as múltiplas
situações da vida.
A pessoa humana exige ser considerada na sua dimensão relacional, na
sua necessidade de se perguntar sobre as finalidades, sobre o sentido
supremo daquilo que ela vive, da transcendência. A pessoa humana não
pode deixar em segundo plano, e muito menos excluir, os factores que
explicam a realidade e a dotam de sentido; a origem e a explicação desta
ou daquela manifestação natural, artística ou espiritual. Precisamos
conhecer, saborear e desfrutar da realidade.
A possibilidade de ir amadurecendo, portanto, nasce do fato de sermos
capazes de assombro, de questionamento e de reconhecimento da realidade
como dotada de significado. Não achamos suficiente viver sem
interpretar adequadamente o que somos, o que fazemos e o que vivemos.
Podemos estar imersos em uma experiência, mas, no fundo, estamos
perdidos e insatisfeitos porque não somos protagonistas de uma vivência
intensa.
Se queremos educar filhos e alunos, precisamos considerar se optamos
por um monólogo, por um movimento unidirecional, ou por algo totalmente
diferente, dinâmico e enriquecedor. Se tratamos os nossos educandos como
sujeitos de prémios e castigos, como se fossem animais, não podemos
estranhar se depois eles se comportarem como tais, sem um desejo do bem
como bem em si.
É preciso correr um risco educativo, o da necessária confrontação com
a verdade e com a experiência. A minha também, como pai e como
educador. Não se trata apenas de uma aproximação entre alguém que exerce
uma autoridade magisterial e outro alguém que deseja obter
conhecimento; trata-se, antes, de um verdadeiro encontro humano.
Quem se considera um bom pai, educador e filho? Numa sociedade
carente de referências estáveis, que pretende que as crianças e
adolescentes queimem etapas, que enxerga a religião como um elemento
estranho e chato, que valoriza mais a conectividade do que o assombro e
mais os interesses pessoais do que a gratidão, é só através de um
encontro verdadeiramente humano que poderemos ajudar os nossos filhos e
educandos a crescer e amadurecer, e, ao mesmo tempo, ajudar a nós
mesmos.
in
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