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quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Saber poupar, é o desafio!

No próximo dia 31 de Outubro celebra-se o Dia Mundial da Poupança. Que ousadia falar em poupança em tempos de crise financeira! Mas, é justamente em alturas críticas que somos obrigados a tomar consciência do resultado das nossas atitudes. Pensar em “poupança” leva-nos a estar alerta sobre o modo como consumimos, como gastamos os recursos. Dizem-nos que já hoje consumimos mais do que o planeta tem condições de repor e isso é alarmante.

É um facto que necessitamos consumir para a nossa sobrevivência e para o funcionamento da sociedade, mas como os recursos - e não só financeiros! - são escassos é indispensável que esse consumo não seja exagerado. Há que saber distinguir o desejado do necessário e é urgente reflectir sobre o desperdício. Apesar de vivermos numa sociedade consumista, a consciência ecológica tem aumentado muito e paralelamente aumentam os esforços de vários sectores da sociedade em alertar para um consumo consciente. Existem várias aplicações informáticas muito intuitivas e funcionais que se podem utilizar para fazer o planeamento e a gestão diária dos gastos. Para outros, podem ser interessantes os cursos, palestras e workshop sobre aspectos comuns do consumo familiar ou mais sofisticados para quem quer fazer investimentos. É, aliás, muito recomendável começar a aprender a gerir o dinheiro e os outros recursos desde tenra idade. E o que se propõe como orientação para que uma criança se torne um adulto consciente e com valores éticos face ao consumo versus poupança é também aplicável aos adultos. Em qualquer caso, para começar é importante conhecer o tipo de consumidor em causa. Os especialistas nestas matérias apontam vários tipos padrão consoante o modo habitual de comprar, desde o “consumista” que compra por impulso acumulando coisas de que não necessita até ao “compulsivo” que gasta desordenadamente sem conseguir controlar os gastos. E, claro, o que se pretende é chegar a ser o “consumidor consciente” que planeia os gastos, estabelece prioridades e compra de acordo com as reais necessidades e possibilidades. Concretizando: é imprescindível saber distinguir aquilo que compra porque “quer” daquilo que precisa; entender a importância de não desperdiçar recursos - alimentos, energia elétrica, água, telefone... e de não gastar dinheiro sem ter necessidade; saber esperar, poupando dia a dia, para obter o que deseja; estabelecer claramente a relação entre o que ganha - ou tem disponível - e o limite dos gastos e finalmente, muito importante, ter em consideração que a responsabilidade social e ética devem estar presentes no modo como ganha e o usa o dinheiro.

“Assegurar o futuro financeiro” é o tema para as celebrações deste ano. Parece contraditório que numa altura de instabilidade financeira se possa pensar em “amealhar” para o futuro, no entanto, alguns estudos mostram que é em períodos de crise que se registam os maiores índices de poupança. Para quem quer e pode “amealhar” encontrei esta preciosidade (!): os 7 Pecados Capitais do mercado financeiro. Veja se já cometeu algum: Gula - o investidor está sempre insatisfeito. Quer sempre mais e mais. Só pensa em comprar mesmo quando tudo indica que deveria vender. Luxuria - apaixonado pelos seus investimentos fica cego e surdo à ponderação da realidade. Avareza - é muito apegado aos seus investimentos, tenta a todo o custo evitar perdas, muitas vezes pequenas, de valor insignificante. Quando vem um “boom” perde parte dos seus investimentos. Ira - esquece que o mercado é “vivo” e às vezes é preciso um pouco de paciência para entendê-lo. Soberba - tem autoconfiança exagerada. Acha que sabe tudo. Não ouve opiniões nem conselhos. Vaidade - se  tem sucesso o mérito é dele, se tem um fracasso a culpa é do contexto ou do seu gestor. Preguiça - não cuida dos investimentos. Tem tendência para deixar as coisas como estão. Não estuda as melhores soluções.

Vale a pena reler o que o Papa João Paulo II, em 1991, escreveu na Carta encíclica Centesimus annus: «O fenómeno do consumismo mantém uma persistente orientação para o «ter» mais que para o «ser» [...] É necessário esforçar-se por construir «estilos de vida, nos quais a busca do verdadeiro, do belo e do bom, e a comunhão com os outros homens, em ordem ao crescimento comum, sejam os elementos que determinam as opções do consumo, da poupança e do investimento».

A autora escreve segundo a antiga ortografia.

Rosa Ventura



















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