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quarta-feira, 15 de maio de 2013

Nas raízes da esterilidade vocacional

O verdadeiro significado da recente reflexão do papa Francisco


Roma, 13 de Maio de 2013


Na última quarta-feira, 8 de Maio de 2013, houve uma reunião entre o papa Francisco e as participantes na Assembleia Plenária da União Internacional das Superioras Gerais. Uma reunião bastante aguardada, em que o papa fez um discurso tão simples quanto intenso, importante por ressaltar os aspectos peculiares da vida religiosa.

Na ocasião, o papa sublinhou a importância da fecundidade dos religiosos, o que, mesmo sem ser dito explicitamente, aparece como resposta a uma escassez generalizada de vocações, em especial nos territórios de antiga evangelização, como a Europa e a América. Essa escassez vocacional acarreta o fechamento de comunidades e, em alguns casos, até mesmo o fim de ordens ou congregações.

A reflexão do papa a este respeito é uma pista para identificarmos as raízes dessa esterilidade das vocações, já denunciada anteriormente, como fato alarmante, pelo cardeal Carlo Maria Martini, por exemplo. Neste sentido, pode contribuir a história de Santa Clara, a primeira mulher que escreveu uma regra para mulheres, aprovada com bula pontifícia pelo papa Inocêncio IV.

Clara de Assis, em sua regra, indica como pontos fundamentais do carisma confiado à comunidade a “máxima pobreza” e a “santíssima unidade”. É justamente quando faltam esses dois aspectos que um religioso e as comunidades se tornam estéreis.

A falta da “máxima pobreza” os torna rígidos, dogmáticos, apegados não só a lugares ou serviços, mas também às próprias ideias, e, por isso, basicamente incapazes de ser obedientes e dóceis ao "Espírito Santo, Senhor que dá a vida". A ausência da “santíssima unidade” se manifesta em conflitos contínuos, em falta de cooperação, em rivalidade e desperdício de energias, inclusive financeiras, em polarizações ao redor de coisas relativas, em dispersão "nos pensamentos do coração", em divisões, discussões inconclusivas, incapacidade de viver a eclesialidade.

E assim, de realidades e lugares com possibilidades de floração no Espírito Santo, sobra apenas um deserto estéril. Resta, no máximo, uma história, mais ou menos bonita; mosteiros, comunidades, paróquias e dioceses que gradualmente vão se parecendo mais com museus para cultores da arte sacra do que com lugares onde a vida nova do Cristo ressuscitado pode ser encontrada e nos quais é possível a opção concreta pela existência.



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