
Testemunho
Desde que o violento sismo de magnitude 7,7 atingiu Myanmar, a Catedral do Sagrado Coração, em Mandalay, perto do epicentro, tornou-se “um refúgio para as vítimas do terramoto, independentemente da etnia ou religião”, conta o padre Peter Kyi Maung. Para o vigário-geral daquela diocese, há assim um lado positivo na tragédia: “Este sofrimento também se tornou uma oportunidade para um profundo diálogo inter-religioso”.
Em declarações à agência Fides nesta segunda-feira, 7 de abril, o presbítero explicou que “os paroquianos têm trabalhado muito para aliviar o sofrimento das vítimas”, entre as quais se incluem cristãos, budistas, muçulmanos e hindus que ficaram sem as suas casas e estão a viver temporariamente no complexo da Catedral.
Inúmeros voluntários católicos têm estado a recolher e distribuir donativos por estas pessoas, nomeadamente alimentos, água, medicação e produtos de higiene. E o arcebispo de Mandalay, Marco Tin Win, desmultiplicou-se em viagens para “oferecer conforto ao falar e orar com os deslocados e doentes, a maioria deles budistas”.
Enquanto isso, a própria arquidiocese está ainda a avaliar os danos sofridos devido ao sismo. Cerca de 14 edifícios, incluindo igrejas, seminários e outras instalações da arquidiocese foram danificados.
“A Igreja de Nossa Senhora Auxiliadora, na cidade de Sagaing, a Igreja de Nossa Senhora de Lourdes, na cidade de Yamethin, e a Igreja dos Santos Joaquim e Ana, no município de Sint Kaing, desabaram. Das quarenta igrejas da diocese, essas três foram as mais afetadas. Entre as outras, todas apresentam rachaduras, pequenas ou grandes. Cerca de 25 igrejas não estão aptas para a celebração de liturgias com segurança. Além disso, o Seminário Intermediário na cidade de Mandalay também está muito danificado e o Seminário Menor em Pyin Oo Lwin tem rachaduras na estrutura do prédio”, adiantou o arcebispo de Mandalay ao Vatican News nesta terça-feira.
A Catedral, a residência e a reitoria do arcebispo, o Instituto Educacional São João Paulo, o Lar Madre Teresa para Doentes foram também afetados. “Mas mesmo neste caos terrível, ninguém se sente à mercê dos acontecimentos: sofremos juntos, consolamo-nos uns aos outros e rezamos juntos”, assegura Marco Tin Win. “Dirigi palavras de encorajamento às pessoas: Não tenham medo. Nós estamos aqui. O Senhor diz-nos: ‘Eu estarei contigo’”, relata. “O desastre – reforça o prelado – une as pessoas sem qualquer discriminação de etnia, fé ou classe social. Vejo as pessoas a apoiar-se umas às outras e a expressar cada vez mais solidariedade e caridade entre si. Tantas pessoas de boa vontade se colocaram ao serviço das vítimas… é um belo sinal”, observa.
Sem comentários:
Enviar um comentário