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quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

O desejo de Jesus

        Aproximava-se o dia de anos de Jesus. Maria e José perguntaram-lhe se lhe apetecia fazer algo diferente para festejar aquela data tão importante para os três. Que sim! Gostaria de visitar o lugar onde nascera. A época do ano não era muito propícia a viagens, mas S. José e Nossa Senhora gostavam de fazer sempre a vontade de Jesus. Enquanto Maria preparava algo de comer para o caminho, seu marido adiantava o trabalho e arreava o burrinho que devia transportar os mantimentos e algumas mantas para o frio.

       O dia estava bonito e Jesus aproveitava as pausas de descanso e das refeições para perguntar pormenores do seu nascimento. Aqueles que nós já conhecemos e Jesus também sabia.

       Chegados à gruta, nas proximidades de Belém, encontraram já algum gado no exterior e, lá dentro, algumas mantas e um par de sandálias, sinais de que alguém estaria por ali perto. De facto, logo se aperceberam de um vulto deitado no solo e de uns olhos temerosos. Com um gesto do dedo indicador sobre a boca uma mulher pediu silêncio enquanto mostrava um recém-nascido que dormia a seu lado. Pouco depois, chegou um homem, de nome Ocozias, trazendo numa mão uma vasilha de leite e, na outra, uma corda atrás da qual surgiu uma vaca. Assim que viu Jesus e seus pais caiu de joelhos, chorando de alegria.

       Ocozias deu-se a conhecer como um dos pastores que tinham vindo à gruta para adorar o Rei dos judeus. Já lá iam oito anos! Reconhecera Maria e José, mas admirava-se do porte e do tamanho de Jesus, da sua sabedoria, da sua graça... Disse-lhes que tinha o costume de visitar a gruta todos os anos para recordar aquele dia inesquecível. Logo que se apercebera da proximidade do parto da sua mulher, ansiava levá-la à gruta do “seu Senhor” onde ambos rezariam para encomendar o filho à proteção do Messias. E aí estava o Menino, tão crescido já, tão normal. Exatamente como há oito anos, mas sem o coro dos Anjos. Quem diria que era o próprio Deus? E o seu filho que nascera horas antes! Que alegria!

       Mostrou-lhes ainda alguns desenhos que fizera, numa penha recolhida da gruta para os proteger dos estragos do tempo. Eram toscos, de traços irregulares, distorcidos por alguma areia mais grossa que ficara sob o negro de fumo do pau meio queimado que servira para escrever.

       Jesus estava feliz. Ali estava o que procurava: a história do seu nascimento. Reconhecia-a, tal como os pais lhe tinham contado, naqueles desenhos e na criança recém-nascida que sua mãe acarinhava.

Jesus disse a Ocozias que estava muito contente por ter nascido, que tinha vindo ao mundo para salvar os homens, a ele e à sua família também. Acrescentou que os pais que cuidam e educam bem dos filhos os preparam para serem bons. Ocozias concordava e pediu ao Menino que os abençoasse aos três. Jesus ficou enternecido com quanto Ocozias lhe dizia e assegurou-lhe que seria abençoado por ensinar a verdade aos seus filhos.

       Ocozias pediu a José e Maria para passarem ali a noite com Jesus. Voltou a oferecer-lhes leite fresco da sua vaca e Maria ajudou Judite a cuidar do seu bebé. José abençoou os alimentos que partilharam. E assim passaram a noite com esta simplicidade e alegria. Não apareceram mais pastores, nem reis, nem anjos. Mas Jesus estava ali. Jesus está sempre para aqueles que O procuram.

Isabel Vasco Costa


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