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sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

Espiritualidade e espírito do Natal de onde vem?

A espiritualidade do Advento e Natal virá do yoga indiano, do reikismo, virá do budismo, de Osho, ou das muitas religiões que silenciam o Deus único ou não esperam dons da parte d’Ele? De todas essas práticas podem vir efeitos benéficos, proveitosos para a saúde, bem-estar e maturidade integral. Não esqueçamos que na procura de mais saúde e harmonia integral podem estar ativos muitos fatores. Desde que sejam ativados com vontade sincera de melhorar integralmente o próprio viver e de se abrir para o relacionamento divino que se revela para darmos passos de mais realização consistente e solidária com cada pessoa. Todo o bem vem do Deus de bondade.

Contudo, penso que podemos começar por ir à descoberta do sentido real do espiritual. A família dos termos espiritual, espiritualidade, espiritualmente, nascimento espiritual e crescimento espiritual, maturidade espiritual da pessoa e outras expressões deste grupo têm sido investigadas desde há milénios por muitos crentes e estudiosos do seu sentido fundamental e etimológico. A sua raiz fundamental antiga não pode ser cancelada com ligeireza. Não podemos esquecer a palavra sopro divino, spiritus, pneuma em grego, e ruah em hebraico. Esta aparecerá 350 vezes no Antigo Testamento. Significa vento, sopro, alento, vida e no Novo Testamento, também, Espírito Santo, revelação e criação de Deus, principalmente na criação do homem, como está no livro do Gêneses.

No Evangelho de S. Lucas, logo nos primeiros capítulos, também se torna mais claro o sentido de espiritual. O anjo Gabriel diz a Maria: o Espírito Santo virá sobre ti e conceberás e darás à luz o Filho do Altíssimo, o Filho de Deus. Na sua visitação a Isabel, esta, «cheia do Espírito Santo», diz a Maria sua prima: «bendita és tu porque acreditaste…». Ao passo que na Apresentação do Menino Jesus no templo, Lucas diz que o ancião Simeão «veio ao templo movido pelo Espírito» E bendisse ao Senhor por ter chegado ao tempo do Messias, Menino Jesus. No capítulo 4 Jesus voltou do batismo no Jordão onde o Espírito desceu sobre Ele sob a figura visível de pomba. E Lucas continua a narrar que Jesus, «cheio do Espírito Santo» foi conduzido no Espírito pelo deserto» onde deu as três respostas bem espirituais com que derrotou o diabo tentador.

Numa palavra Jesus, Filho de Deus Incarnado, vive em relação espiritual com o Espírito Santo. E não só. E na sinagoga de Nazaré Ele mesmo proclama: «o Espírito do Senhor está sobre mim», e logo proclama a sua missão de vir anunciar a boa nova aos pobres. Maria Virgem, saudada pelo anjo a cheia de graça e esclarecida que vai conceber Jesus pela ação espiritual do Espírito Santo é a Mulher espiritual por esta relação com o Espírito Santo. Ao passo que Santa Isabel, inspirada pela revelação do Espírito, bendiz a Virgem Maria por ter acreditado na palavra do Senhor. Neste tempo do Advento e do Natal, estas narrativas como que imergem os crentes no Natal de Jesus Cristo, num sopro relacional de inspiração e revelação, impregnado de espiritualidade soprada pelo Espírito Santo, a terceira pessoa da Santíssima Trindade, como nos é revelada. Em pleno Advento somos despertados no dia 8 para a celebração da Virgem Maria, a Imaculada Conceição, nos 170 anos da proclamação deste dogma, em 1954, da plena relação espiritual de Maria com as três Pessoas da Santíssima Trindade. Nossa Senhora confirmou este dogma da sua plena relação com Deus por diversas vezes nas suas aparições. Uma delas foi em 1830, na rua do Bac em Paris quando mostrou o desenho da medalha milagrosa a Catarina Labouré com a invocação inscrita: «Oh Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós»; a outra foi em Lurdes em 25 de março de 1858, quando Nossa Senhora disse a Bernardete quem era: «eu sou a Imaculada Conceição». O Advento convida a meditar no sentido da relação espiritual com a revelação principal da realidade do Natal do nascimento do Emanuel, Deus com os homens, (“Emanu" e "El”), nome de Deus em hebraico). Se Deus está conosco, S. Nicolau de Mira (6 de dezembro, século IV), Muito caridoso para crianças, pobres e os que se iam casar, a quem oferecia presentes, chamado mais tarde Pai Natal, ou Klaus, merece ser outro modelo espiritual do Natal e não apenas fantoche de jogos e brincadeiras.

Pe. Aires Gameiro

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