Durante a Idade Média, os filósofos gregos e a moral cristã foram a via possível e edificante, de formar o saber pensar, no Ocidente. Com as Ideias de Bem em Platão e as linhas Éticas de Aristóteles, aliadas às qualidades imprescindíveis para progredir, as chamadas Virtudes no agir – Prudência, Justiça, Fortaleza e Temperança –, estava traçado o plano de desenvolvimento e aperfeiçoamento do ser humano.
Na chegada do cristianismo todas estas qualidades filosóficas se mantiveram, porém foram enriquecidas, aperfeiçoadas e revestidas dum caracter divino, centrado na Pessoa de Jesus Cristo, perfeito Deus e perfeito Homem. Todos os Seus ensinamentos se conjugaram para recordar à humanidade que foi criada para seguir um caminho de salvação e de amor - Eu sou o Caminho, A Verdade e a Vida.
Santo Agostinho e S. Tomás de Aquino, os grandes filósofos e doutores da Igreja, deram-nos a beleza da harmonia entre a Fé e a Razão, numa simbiose teológica e filosófica ímpar.
A Idade Média com o seu empenho e laboriosidade luminosa, criou as Universidades na Europa, construiu Catedrais magnânimas, fez pinturas e esculturas duma beleza transcendente. A Música foi um expoente de eloquência tão humana quanto divina e a Matemática progrediu em paralelo com outras áreas complementares.
Mas também houve muita força e empenho na defesa de um património humano, que corria o perigo de ser suplantado, senão destruído, por outros hábitos, outros costumes, outras tendências. E houve pestes mortíferas, flagelos terríveis, com incêndios e fomes de permeio. Mas a tudo, este continente sobreviveu e floresceu, ancorado na sua Fé, com objectivos terrenos e propósitos divinos bem definidos.
Algumas trevas pairaram, mas estes dez séculos foram extraordinariamente positivos, para a humanidade, em todas as áreas do saber, do agir e do Ser.
Porém, os valores desta cultura ocidental alicerçados em séculos e séculos, foram sendo paulatinamente abalados do século XVI ao XVIII, com alguns “livres-pensadores” e fortemente contestados no século XIX, por Marx, Nietzsche e Freud – os mestres da suspeita, aos quais se podem acrescentar algumas ideias mais revolucionárias, anarquistas, etc. Também as teorias de Darwin ou o seu distorcido aproveitamento, puseram em causa alguma estabilidade antropológica.
O Positivismo de August Comte ou a crença cega de que a Ciência iria dar resposta a todos os males da humanidade, levou o século XX a acalentar o sonho dum mundo sem Deus e sem valores que, como todos sabemos, deu origem ao maior inferno perpectuado na história da humanidade. Guerras, extermínios, perseguições e totalitarismos.
Gerou-se um vazio axiológico ou ausência de valores, acrescido do enfraquecimento da capacidade crítica, que facilmente conduz à manipulação dos indivíduos e gera a indiferença e o descomprometimento político-social face ao isolamento, ao egoísmo e à defesa do património comum.
Se os valores são a forma mais humana de se ser Homem, conferindo-lhe um dom e uma capacidade de saber e querer crescer, aperfeiçoar-se e ser algo mais, a sua ausência conduz, inevitavelmente, à sua degradação e, naturalmente, ao campo das maiores perversidades face à nossa natureza.
Maria Susana Mexia
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