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quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Turquia afirma que o reconhecimento do “genocídio arménio” pelos EUA “não tem valor”

 | 1 Nov 19

Médicos arménios enforcados por soldados otomanos em 1916


O Presidente turco, Recep Tayyip Erdoğan, afirmou não reconhecer a decisão dos EUA em declararem como genocídio a morte em massa de pelo menos um milhão de arménios entre 1915 e 1923. Num discurso perante membros do seu partido em Ancara, capital da Turquia, Erdoğan disse: “Dirijo-me ao público norte-americano e ao resto do mundo: essa medida não tem valor, nós não a reconhecemos.” Citado pela Renascença, esta foi a forma que o Presidente turco escolhgeu para responder à Câmara dos Representantes dos EUA, que declarou terça-feira, 29 de Outubro, o reconhecimento do “genocídio arménio” cometido pelo Império Otomano, antecessor da Turquia.

A câmara baixa do Congresso dos Estados Unidos aprovou um texto, por maioria, no qual se diz que devem ser rejeitadas as tentativas “de associar o Governo dos Estados Unidos à negação do genocídio arménio” e que as pessoas devem ser informadas sobre esses acontecimentos do final e pós-I Guerra Mundial.

O “genocídio arménio” (ou Medz Yeghern, grande crime, provocou a morte de pelo menos 800 mil pessoas, nos cálculos mais baixos, mas pode ter chegado a 1,5 milhões, assassinadas por tropas do Império Otomano, na altura aliado da Alemanha e da Áustria-Hungria. O genocídio já foi recinhecido como tal por 30 países.

A Turquia recusa o uso do termo “genocídio”, defendendo-se com massacres recíprocos durante a guerra e a fome que se lhe sucedeu e que provocaram centenas de milhares de mortos em ambos os lados. Na sequência do reconhecimento da Câmara dos Representantes dos EUA, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Turquia reagiu negativamente na noite da própria terça-feira, “condenando veementemente” um “ato político sem sentido”, tendo como “únicos destinatários o lobby arménio e grupos anti-turcos”.

Na quarta-feira, o Ministério dos Negócios Estrangeiros turco convocou o embaixador dos Estados Unidos em Ancara para protestar contra a decisão “desprovida de base jurídica ou histórica tomada pela Câmara dos Representantes”.  






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