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quinta-feira, 29 de novembro de 2018

O meu, o seu, o nosso caminho

E agora o fim está próximo
Então eu encaro a cortina final
Meu amigo, eu vou falar claro
Eu irei expor meu caso do qual tenho certeza


Estes versos são uma tradução livre do início da letra da canção “My Way”, imortalizada na voz de Frank Sinatra. Trata-se de um balanço de vida, de alguém que se aproxima do fim. A música é de fato muito bonita e a maioria das pessoas no Brasil a entoa como algo romântico, sem ter ideia do contexto. Conheci uma pessoa que casou ao som desta música, cuja letra está mais para reclame de pau d´água em fim de feira do que para o sacramento sublime do casamento.

Dias atrás, lendo a obra “Poder global e religião universal”, passei a suspeitar que esta relação enganadora de letra e música pode estar se repetindo num casamento muito particular: o da humanidade com seu futuro. E ela, a humanidade, pode estar cantando, enlevada pela sedução da música, uma letra que sequer suspeita. Casualmente, naquela mesma semana, conversei sobre Natal com uma pessoa que se revelou nada crente na divindade de Cristo. Semicerrando um dos olhos, franzindo o nariz, comprimindo os lábios e balançando a cabeça, teve o dom de colocar tudo sob suspeição. Depois me disse que não acreditava nos milagres, na concepção virginal e muito menos na Ressurreição, atribuindo tudo à arte da mistificação.

Devo confessar que sempre me surpreende a apostasia, ainda que dissimulada e lenta, de nosso tempo. Apostasia que encontra nos incautos a convicção de que tudo que é antigo deve ser atualizado, deitando por terra o que foi professado pelos homens da história antiga. Negando tudo que aos homens da Idade Média serviu, reprovando a pregação imanente da história moderna. Como se a modernidade e seus avanços tecnológicos fossem um antídoto para os valores transcendentes e imutáveis que nos foram transmitidos pela Revelação. Como se a fé e a inteligência fossem coisas inconciliáveis. Como se ela, a fé, fosse o produto número um da ignorância e das trevas do conhecimento, à espera da degola pelo alfanje da razão.

Como Ulisses, é preciso que os homens de hoje se amarrem no mastro da nau cristã para não se deixarem seduzir pelas sereias do indiferentismo religioso, do panteísmo redivivo, da religião sem dogmas, do relativismo, do sincretismo religioso, do igualitarismo, do paganismo, do moralismo político e da ditadura do politicamente correto, que nos leva à covardia de “nas decisões de consciência preferir a boa fama, ou a segurança do trabalho estável, ou o ganho político”, como escreveu Spaemann em “La perversa teoria del fin bueno”.

Chegamos a tal ponto que a espécie humana já foi até mesmo denominada parasita da Terra, afirmação esta que tenta subverter a ordem da Criação. Como pode ser parasita a criatura feita à imagem e semelhança de Deus? Há quem suspeite que nada disto acontece gratuitamente. Haveria uma orquestração mundial que - com o objetivo de legalizar o aborto, a eutanásia, a perspectiva de género e outros tópicos contrários à verdade cristã,- estimularia a construção de outra igreja, uma caricatura a serviço da Nova Ordem Mundial. Uma religião a serviço do poder, tremulando a bandeira de uma nova ética global que será o alicerce de um projeto político de dominação mundial, sob o mantra de que devem ser combatidos o fanatismo e a intolerância.

A essência deste drama, que já estamos vivendo, é a condução da humanidade ao patamar raso em que viverá, como se Deus não existisse. O pragmatismo do controle populacional terá a motivação de gerar adultos saudáveis e produtivos, mascarando uma eugenia digna do nazismo.


Doentes crónicos ou portadores de síndromes terão consultas, medicamentos e cuidados diminuídos. Como disse Hiroshi Nakajima, então diretor geral da Organização Mundial da Saúde, “a ética judaico-cristã não poderá ser aplicada no futuro”. O plano da Nova Ordem Mundial está em curso e representa o maior perigo para a Igreja desde o século IV, quando, segundo São Jerónimo, “o mundo dormiu cristão e, com um gemido, acordou ariano”.

O Natal é um belo momento para lembrar aos homens seu tesouro maior, o Menino Jesus, adorado na manjedoura, símbolo de humildade que aos soberbos intriga. É hora de deixar os símbolos  pagãos de lado e de prestar mais atenção na letra que cantamos e não apenas na música que inebria.

J. B. Teixeira



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