Este ano foi imposto às escolas a chamada “estratégia
Nacional de Educação para a Cidadania” cujos princípios gerais, atrevo-me
afirmar, são de concordância geral, pois apela a fomentar uma atitude cívica
Individual, desenvolver o relacionamento interpessoal e o respeito pelas
diferenças culturais numa época em que a migração tem sofrido um considerável
desenvolvimento.
O referido documento analisa a situação atual da
sociedade, nomeadamente lembra o constante desenvolvimento das novas
tecnologia, o crescimento exponencial de informação global, bem como a
acentuada “desigualdade no acesso aos direitos fundamentais”. São ainda,
referidas as dramáticas alterações climáticas, o crescimento de extremismos, “as
acentuadas desigualdades no acesso de bens” desembocando em gravíssimas crises
humanitárias.
Este projeto estabelece a criação da Educação para a
cidadania desde a Educação pré-escolar até ao final da escolaridade
obrigatória: “A disciplina de Cidadania e Desenvolvimento faz parte das
componentes do currículo nacional e é desenvolvida nas escolas segundo três
abordagens complementares: natureza transdisciplinar no 1.º ciclo do ensino
básico, disciplina autónoma no 2º e no 3º ciclos do ensino básico e componente
do currículo desenvolvida transversalmente com o contributo de todas as
disciplinas e componentes de formação no ensino secundário.”
Foram organizados três grupos temáticos: Um primeiro
obrigatório para todos os níveis e ciclos de escolaridade pois segundo os
promotores deste projecto “tratam-se de áreas transversais e longitudinais”, o
segundo com aplicação em dois ciclos do ensino básico e um terceiro grupo com
aplicação opcional em qualquer ano de escolaridade. No primeiro grupo está a “Igualdade
de Género” com o objetivo de incutir a igualdade de direitos e deveres
independentemente do “género”, nunca é usado o termo sexo e também pelo que li,
não faz referência a que essa igualdade advém de sermos pessoas humanas, não
tendo nada a ver com o facto de ser feminino ou masculino.
No segundo grupo encontra-se o tema da sexualidade
tema este que deve, na minha opinião, ser abordado na esfera familiar, mas
bastante grave é obrigar um docente a leccionar um tema mesmo que este não
concorde nos moldes em que é imposto. Um professor de História, de Matemática,
informática e de outras áreas afim, quando escolheu ser docente nunca pensou
ser obrigado a leccionar um tema destes! Sobre este último tema o único
objetivo é a prevenção nas relações sexuais devido à transmissão de doenças as
infecções sexualmente transmissíveis tais como a SIDA e a ocorrência de uma
gravidez prematura como pode ser lido no site http://www.dge.mec.pt/afetos-e-educacao-para-sexualidade.
Não havendo qualquer referência à sexualidade como manifestação de amor entre
duas pessoas que se abrem a uma nova vida e que decidiram formar uma família. Apesar
de teoricamente vivermos numa democracia, nunca me senti como docente tão
violentada impingindo-nos linhas de pensamento que nada têm de verdadeiras e
apenas vão ao encontro de interesses económicos, nomeadamente da indústria
farmacêutica.
Finalmente os promotores deste projeto partem de
vários prossupostos entre os quais a existência de uma formação adequada a
todos os docentes (quer na formação inicial quer em formação continua) e ainda,
que o professor desta disciplina ”Deve sentir-se motivado para desempenhar a tarefa, sem imposição
superior”
Quanto ao último parágrafo nada foi
realizado nesse sentido. O documento chegou tardiamente às escolas – em Julho
deste ano – os directores, fazendo o seu melhor nas circunstâncias em que se
viram confrontados, colocaram os docentes que melhor se ajustavam aos horários
(não podemos esquecer que os directores estão proibidos de atribuir horas
extraordinárias) e claro, não houve qualquer formação para docentes antes do
começo do ano letivo.
Maria
Guimarães
Professora
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