As palavras de Bento XVI no último dia de seu pontificado
Francisco e Bento 28.06.2016 © L'Osservatore Romano |
“Entre vós, entre o Colégio Cardinalício, está também o futuro Papa
ao qual já hoje prometo a minha reverência e obediência
incondicionadas”, disse Papa Bento XVI, no último dia de seu
pontificado, durante sua reunião com os cardeais prestes a entrar em
conclave para eleger seu sucessor, fevereiro 28, 2013, no último dia de
seu pontificado. Quatro anos depois, estas palavras constituem como uma
herança preciosa para os católicos do mundo.
Permaneçamos unidos
“Antes de vos saudar pessoalmente, desejo dizer-vos que continuarei a
estar convosco com a oração, especialmente nos próximos dias, a fim de
que sejais plenamente dóceis à acção do Espírito Santo na eleição do
novo Papa. Que o Senhor vos mostre o que Ele quer. E entre vós, entre o
Colégio Cardinalício, está também o futuro Papa ao qual já hoje prometo a
minha reverência e obediência incondicionadas. Portanto, com afecto e
reconhecimento, concedo-vos de coração a Bênção Apostólica.”
Ele também disse seus pensamentos sobre a Igreja, “corpo vivo,
animado pelo Espírito Santo” que “vive realmente pela força de Deus”,
citando Guardini: “Diz Guardini: A Igreja «não é uma instituição pensada
e construída sob um projecto…. mas uma realidade viva… Ela vive ao
longo do tempo, no futuro, como todos os seres vivos, transformando-se… E
no entanto na sua natureza permanece sempre a mesma, e o seu coração é
Cristo». Foi a nossa experiência, ontem, parece-me, na Praça: ver que a
Igreja é um corpo vivo, animado pelo Espírito Santo e vive realmente
pela força de Deus. Ela está no mundo, mas não é do mundo: é de Deus, de
Cristo, do Espírito. Vimos isto ontem. Por isso é verdadeira e
eloquente também outra famosa expressão de Guardini: «A Igreja desperta
nas almas». A Igreja vive, cresce e desperta nas almas, que — como a
Virgem Maria — acolheram a Palavra de Deus e a conceberam por obra do
Espírito Santo; oferecem a Deus a própria carne e, precisamente na sua
pobreza e humildade, tornam-se capazes de gerar Cristo hoje no mundo.
Através da Igreja, o Mistério da Encarnação permanece para sempre
presente. Cristo continua a caminhar através dos tempos e em todos os
lugares.”
Ele chamou os cardeais para a unidade: “Permaneçamos unidos, queridos
Irmãos, neste Mistério: na oração, especialmente na Eucaristia
quotidiana, e assim servimos a Igreja e a humanidade inteira. Esta é a
nossa alegria, que ninguém nos pode tirar.”
Sou simplesmente um peregrino
Nila breve saudaçao do balcão central do Palácio apostólico de Castel
Gandolfo, naquela noite, antes de entrar em um silêncio monástico, Papa
Bento XVI disse “obrigado” seis vezes: “Obrigado! Obrigado a todos vós!
Queridos amigos, sinto-me feliz por estar convosco, rodeado pela beleza
da criação e pela vossa simpatia, que me faz muito bem. Obrigado pela
vossa amizade, o vosso afecto!”
Ele continuou: “Sabeis que este meu dia é diferente dos anteriores.
Já não sou Sumo Pontífice da Igreja Católica: até às oito horas da
tarde, ainda o sou; depois já não. Sou simplesmente um peregrino que
inicia a última etapa da sua peregrinação nesta terra.”
Então, ele acrescentou: “Mas quero ainda, com o meu coração, o meu
amor, com a minha oração, a minha reflexão, com todas as minhas forças
interiores, trabalhar para o bem comum, o bem da Igreja e da humanidade.
E sinto-me muito apoiado pela vossa simpatia. Unidos ao Senhor, vamos
para diante a bem da Igreja e do mundo. Obrigado!”
“Agora, de todo o coração, dou-vos a minha Bênção: «Abençoe-vos Deus
todo-poderoso, Pai, Filho e Espírito Santo». Obrigado! Boa noite!
Obrigado a todos vós!”, concluiu o Papa.
in
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