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sábado, 7 de maio de 2016

Papa: ‘O grito de Jesus é o antídoto para a indiferença’

Na vigília “Enxugar as lágrimas”, o Santo Padre ouve comovedores testemunhos, reza pelos males do mundo e lembra que a oração é o verdadeiro remédio para o nosso sofrimento

Francisco aos pés da relíquia de Nossa Senhora das Lágrimas de Siracusa
Precisamos da misericórdia, do consolo que vem do Senhor. Todos precisamos; é a nossa pobreza, mas também a nossa grandeza: invocar o consolo de Deus, que com a sua ternura vem secar as lágrimas dos nossos olhos. Assim disse o Papa Francisco na sua pregação depois dos emocionantes testemunhos que protagonizaram a vigília “Enxugar as lágrimas” na Basílica de São Pedro, celebrada no âmbito do Ano Jubilar referindo-se à uma das obras de misericórdia ‘consolar o triste’.

A família Pellegrino foi tocado pelo drama do suicídio de um filho de 15 anos. A história de Felix Qaiser, refugiado político, jornalista paquistanês católico que fugiu para a Itália para proteger a sua família. Maurizio Fratamico com seu irmão gémeo Enzo, cuja conversão marca a história de Maurizio, que sendo com grande sucesso trabalhador turístico perdeu o sentido da vida e que agora o encontrou de novo.

O Santo Padre quis recorda também que nos momentos de tristeza, no sofrimento da doença, na angústia da perseguição e na dor pela morte de um ser querido, “todo o mundo procura uma palavra de consolo”. Sentimos uma grande necessidade de que alguém esteja próximo e sinta compaixão de nós, esclareceu. Garantindo que a razão por si só não é capaz de iluminar o nosso interior, de compreender a dor que experimentamos e dar a resposta que esperamos, nesses momentos “é quando mais precisamos das razões do coração, as únicas que podem ajudar-nos a entender o mistério que envolve a nossa solidão”.

Sobre isso observou “quantas lágrimas se derramam a cada momento no mundo; cada uma diferente das outras” que “juntas formam como que um oceano de desolação, que implora piedade, compaixão, consolo”. As mais amargas – advertiu – são as provocadas pela maldade humana.

O Pontífice afirmou que nesse sofrimento “não estamos sozinhos”. Jesus também “experimentou uma profunda emoção e chorou” quando morreu Lázaro. A respeito, o Santo Padre observou que esta descrição do Evangelho “mostra como Jesus se une à dor dos seus amigos compartilhando o seu sofrimento”. Lágrimas que ao longo dos séculos “lavou muitas almas, aliviou muitas feridas”.

Também recordou aos presentes que “se Deus chorou, também eu posso chorar sabendo que sou compreendido”. O choro de Jesus – acrescentou – é o antídoto contra a indiferença diante do sofrimento dos meus irmãos.

O Santo Padre explicou que esse choro “ensina a sentir como própria a dor dos demais, a fazer-me partícipe do sofrimento e das dificuldades das pessoas que vivem nas situações mais dolorosas”. E acrescentou: “me provoca para que sinta a tristeza e o desespero daqueles aos quais foi tirado até mesmo o corpo dos seus seres queridos, e já não encontram nenhum lugar onde achar consolo”.

A oração – continuou o Santo Padre – é o verdadeiro remédio para o nosso sofrimento. A ternura do olhar de Deus “nos consola, a força da sua palavra nos sustenta, infundindo esperança”. Nesta mesma linha destacou que “o amor de Deus derramado nos nossos corações nos permite afirmar que quando se ama nada nem ninguém nos afastará das pessoas que amamos”.

Para finalizar, indicou que a Mãe de Jesus, com o seu manto “enxuga as nossas lágrimas”. Com a sua mão “nos ajuda a levantar-nos e nos acompanha no caminho da esperança”.

Em seguida, os presentes escreveram em um papel uma intenção de oração que foi depositada em umas cestas e entregues no altar para que se unam simbolicamente à oração universal dos fieis.


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