Discurso do Santo Padre Francisco na cerimónia de boas vindas neste sábado
Havana,
20 de Setembro de 2015
(ZENIT.org)
Senhor Presidente,
Distintas Autoridades,
Irmãos no Episcopado,
Senhoras e Senhores!
Distintas Autoridades,
Irmãos no Episcopado,
Senhoras e Senhores!
Muito obrigado, Senhor Presidente, pela sua recepção e pelas suas
amáveis palavras de boas-vindas, em nome do Governo e de todo o povo
cubano. A minha saudação estende-se também às autoridades e aos membros
do Corpo Diplomático que tiveram a amabilidade de participar neste acto.
Agradeço pela sua fraterna recepção ao Cardeal Jaime Ortega y
Alamino, Arcebispo de Havana, a D. Dionisio Guillermo García Ibáñez,
Arcebispo de Santiago de Cuba e Presidente da Conferência Episcopal, aos
outros bispos e a todo o povo cubano.
Obrigado a todos os que se prodigaram na preparação desta visita
pastoral. E queria pedir-lhe, Senhor Presidente, para transmitir os meus
sentimentos de especial consideração e respeito ao seu irmão Fidel.
Além disso gostaria que a minha saudação chegasse de forma especial a
todas aquelas pessoas que, por diferentes motivos, não poderei encontrar
e a todos os cubanos espalhados pelo mundo.
Como o Senhor Presidente sublinhou, neste ano de 2015, celebra-se o
octogésimo aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas
ininterruptas entre a República de Cuba e a Santa Sé. A Providência
permitiu-me chegar hoje a esta amada nação, seguindo os passos
indeléveis do caminho aberto pelas memoráveis viagens apostólicas feitas
a esta Ilha pelos meus dois predecessores, São João Paulo II e Bento
XVI. Sei que a sua lembrança desperta gratidão e afecto no povo e nas
autoridades de Cuba. Hoje renovamos estes laços de cooperação e amizade,
para que a Igreja continue a acompanhar e encorajar o povo cubano nas
suas esperanças, nas suas preocupações, com liberdade e todos os meios
necessários para levar o anúncio do Reino até às periferias existenciais
da sociedade.
Além disso, esta viagem apostólica coincide com o I centenário da
declaração da Virgem da Caridade do Cobre como Padroeira de Cuba, por
Bento XV. Foram os veteranos da Guerra da Independência que, movidos por
sentimentos de fé e patriotismo, pediram que a Virgem mambisa [cubana]
fosse a padroeira de Cuba enquanto nação livre e soberana. Desde então,
Ela acompanhou a história do povo cubano, sustentando a esperança que
preserva a dignidade das pessoas nas situações mais difíceis e
defendendo a promoção de tudo o que dignifica o ser humano. A sua
devoção crescente é um testemunho visível da presença da Virgem Maria na
alma do povo cubano. Durante estes dias, terei oportunidade de ir ao
Santuário do Cobre, como filho e como peregrino, rezar à nossa Mãe por
todos os seus filhos cubanos e por esta amada nação, para que caminhe
por sendas de justiça, paz, liberdade e reconciliação.
Geograficamente, Cuba é um arquipélago que abre para todas as rotas,
possuindo um valor extraordinário de «chave» entre norte e sul, entre
leste e oeste. A sua vocação natural é ser ponto de encontro para que
todos os povos se reúnam na amizade, como sonhou José Martí, «mais além
da língua dos istmos e da barreira dos mares» («A Conferência Monetária
das Repúblicas da América», em Obras escogidas II, Havana 1992, 505).
Este mesmo desejo, exprimiu-o São João Paulo II com o seu ardente apelo
para que «Cuba, com todas as suas magníficas possibilidades, se abra ao
mundo e o mundo se abra a Cuba» (Discurso na cerimónia de acolhimento,
21/1/1998, 5).
Desde há vários meses, temos sido testemunhas dum acontecimento que
nos enche de esperança: o processo de normalização das relações entre
dois povos, após anos de afastamento. É um processo, é um sinal da
vitória da cultura do encontro, do diálogo, do «sistema da valorização
universal (…) sobre o sistema, morto para sempre, de dinastia e de
grupos», dizia José Martí (obra citada). Encorajo os responsáveis
políticos a prosseguir por este caminho e a desenvolver todas as suas
potencialidades, como prova do alto serviço que são chamados a prestar
em favor da paz e do bem-estar dos seus povos e de toda a América, e
como exemplo de reconciliação para o mundo inteiro.O mundo precisa de
reconciliação, nesta atmosfera de III Guerra Mundial por etapas que
estamos a viver.
Coloco estes dias sob a intercessão da Virgem da Caridade do Cobre,
dos Beatos Olallo Valdés e José Lopéz Pieteira e do Venerável Félix
Varela, grande propagador do amor entre os cubanos e entre todos os
homens, para que aumentem os nossos laços de paz, solidariedade e
respeito mútuo.
Mais uma vez, muito obrigado, Senhor Presidente!
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(20 de Setembro de 2015) © Innovative Media Inc.
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